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Com bunker da Ultracargo e Dislub, Suape ganha “posto de combustível flutuante”

As operações de bunker começaram em 12 de julho. Para o presidente do porto, Márcio Guiot, as obras de dragagem favoreceram positivamente o oferecimento do serviço
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As operações de bunker tiveram início no dia 12 de julho. Cinco navios já abasteceram em Suape. Foto: Porto de Suape

O Porto de Suape oficializou o início das operações de bunker nesta sexta-feira (30). Através de uma parceria entre a Ultracargo e a Dislub, navios que atracam no porto não vão mais precisar carregar combustível para garantir a realização completa de suas rotas, além de transportar suas cargas.

As operações de abastecimento tiveram início, de fato, em 12 de julho. Um mês e 18 dias depois, cinco navios, de grande e pequeno porte, já se beneficiaram do oferecimento do serviço. Antes, o único local no Nordeste onde esse tipo de procedimento poderia ser feito era no Porto de Aratu-Candeias, na Bahia. E como a refinaria que existe no estado trabalha com exportações, a disponibilidade de bunker nem sempre existia e o navio precisava se deslocar, então, para o Rio de Janeiro.

Operações de bunker favorecem a logística e a receita portuária, o meio ambiente e a economia local. “Antigamente, o navio que vinha para Suape abastecia fora do Brasil. Ele vinha carregado, ou seja, com menos cargas e mais bunker. E, logicamente, jogando mais emissões na atmosfera”, detalha Helano Gomes, vice-presidente executivo da Ultracargo.

“Agora não, ele vem com mais carga e menos bunker, porque sabe que aqui vai poder abastecer. Então você torna a logística mais eficiente, um frete marítimo muito mais barato, que isso vai refletir no custo final do produto que nós, como consumidores, compramos no dia a dia nos supermercados, nas lojas e de modo geral”.

O início das operação é relevante “para o Estado, para o Porto e para o Nordeste. Além das questões econômicas e ambientais e estratégicas, ela tem geração de emprego”, pondera Gomes.

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Detentora de um terminal de granéis líquidos em no complexo portuário desde 1986, a Ultracargo disponibiliza os tanques para que a Dislub opere a distribuição do combustível.

A Dislub tem acesso a uma infraestrutura composta por quatro tanques da Ultracargo, cada um com capacidade de 10 mil m³, isto é, um total de 40 mil m³ para armazenamento de combustível. O produto é bombeado do terminal da Ultracargo para uma barcaça através do Píer de Granéis Líquidos – PGL 1.

“Nós (da Ultracargo) começamos esse trabalho e chamamos a Dislub para fazer uma parceria: a Ultracargo como uma empresa de armazenagem do bunker e a Dislub como uma distribuidora e comercializadora do produto”, detalha o vice-presidente.

“Foram cinco anos de desenvolvimento, mas tivemos sucesso porque todas as entidades, órgãos e agências reguladoras entenderam a importância desse projeto e contribuíram positivamente. Logo, a gente conseguiu chegar nesse momento, que é iniciar as operações de abastecimento de navio de abastecimento de navio aqui em Pernambuco”.

O projeto começou a ser pensado em 2019 e concretizou-se em 2024. A viabilidade das operações de bunker dependia não só da estrutura de armazenagem e de uma empresa distribuidora, mas de alterações de regras junto à Receita Federal, Secretaria da Fazenda de Pernambuco, Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).

As operações de bunker

A operação funciona como um posto de abastecimento convencional, mas numa escala muito maior e com processos mais complexos. Enquanto num posto de combustíveis para carros abastece veículos individuais com pequenos volumes de combustível diretamente do posto, a operação de bunker abastece grandes navios com grandes volumes de combustível através de sistemas especializados, como barcaças e tubulações.

Com desafios fiscais e aduaneiros específicos para o setor marítimo, a operação de bunker envolve uma regulamentação mais rigorosa, exigindo uma logística mais elaborada e uma coordenação detalhada para garantir que o combustível seja entregue de maneira eficiente e conforme as normas.

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A oficialização das operações de bunker ocorreu nesta sexta-feira (12). No centro, o presidente do Porto de Suape, Márcio Guiot. À sua esquerda, Helano Gomes, vice-presidente executivo da Ultracargo. À sua direita, Humberto Carrilho, acionista da Dislub. Foto: Porto de Suape

O Porto de Suape deu início às operações de bunker onshore, que são os abastecimentos que acontecem dentro do próprio porto. “Quando o navio atraca aqui, ele já está em um local de água calma. Então, a barcaça, que é um equipamento menor, consegue chegar junto do navio e abastecer”, explica Leonardo Cerquinho, diretor de desenvolvimento e novos negócios da Dislub.

O abastecimento offshore, isto é, que ocorre fora do porto, ainda não ocorre. Mas a expectativa é de que num prazo de “seis meses a um ano” Suape passe a oferecer também esta opção.

“Para fazer offshore, você precisa de um navio mesmo. É mais complexo. A gente precisa ter um cuidado muito grande com as questões ambientais, questão de cerco, questão de estudar. Dependendo do ano, se você tem, eventualmente, algum derramamento, para onde vai essa mancha. Então, a gente tem um cuidado muito grande. Estamos buscando estruturar esse abastecimento offshore agora, que vai ser algo muito importante”, continua Cerquinho.

Pernambuco, o cotovelo do mundo

A escolha de Suape foi estratégica. Durante a cerimônia de oficialização das operações de bunker, Cerquinho relembrou que “Pernambuco é o cotovelo do mundo”. Logo, embarcações obrigatoriamente contornam o estado, sejam elas nacionais ou internacionais.

Ele explica que “qualquer navio que venha de Santos, da Argentina, ou que vá para o canal do Panamá ou para os Estados Unidos, passa ‘vendo’ Suape. Esses navios já passam aqui em frente. Então, a gente está buscando estruturar uma operação de abastecimento offshore, que vai precisar, ainda, de alguns licenciamentos.”

O posicionamento estratégico gera receita ao Porto de Suape. O quanto ainda é uma incógnita. Questionado sobre a prospecção do aumento, o presidente do Porto de Suape, Márcio Guiot, prefere “ser um pouco mais conservador e não jogar números ao vento”, mas “é certo que gera mais valor para as escalas de Suape”.

Guiot exemplifica citando a MSC, empresa líder global em transporte de contêineres. “Se a gente não viabilizasse o bunker, poderia ser um risco de a gente perder essas escalas com o tempo”. “Essa é a garantia que a gente pode ter nesse momento”.

Helano Gomes relembra que o Porto de Suave já chegou a perder linhas de navio. “Operações que vinham de fora do Brasil, queriam vir direto para Suape, mas desistiram. Iam para outros portos porque aqui não tinha abastecimento”.

Expansão do Porto de Suape

As operações de bunker só puderam ser viabilizadas devido às obras de dragagem do canal externo, que foram finalizadas em abril deste ano. “Nós concluímos a obra, então isso possibilita que os navios passem a contar com uma profundidade a mais para que não só venham aqui para carregar, mas também para abastecer”, pontua Guiot.

A oportunidade é benéfica principalmente às escalas de container. Márcio explica que para os navios vindos do sul, “é importante oferecer esse serviço até para garantir as escalas, que foi um dos problemas que a gente teve no passado.” O sucesso das operações de bunker está diretamente relacionado às obras de dragagem, segundo o presidente do porto.

Durante a cerimônia de oficialização, foi anunciada, ainda, a expectativa de obras de dois terminais de Suape.

“Estamos avançando na expansão natural do Porto de Suape com os projetos CAIS 6 e 7, focados em fortalecer nossa conexão com o setor agropecuário. Recentemente, iniciamos uma apresentação oficial do Porto ao Centro-Oeste, destacando como os novos cais serão dedicados a fomentar a exportação de commodities agrícolas como soja e milho, além das operações existentes de açúcar e trigo. O objetivo é consolidar Suape como um ponto estratégico para a exportação dessas grandes commodities”, detalha Guiot. Além disso, espera-se que com as obras o tempo médio de espera de atracação seja diminuído.

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