O Porto do Recife espera ter uma receita bruta de aproximadamente R$ 190 milhões nos próximos dez anos apenas com a operação do terminal REC 08, que será leiloado nesta quarta-feira (21) pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A área de 7.150 metros quadrados é destinada a granéis sólidos vegetais, tendo como principais cargas a cevada, o malte, o trigo e o milho. É a oportunidade para consolidar o terminal da capital pernambucana como polo de distribuição de insumos da indústria cervejeira nordestina.
“É um investimento que vai possibilitar, principalmente, ainda mais o desenvolvimento do polo cervejeiro porque é uma área em que se destina, basicamente, à recepção da carga cevada em granéis sólidos”, comenta o presidente do Porto do Recife, Delmiro Gouveia.
Das três áreas do terminal que serão leiloadas às 14h na Bolsa de Valores de São Paulo, com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o REC 08 é o único que será construído do zero. O REC 09 e o REC 10 serão reformados e modernizados Outras duas áreas estarão disponíveis.
Entre grandes empresas, cervejarias artesanais, microcervejarias, nanocervejarias, craft brewerys e brewpubs, o Nordeste possui 122 estabelecimentos que produzem a bebida. E o Porto do Recife está situado numa área de influência que abrange, num raio de 800 quilômetros, oito capitais nordestinas e mais de 30 cidades de médio porte da região.
O investimento previsto para o arremate do REC 08 é de R$ 51 milhões. Destinado a granéis sólidos e cargas gerais, especialmente arroz, o REC 09 possui 7.800 m² e investimento de R$ 2,2 milhões. Já o REC 10 tem 4.400 m² e valor de investimento esperado de R$ 3 milhões. É para movimentar e armazenar granéis sólidos e cargas gerais.
A Antaq estima que o valor total a ser investido por empresas interessadas em operar no Porto do Recife chegue a R$ 56 milhões. No leilão também serão oferecida outras duas áreas, uma no Porto do Rio de Janeiro (RJ) e uma no Porto do Rio Grande (RS). Ao todo, a previsão é de que o montante arrecadado chegue a R$ 74 milhões.
De acordo com a Antaq, todas as cinco áreas dos três portos serão arrendadas no modelo simplificado com prazo de no máximo 10 anos e sem a possibilidade de estender a duração do contrato além do período inicial estabelecido. Este será o primeiro bloco de concessões de terminais portuários brasileiros do ano.
Impacto na receita do Porto do Recife
Para Delmiro Gouveia, o aumento da movimentação no Porto do Recife é certeza. A ocupação de áreas antes ociosas do REC08 vão impactar positivamente a receita do porto. “A partir do momento que uma área que não era utilizada e passa a ser operada, automaticamente, tem-se um aumento significativo, não só da receita fixa, que é o aluguel de produtores na área, como, também, a receita variável, que é de acordo com o peso, com a tonelada da mercadoria importada, no caso a cevada.”
O leilão estava previsto para ocorrer em 23 de maio. Contudo, em meados do mesmo mês, o Ministério dos Portos e Aeroportos adiou o leilão devido à situação de calamidade pública do estado do Rio Grande do Sul. Segundo a pasta, não incluir o terminal do porto gaúcho comprometeria a organização da pasta sobre como ocorreriam os leilões, já que a divisão dos arrendamentos foi feita por blocos.
A expectativa, no entanto, era de que, após o adiamento, outra área do Porto do Recife, o REC 04, também fosse leiloada. Ela estava incluída na primeira programação, mas o este trecho da capital pernambucana não foi contemplado entre os novos avisos de licitação, publicados no dia 28 de junho.
Isso aconteceu porque “a receita bruta mensal recebível do REC 04 era muito superior ao ofertado na ação pública”, como explica Gouveia. “O movimento de contingência e desenvolvimento das atividades portuárias possibilitou um crescimento de receita, principalmente no REC 04. O terminal será redimensionado, de acordo com a perspectiva de receita dele, para que num futuro próximo ele possa, então, vir a leilão – já que no momento em que ele foi lançado, os valores de oferta não refletiam a sua realidade”.
Especialidades dos terminais
A expectativa é de que quando os quatro terminais estiverem arrendados, que o total de cargas processadas pelo Porto do Recife tenha um crescimento de 25%. No ano de 2023, a empresa pública registrou um movimento de 1,3 milhão de toneladas de cargas.
Já de janeiro a junho deste ano foram movimentadas 839.902 toneladas. O número representa um aumento de 37% na chegada e saída de cargas se comparado ao mesmo período do ano passado, quando o total movimentado foi de 612.012 toneladas.
Sobre o leilão
O leilão das cinco áreas vai ocorrer na sede da B3, em São Paulo. A transmissão será feita pelo canal da Antaq no YouTube, a partir das 14h.
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