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Ele construiu a Iquine há 50 anos. E tudo começou com 4 cabras

Delino Souza recorda que ao nascer, em 1933, uma cigana teria dito aos seus pais que o filho teria sucesso com pintura
Iquine
Delino Souza em meio às suas tintas Iquine/Foto: divulgação Iquine

O Grupo Iquine chegou aos 50 anos como o terceiro maior do setor no Brasil com capital 100% brasileiro e líder absoluto no Nordeste. A empresa de tintas, fundada por Delino Anterino de Souza em 1974, produz anualmente 220 milhões de litros, que vende para todo país através de seus 20 mil pontos de venda.

Delino Souza costuma dizer que sua empresa começou com a venda de 4 cabras. Sem isso, não teria tido como deixar Jericó, no interior da Paraíba, para viajar num pau-de-arara por oito dias até São Paulo. No Sudeste, trabalhou na agricultura, serviu ao Exército e acabou empregado numa empresa de tintas, em março de 1954.

No livro As cores da transformação, lançado em comemoração ao cinquentenário do grupo, Delino Souza recorda que ao nascer, em 1933, uma cigana teria dito aos seus pais que o filho teria sucesso com pintura. “A adivinhação fez sentido apenas no momento que consegui emprego numa indústria de tintas na capital paulista. Na hora lembrei da vidente e pensei: será que vou progredir pintando paredes? ”.

Mas não foi bem assim. Sem formação universitária, Delino Souza aprendeu na escola da vida e seu professor foi Hans Wolf, um judeu alemão, que era o engenheiro químico responsável pelo laboratório da Tintas Super. Ele foi o seu grande mentor técnico. Com Wolf Delino aprendeu a desenvolver produtos adaptando tecnologias europeias às matérias primas nacionais.

Mas a saudade de casa falou mais alto, e, já dominado o conhecimento técnico, Delino faz a viagem de voltar para o Nordeste, só que escolheu Recife, que na época rugia alto como o Leão do Norte, como base para morar. O jovem paraibano ainda trabalhou na indústria de tintas Diamante, no Recife, antes de montar a sua pequena Industria Químicas do Nordeste, em Jaboatão dos Guararapes. Ele resolveu abreviar o nome para Iquine, quando descobriu que havia mais duas empresas homônimas.

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Hoje com 91 anos, Delino Souza segue na ativa como presidente honorário do Conselho de Administração e assegura que nunca imaginou que construiria algo tão grande. Mas essa trajetória foi marcada pelo fogo, que promoveu a grande virada.

Em 1996, um incêndio destruiu a fábrica. Alan Souza, presidente do Conselho de Administração do Grupo Iquine e filho caçula de Delino, lembra que a empresa foi praticamente destruída, mas a reconstrução contou com ajuda de muita gente. “Um cliente comprou de uma só vez o equivalente a seis meses de produto para nos ajudar, foi um gesto entre tantos outros”, relembra.

Virada da Iquine

Até ali a Iquine havia crescido organicamente. Mas, com o incêndio foi preciso de crédito bancário. “A empresa havia crescido de forma desordenada, um puxadinho aqui, outro ali. Decidimos que iríamos reconstruí-la de forma estruturada e recorrermos ao Banco do Nordeste”, conta Alan. Foi a primeira vez que a Iquine recorreu a um banco. E a única.

Em 2020, por meio da aquisição da cearense Hidracor, o Grupo Iquine ampliou ainda mais a capacidade produtiva e o market share. Com isso, passou a contar com duas unidades fabris no Ceará, uma em Maracanaú e outra em Acarape. Tem ainda centro de distribuição em Guarulhos (SP).

Delino Souza
Delino Souza, fundador da Tintas Iquine, segue ativo como presidente honorário do Conselho de Administração no /Foto: divulgação

Sob o comando da segunda geração, representada pelos quatro filhos – Ronaldo, Delino Jr. Rinaldo e Alan – a Iquine lidera o mercado regional e se destaca no por seu comprometimento com as melhores práticas de ESG e governança. O CEO das Tintas Iquine, Eduardo Moretti, lembra que desde o início, a empresa esteve engajada em ações sociais, participando ativamente de projetos de responsabilidade socioeconômica e ambiental.

A indústria adotou a política de Aterro Zero e faz uso de energia 100% renovável nas fábricas. Promove capacitação para homens e mulheres que desejam aprender a pintar, dando-lhes uma profissão. Também é signatária do Programa Setorial de Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). “A Iquine é um símbolo de pioneirismo e empreendedorismo no Brasil nessa agenda”, comenta Moretti.

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Unidade de jabotão do Guararapes/Foto: reprodução do site

A Tintas Iquine traz na trajetória um crescimento baseado em uma estratégia de distribuição com alta capilaridade atingindo desde grandes centros até o interior.

A indústria criou um novo formato de nomenclatura do seu leque de cores, pelo qual todas passaram a ter nomes da fauna e flora locais e elementos da cultura brasileira. E, nos últimos anos, ao criar, em 2004, o sistema tintométrico, a empresa inovou ao desenvolver uma estratégia em que consegue oferecer todas as cores com o mesmo preço da cor base, o branco. Branco aliás, que é a cor preferida de Delino Souza.

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