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Regás, de Suape, terá mais um usuário além da Shell

Terminal de Gás de Suape ajudará a acelerar a transição energética em Fernando de Noronha e no Araripe
Suape
Terminal de granéis líquidos de Suape/Foto: divulgação Suape

Quando entrar em operação em 2025, o Terminal de Regaseificação de Suape, o Regás, um investimento de R$ 2 bilhões, será de fundamental importância para a segurança energética de segmentos que utilizam o gás como fonte de energia em Pernambuco. Além disso, ajudará a acelerar a transição energética em Fernando de Noronha e no Araripe.

O Regás é um investimento da holding brasileira OnCorp, que venceu a licitação para sua implementação em 2022. A Shell, gigante multinacional do setor de óleo e gás, foi anunciada há certo tempo como compradora da molécula para fornecer à usina Termopernambuco. Nos próximos dias, porém, um novo operador será anunciado, conforme adiantou com exclusividade ao Movimento Econômico, o diretor-presidente da OnCorp, João Mattos.

Esse novo usuário tornará o Regás de múltiplo uso, o que o diferencia dos demais terminais privados brasileiros, que são projetos feitos para atender exclusivamente alguma usina térmica. Além disso, o terminal de Suape tem outro diferencial: será o primeiro a operar conectado a um gasoduto, no caso o da TAG. Isso permitirá ao Regás distribuir o gás do Rio de Janeiro ao Ceará.

“Pernambuco é Top 3 no PIB do Nordeste ao lado da Bahia e Ceará, mas o estado pernambucano não tem nenhuma originação de gás por questões geológicas. Todo gás consumido no estado vem de outras regiões. No entanto, Pernambuco tem a indústria mais sólida no consumo de gás da região, que depende de gasoduto e tem na sua tarifa o custo do transporte”, ressalta João Mattos.

O Regás vai servir como ponto de originação de gás para Pernambuco. “Isso será possível porque teremos um navio estacionário em Suape para receber o gás natural líquido. Esse navio servirá tanto para armazenar e como regaseificar a molécula para os consumidores de malha. Isso permitirá a distribuição tanto por modal rodoviário como por cabotagem”, explica.

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Regás eliminará óleo de Noronha

O terminal também será fundamental para a transição energética em duas áreas importantes de Pernambuco, o Polo Gesseiro do Araripe e Fernando de Noronha. O primeiro tem contribuído para devastar o bioma da Caatinga, já que faz uso de lenha. O segundo é um paraíso natural que é iluminado à base do ultra poluente óleo diesel.

Fernando de Noronha
Geração de energia em Fernando de Noronha ainda é por meio do óleo diesel/Foto: divulgação Fernando de Noronha.

Com o terminal, as indústrias do polo passarão a receber o gás natural liquefeito (GNL). Um terminal de regaseificação da Copergás se encarregará de devolver a consistência original à molécula, levando o gás aos fornos e eliminando definitivamente o uso da lenha como combustível. No arquipélago de Fernando de Noronha, o gás será usado na usina térmica.
“Foi um gol de placa do governo do estado e da Copergás a implantação de um terminal de regaseificação no Araripe. O polo gesseiro tem um potencial de gás de 300 mil m² por dia. Hoje, o consumo em Petrolina e Garanhuns, que também contam com terminal semelhante, não chega a 50m² por dia”, comenta João Mattos.

Cais em Suape

O Regás vai operar no Cais de Múltiplos Usos (CMU) de Suape e deverá elevar sua utilização de 18% para 100%. Na semana passada, o Regás entrou no Novo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal.

O projeto do Terminal de Regaseificação Suape faz parte de um conjunto de iniciativas voltadas para o fortalecimento da malha integrada de gás natural liquefeito (GNL) no país, contribuindo para a segurança energética nacional e para o desenvolvimento sustentável da matriz energética.

O diretor-presidente da OnCorp, João Mattos, conversou com o Movimento Econômico sobre o Regás

A OnCorp, que foi constituída em 2001, durante a crise energética do governo de Fernando Henrique Cardoso, tem hoje 500 megawatts instalados no Norte e Nordeste. A empresa foi uma das pioneiras na construção de termelétricas durante a crise energética do começo dos anos 2000. Recentemente construiu a primeira usina híbrida do sistema isolado da Amazônia, que consorcia geração térmica, energia solar fotovoltaica e um sistema de armazenamento em grandes baterias (BESS), desenvolvido pelo Grupo Moura.

As novas usinas, situadas nas cidades de Amajari e Paracaima, em Roraima, trazem soluções mais sustentáveis para uma parte do Brasil que não é atendida pelo Sistema Interligado Nacional (SIN).

*Colaborou Angela Fernanda Belfort

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