O Grupo Mateus, maior rede de varejo do Norte e Nordeste, aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para concretizar a aquisição de 51% do Novo Atacarejo, em uma operação avaliada em R$ 380 milhões. A decisão do Cade está prevista para o início de 2025 e, se autorizada, consolidará uma joint venture que envolverá 59 lojas em três estados: 25 unidades e 4 centros de distribuição (CDs) do Grupo Mateus em Pernambuco, Paraíba e Alagoas e 34 lojas e 1 CD do Novo Atacarejo, sendo 32 lojas em Pernambuco e duas lojas e o CD na Paraíba. A aquisição elevará o faturamento do Grupo Mateus para R$ 9 bilhões anuais, apenas no segmento de atacarejo.
A consolidação de uma união que teve as primeira negociações anunciadas em maio foi confirmada na sexta-feira (20) pelo presidente do Conselho de Administração do Grupo Mateus, Ilson Mateus, durante a inauguração de mais uma unidade do Mix Atacarejo em São Luís, no Maranhão.
O pagamento será realizado em três parcelas anuais, sendo a primeira após a aprovação do Cade. A expectativa é de que a operação seja autorizada no primeiro trimestre de 2025. A nova empresa se chamará apenas Novo. O Grupo Mateus já possui as marcas Mix Atacarejo, Camiño, EletroMateus, Spazzio, Armazzem e o próprio supermercado Mateus. Juntas, são 254 lojas, sendo 73 de varejo, 77 de atacarejo e 104 de eletro espalhadas por 112 cidades com mais de 50 mil colaboradores.
Impacto no mercado e nos acionistas
A operação visa fortalecer o Grupo Mateus no cenário nacional, aumentando sua competitividade frente a gigantes como Assaí e Atacadão. A integração do Novo Atacarejo traz ganhos operacionais imediatos, como maior escala de compras e eficiência logística, fatores que tendem a melhorar as margens de lucro e valorizar os papéis do Grupo Mateus na bolsa.
A aquisição também deve repercutir positivamente no preço das ações do grupo, que registrou alta de 13% após o anúncio da compra. Analistas destacam que a expansão no Nordeste, região com crescente potencial de consumo, reduz os riscos associados ao desempenho regional e amplia o apelo para investidores de longo prazo.
Atualmente, o Grupo Mateus opera em dez estados, com maior concentração no Maranhão (sede da empresa), Pará, Piauí e Tocantins, onde administra mais de 250 lojas, incluindo supermercados, atacarejos e operações voltadas à venda de eletrodomésticos e móveis. Em estados como Ceará, Bahia, Alagoas e Pernambuco, a empresa ainda mantém presença mais discreta, com menos de 10 unidades por estado, o que reforça o interesse estratégico na aquisição do Novo Atacarejo.
O Novo Atacarejo, por sua vez, é um dos líderes do setor em Pernambuco, com mais de 20 lojas espalhadas pelo estado, incluindo grandes cidades como Recife, Caruaru e Petrolina. Essas unidades possuem forte apelo no formato atacarejo, atendendo tanto consumidores finais quanto pequenos comerciantes.
Com a integração das redes, o Grupo Mateus terá sua presença regional ampliada, além de fortalecer suas operações em estados onde ainda busca maior consolidação. Além disso, a expansão no Nordeste — região com mais de 57 milhões de habitantes e crescente poder de consumo — consolida a relevância estratégica do atacarejo como formato de negócio.
A sinergia também deve beneficiar a operação de eletrodomésticos, segmento já explorado pelo Grupo Mateus com lojas especializadas, como Eletro Mateus, e que pode ganhar espaço nas unidades do Novo Atacarejo.
Um mercado em crescimento
O modelo atacarejo tem se consolidado como o segmento de maior crescimento no varejo nacional, especialmente em regiões como o Nordeste, que concentra 27% da população brasileira. Em 2023, o setor movimentou cerca de R$ 40 bilhões na região, com expectativa de alta de 15% em 2024.
No caso específico de Pernambuco, o consumo das famílias responde por mais de 60% do PIB estadual, segundo o IBGE, e é nesse cenário que o Novo Atacarejo atua com força. A sinergia entre as redes permitirá ao Grupo Mateus atender a uma base de consumidores diversificada, incluindo desde pequenos comerciantes até o público final.
O que o Cade vai avaliar
O Cade analisará a operação sob a ótica da concorrência, observando se a união entre as duas empresas pode gerar concentração de mercado na região Nordeste. Entre os pontos de destaque na análise estão:
- Participação de mercado: Garantir que a joint-venture não crie um monopólio ou uma posição dominante que inviabilize a concorrência com outros grandes players, como Assaí e Atacadão.
- Impacto nos consumidores: Verificar se os preços serão mantidos competitivos após a fusão, evitando práticas que prejudiquem os clientes finais e pequenos comerciantes.
- Preservação da concorrência local: Avaliar como a operação afetará pequenos e médios varejistas regionais, garantindo a pluralidade de opções no mercado.
Apesar do protagonismo do Cade no processo, os acionistas do Grupo Mateus têm influência indireta, já que as decisões estratégicas da empresa precisam ser alinhadas aos interesses de seus investidores. Desde o anúncio da operação, as ações do grupo apresentaram alta, indicando que o mercado enxerga a fusão como uma oportunidade de crescimento sólido.
Operações no segmento de eletrodomésticos
Além do atacarejo, o Grupo Mateus também se destaca pela operação no varejo de eletrodomésticos, segmento que representa uma fatia relevante de seu faturamento. A marca Eletro Mateus atua em estados como Maranhão, Pará e Piauí, oferecendo desde móveis e eletroportáteis até eletrônicos de maior valor agregado.
Com a integração ao Novo Atacarejo, a expectativa é de que as lojas pernambucanas também passem a comercializar produtos desse segmento, ampliando a presença do Grupo Mateus em mercados regionais. Esse modelo integrado tem se mostrado eficiente, especialmente em estados onde o consumo de bens duráveis apresenta crescimento.
Com cinco anos de atuação, o Novo Atacarejo já conta com 34 lojas em operação, distribuídas em 26 cidades entre Pernambuco e Paraíba. A rede nordestina – que gera média de 8 mil empregos diretos – está entre os 20 maiores grupos do país, segundo a Associação Brasileira dos Atacarejos (Abaas). Ano passado, foi a empresa que mais faturou, conforme o ranking anual da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Impacto no mercado e nos acionistas
A operação visa fortalecer o Grupo Mateus no cenário nacional, aumentando sua competitividade frente a gigantes como Assaí e Atacadão. A integração do Novo Atacarejo traz ganhos operacionais imediatos, como maior escala de compras e eficiência logística, fatores que tendem a melhorar as margens de lucro e valorizar os papéis do Grupo Mateus na bolsa.
A aquisição também deve repercutir positivamente no preço das ações do grupo, que registrou alta de 13% após o anúncio da compra. Analistas destacam que a expansão no Nordeste, região com crescente potencial de consumo, reduz os riscos associados ao desempenho regional e amplia o apelo para investidores de longo prazo.
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