Em busca de sustentabilidade, fazendas de energia solar crescem em AL

Alagoas possui mais de 28 mil conexões operacionais de energia solar em todos os municípios
Usina fotovoltaica Incoco
Parque industrial é abastecido 100% com energia solar no Litoral Sul de Alagoas. Foto: Incoco

A corrida por fontes de energias renováveis tem impulsionado o mercado em Alagoas, com o aumento de financiamentos para instalação de áreas extensas para produção de energia solar. O Banco do Nordeste informou que, somente nos três primeiros meses deste ano, houve um aumento de 55% nas contratações de financiamento para projetos de sustentabilidade ambiental.

O BNB estima financiar cerca de R$ 600 milhões em projetos de energias renováveis e outras atividades voltadas à preservação do meio ambiente em Alagoas no primeiro semestre de 2024. Segundo o superintendente estadual do BNB em Alagoas, Sidinei Reis, a instituição está observando uma tendência de crescimento de financiamentos de usinas de geração de energia solar.

“A demanda por esse tipo de financiamento vem crescendo. Muitas pessoas não têm área suficiente para implantação de placas fotovoltaicas, utilizadas para gerar a energia solar, ou por questão financeira, ou por outro motivo, estão alugando essa energia de usinas de energia solar”, afirma.

Sidinei destaca que os principais segmentos que estão contratando o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), por meio do Programa de Financiamento à Sustentabilidade Ambiental (FNE Verde) no estado são, além das pessoas físicas, os de infraestrutura, comércio, serviços e turismo. Este ano, os financiamentos realizados com essa fonte de crédito já beneficiaram atividades de hospedagem, alimentação, saúde e serviços médicos, telecomunicações, comércio varejista e usinas de geração de energia solar.

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o estado possui mais de 28 mil conexões operacionais de energia solar em telhados e pequenos terrenos, espalhadas pelos 102 municípios alagoanos. Em abril, a produção foi de 321 megawatts (MW) de potência instalada na geração própria de energia solar.

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Atualmente são mais de 43 mil consumidores de energia elétrica que já contam com redução na conta de luz, maior autonomia e confiabilidade elétrica. Desde 2012, a modalidade já proporcionou à Alagoas a atração de R$ 1,5 bilhão em investimentos, geração de mais de 9,6 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 400 milhões aos cofres públicos.

Energia solar reduz custos em indústrias e gera lucro

Em Feliz Deserto, no Litoral Sul de Alagoas, a energia solar tem sido utilizada para abastecer a fábrica de derivados de coco, a Incoco. Segundo o diretor Rodrigo Wanderley, a usina fotovoltaica fica em um anexo e possui capacidade de geração de 1,5 MW, o suficiente para abastecer, além da indústria, a casa de bombas de irrigação dos coqueiros e a estrutura agrícola. O projeto foi financiado pela linha de crédito especial do Banco do Nordeste e o excedente consegue atender até 150 consumidores, entre pequenas indústrias, estabelecimentos comerciais e residências na região.

“Apostamos neste segmento motivados pela possibilidade de nos tornarmos autossuficientes, produzindo uma energia limpa e eficiente. Desde muito cedo em nossa indústria alimentícia, buscamos trabalhar com mais eficiência e menos desperdícios, minimizando assim a geração de resíduos e os impactos ao meio ambiente. Assim, o investimento em energia fotovoltaica foi uma decisão lógica para nossa empresa. O que começou como uma busca para tornar nossa cadeia de produção cada vez mais sustentável e eficiente, transformou-se em mais um negócio economicamente viável dentro de nosso grupo”, explicou Rodrigo.

O empresário Danyel Alves também enxergou na produção de energia solar uma oportunidade de expandir seus negócios. Sua fazenda de energia fotovoltaica está em fase final de construção no município de Major Isidoro, região da bacia leiteira de Alagoas, em uma área de cinco hectares e com previsão de produção de 3MW.

Energia solar Major Isidoro
Em fase final de construção, área com 5 hectares produzirá energia solar na bacia leiteira de Alagoas. Foto: Arquivo pessoal

Cerca de 30% da energia produzida será utilizada para abastecer sua indústria e o excedente será vendido para o consumidor final, possibilitando uma margem de lucro de 2,5%.

“Eu decidi apostar na energia solar por ser uma fonte de energia limpa, que possibilita que eu gere emprego e renda nesta fase de construção de toda a estrutura. A previsão é que a inauguração seja no final de julho e vai ser algo muito importante para o Sertão alagoano, tanto que o próprio presidente do BNB, Paulo Câmara, demonstrou interesse em vir conhecer meu empreendimento. Fico muito feliz de estar apostando em um mercado sustentável e de grande relevância para minha região”, afirmou.

Para Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, o crescimento das instalações de sistemas de energia solar pelos consumidores brasileiros é reflexo da popularização da tecnologia no território nacional. “Analistas de mercado apontam que, apenas em 2023, os painéis solares registraram queda de cerca de 50% no preço médio final, ampliando a atratividade e o acesso por consumidores brasileiros de diferentes perfis”, comenta.

“Portanto, trata-se do melhor momento para se investir em sistemas solares em residências, empresas e propriedades rurais. E ainda há um enorme potencial de crescimento do uso da tecnologia fotovoltaica, já que o Brasil possui cerca de 92,4 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica no mercado cativo”, complementa.

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