Por Patrícia Raposo
O Porto de Suape está traçando suas estratégias para se tornar um porto verde. Sob o comando do novo presidente, Roberto Gusmão, o complexo portuário busca maior sustentabilidade socioambiental e, sobretudo, transformar-se num hub de hidrogênio verde.
“A gestão está comprometida em terminar os estudos para zerar o uso de carbono no porto”, afirma Gusmão. Ele quer Suape alinhado às diretrizes de equilíbrio ambiental global, porque sabe que os investidores estão olhando para a sustentabilidade na hora de fazer aportes diversos negócios, inclusive em portos. “Os investimentos só virão para os portos que tiverem essa responsabilidade como meta”, diz.
Há poucos dias, a estatal portuária anunciou que passou a integrar o Pacto Global, rede criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a missão de fomentar iniciativas que promovam ações sociais, incentivando a sustentabilidade e promovendo a cidadania. No total, 161 países são signatários do pacto.
Como membro desse movimento mundial, a empresa Suape se compromete a adotar os 10 princípios estabelecidos pela rede, que cumprem responsabilidades nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. O compromisso assumido por quem é signatário do Pacto Global é a Agenda 2030 e os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela ONU.
“Hoje, a estatal Suape é considerada a entidade do governo do estado em primeiro lugar em Compliance. E isso nos diferencia e nos tem permitido atrair empresas com essa preocupação”, explica o presidente do porto. Segundo ele, esse foi um dos fatores de atração da Blau Farmacêutica, que há poucos dias anunciou investimentos de R$ 1 bilhão em uma unidade em Suape. “Além da localização, a Blau buscava um porto comprometido com a sustentabilidade”, revela Gusmão.
Hidrogênio verde
A geração de hidrogênio verde (H2V) tem grande importância neste processo. Dois projetos estão seguindo nesta direção. Um envolve a empresa de origem francesa Qair Brasil, que já iniciou estudos de viabilidade técnica e econômica para implantação de uma planta de produção de hidrogênio verde. A iniciativa, nomeada de Planta de Hidrogênio Verde Pernambuco, prevê a instalação de quatro conjuntos de eletrolisadores, em quatro fases de implantação.
A outra iniciativa é da Neoenergia, que firmou com o Governo de Pernambuco um Memorando de Entendimento para a criação de um projeto piloto de usina de H2V, em Suape. A ideia é mobilizar agentes para tornar a planta viável a partir de clientes locais. A usina térmica de Tubarão, em Fernando de Noronha, que hoje opera com diesel, está cotada como primeiro cliente, porque a ilha criou o Programa Noronha Carbono Neutro.
Com essas operações, Suape quer começar fornecendo energia limpara para os navios atracados e, num segundo momento, fornecer o H2V para as indústrias do complexo portuário.
“Com a adesão ao Pacto Global, Suape também incentivará outras empresas que fazem parte do território do complexo industrial portuário a assumir compromissos semelhantes”, diz Roberto Gusmão.