Com mandato até 2026, o empresário José Carlos Lyra de Andrade, presidente da Federação das Indústrias de Alagoas (FIEA), é o entrevistado do Movimento Econômico. Ele avaliou o panorama do setor industrial em Alagoas, assim como medidas recentes do governo Lula, o impacto da Reforma Tributária nos estados nordestinos e também falou sobre o trabalho da FIEA para o crescimento da indústria alagoana.
Lyra também avalia a relação do setor industrial com o Governo do Estado e lamentou a falta de prioridade da gestão estadual com os empresários da indústria alagoana.
Confira a entrevista:
Movimento Econômico: Alguns especialistas têm defendido que a Reforma Tributária prejudica os estados nordestinos, pois acabaria com os incentivos fiscais para atração de novas indústrias. Qual sua opinião sobre o impacto da reforma em Alagoas?
José Carlos Lyra: Não acho que a proposta traga prejuízo aos estados nordestinos. Ela terá impacto em muitos setores, mas tem pontos positivos que precisam ser ressaltados, como a simplificação tributária, que compensa a queda de incentivos.
ME: O Governo Federal lançou o programa Nova Indústria Brasil, que pretende impulsionar o setor no país até 2033. É uma medida importante para fortalecer o setor. Ele agrada ao setor industrial alagoano?
JCL: O programa Nova Indústria é um ação importante, destinada à expansão da capacidade e modernização do parque industrial brasileiro. Nós da FIEA estamos atuando de maneira forte para que as indústrias já instaladas se ampliem e se modernizem, e para atrairmos novos investimentos.
ME: O Rio Grande do Sul enfrenta severos problemas decorrentes das chuvas que devastaram o estado mês passado. Sabemos que as mudanças climáticas contribuíram para todo o processo no Sul do país, então como o setor industrial de Alagoas está debatendo políticas de preservação ambiental? Há ações sendo realizadas pela FIEA em conjunto com os governos estaduais e municipais?
JCL: Os projetos de preservação ambiental estão entre as nossas prioridades. Continuamente defendemos ações que contribuam para assegurar o meio ambiente, como a construção de barragens, forma de evitar as grandes enchentes, motivo da devastação que observamos.
ME: Como é a relação com o Governo do Estado na promoção de ações para desenvolvimento do setor industrial em Alagoas? A indústria é um dos setores mais importantes da economia alagoana, responsável por uma fatia considerável do PIB, então qual avaliação ou projetos tem sido desenvolvidos em parceria com o Executivo Estadual?
JCL: Com o governo anterior tivemos um grande trabalho em prol do desenvolvimento do setor industrial alagoano. Lamentavelmente, no atual, a industrialização não está sendo prioridade.
ME: Com relação à diversificação da indústria em Alagoas, como a FIEA avalia esse processo? Alagoas tem potencial para crescer e atrair indústrias de outros segmentos que não sejam de alimentos e da cadeia do plástico?
JCL: Alagoas tem sim potencial para seu desenvolvimento e atração de indústrias. Temos potencial para energias renováveis, que inclusive já estão em andamento, e a cadeia de móveis, com a produção de eucalipto e a perspectiva de implantação da Duratex. Nosso Estado pode se tornar um grande polo moveleiro, tendo a FIEA como incentivadora dessa implantação.
ME: A FIEA é uma instituição respeitada e com décadas de atuação em Alagoas. Qual avaliação o senhor faz da sua gestão? Há incentivos ou já existem núcleos para captar jovens empresários a se envolver com a defesa da indústria alagoana? Como anda esse movimento de captação da força jovem empresarial?
JCL: Temos sim investido na renovação dos sindicatos, no surgimento de lideranças jovens. Um exemplo é o Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Alagoas, comandado por jovens comprometidos em alavancar o setor leiteiro, e toda a cadeia produtiva alagoana.
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