O algodão colorido natural, que não necessita de tingimento, reduzindo em até 87% a utilização de água e de produtos químicos no processo de obtenção do tecido, saiu dos campos da Paraíba para a passarela da Semana de Moda de Milão. O produto orgânico, desenvolvido pela Embrapa, foi usado em 35 peças da empresa Natural Cotton Color, que apresentou nesta sexta-feira (20) a sua coleção Calunga no Museo Nazionale Scienza e Tecnologia Leonardo da Vinci dentro da mostra Beyond the Claim, um dos principais eventos de moda sustentável dentro da mostra italiana.
Inspirada no maracatu, herança cultural afro-brasileira, a coleção criada pela CEO da empresa, Francisca Vieira, e pelo estilista Leo Mendonça combina alfaiataria com detalhes artesanais, incluindo a técnica do labirinto, um patrimônio imaterial da Paraíba. Trechos do desfile podem ser vistos neste link: https://www.instagram.com/p/DAKAcMCImPY
O algodão orgânico utilizado nas roupas da Natural Cotton Color é cultivado no município paraibano de Ingá. O colorido natural faz com seja um produto diferenciado para a agricultura familiar, com foco na sustentabilidade econômica e ambiental. Por meio do melhoramento genético convencional, a Embrapa Algodão desenvolveu as cultivares de algodão BRS Jade, BRS Safira, BRS Topázio, BRS Verde, BRS Rubi e BRS 200 Marrom, ampliando a cartela de cores.
Além de comandar a Natural Cotton Color, que tem como marca a NCC Ecobrands, Francisca Vieira é idealizadora do projeto Algodão Paraíba, que envolve cerca de 300 famílias de agricultores reunidos em assentamentos rurais e em comunidades tradicionais em oito municípios da região do semiárido do estado. São mais de 600 hectares de área plantada.
Algodão colorido nas passarelas
O algodão colorido subiu às passarelas pela primeira vez em 2004, na São Paulo Fashion Week, com o estilista Ronaldo Fraga. Desde então, as peças confeccionadas com as variedades de algodão colorido vêm abrindo caminho no mundo da moda. O produto também esteve presente na Fashion Rio, além de desfiles em Paris e Milão.
Na semana passada, a maior fábrica têxtil da América Latina, a Guararapes, promoveu no Rio Grande do Norte o lançamento da nova coleção de verão da Riachuelo, com roupas produzidas a partir de matéria-prima do projeto Pró-Sertão.
O Pró-Sertão é uma iniciativa do Instituto Riachuelo que visa fortalecer a cadeia produtiva do algodão potiguar, com ações que vão desde o campo, por meio do incentivo do cultivo agroecológico, até a indústria têxtil e o artesanato local. A Embrapa Algodão é parceira deste projeto que beneficia centenas de agricultores no sertão potiguar e gera quatro mil empregos diretos no estado.
O cultivo do algodão agroecológico consorciado com outras culturas alimentares como milho, feijão, gergelim e amendoim, mandioca, dentre outras, por agricultores familiares, com certificação orgânica participativa, tem sido outra alternativa disponibilizada pela Embrapa e instituições parceiras para promover a segurança alimentar e a preservação do meio ambiente.
A metodologia de capacitação dos produtores se dá por meio das Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa, respeitando os saberes locais e promovendo a consciência ambiental. O aprendizado vai desde a produção (com foco conservacionista), certificação e comercialização da pluma no comércio justo, com preços acima do algodão convencional.
Agenda 2030
O algodão colorido e agroecológico são tecnologias voltadas para a sustentabilidade econômica, ambiental e social, alinhados à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta agenda foram estabelecidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados no Brasil e no mundo. As tecnologias se alinham especialmente ao Selo ODS 12 – Produção e Consumo Sustentáveis. *Com informações da Embrapa e
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