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Pandemia da Covid-19 fez aumentar número de pessoas que desejam empreender

Empreender é uma forma de se adaptar às novas demandas do mercado de trabalho e também de enfrentar o aumento do desemprego

Por Juliana Albuquerque

A pandemia da Covid-19 e as mudanças decorrentes das medidas sanitárias e da necessidade de distanciamento social provocaram uma aceleração nas transformações no mercado de trabalho. Em casa (home office), telerreuniões, horários flexíveis e também novas demandas e algum estresse para conciliar as obrigações domésticas e laborais se refletiram também numa mudança no perfil de alguns negócios e no aumento no número de pessoas que desejam abrir a própria empresa.

Em 2020, ter um negócio próprio era o sonho de 58,9% dos brasileiros, atrás apenas do desejo de viajar pelo país, segundo a GEM (Global Entrepreneurship Monitor), maior pesquisa sobre atividade empreendedora do Brasil, realizada em parceria com o Sebrae. Naquele ano, início da pandemia, foi a primeira vez em nove anos que o desejo de empreender apareceu com tanto destaque. De lá pra cá, muitos aspectos mudaram e muitas empresas já experimentaram uma adaptação provocada pelo que costumamos chamar nesses dois anos de “novo normal”.

Spa Express - empreendedorismo
A empresa paraibana Spa Express cresceu durante a pandemia, atendendo à demanda por massagem relaxante em casa/Foto: Spa Express/Divulgação

É o caso da Spa Express, empresa que nasceu em 2011, em João Pessoa, na Paraíba, de uma oportunidade percebida pela jovem Luciana Piquet, que aos 23 anos, após um “chá de cadeira” na recepção de um consultório médico, viu uma forma de transformar o tempo ocioso numa oportunidade de negócio.

A ideia era simples: oferecer serviços de manicure e pedicure nas salas de espera de consultórios. Com ajuda do pai, que além de emprestar R$ 5 mil para o início do negócio, desenvolveu também um carrinho que integra um banquinho à maleta de serviço para as manicures circularem pelas clínicas de João Pessoa.

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O serviço evoluiu durante a pandemia, quando a empresária enxergou, mais uma vez, uma boa oportunidade de negócio.

Juliana Piquet - Spa Express
A empresária Juliana Piquet enxergou uma oportunidade de ampliar os serviços da Spa Express durante a pandemia do covid-19/Foto: Spa Express/Divulgação

“Durante os períodos de isolamento, tivemos um crescimento substancial nas solicitações por massagens relaxantes e terapêuticas, ultrapassando as que tinham foco em estética e que eram o carro-chefe antes da pandemia. Então, vendo mais uma oportunidade, lançamos um procedimento que une massagem corporal e aromaterapia através de um blend exclusivo de óleos essenciais”, explica Luciana Piquet.

O resultado dessa criatividade e análise do mercado foi a expansão do negócio para uma rede de franquias com projeção de faturamento de R$ 7,6 milhões em 2022.

Rafael Mattos - Premiapão
Rafael Mattos, CEO da Premiapão, teve paciência para planejar a manutenção do negócio e comemora o crescimento da empresa/Foto: Divulgação

Resultado similar foi conquistado pelo pernambucano Raphael Mattos, que em 2015 decidiu seguir à risca um famoso ditado popular: quem não arrisca, não petisca. Saiu do emprego numa multinacional e com R$ 10 mil no bolso se tornou o dono do próprio negócio – a Premiapão. A rede, hoje com 122 unidades franqueadas, é especializada na comercialização de publicidade em sacos de pão.

Mesmo quando o comércio precisou fechar em decorrência da pandemia, Raphael Mattos focou no sustentável e conseguiu consolidar o negócio, faturando cerca de R$ 3,5 milhões em 2021. “Quando é dado o pontapé para a abertura de uma empresa, há uma pressa para que o negócio se consolide e ganhe fama, mas, assim como é preciso ter paciência com uma criança e não exigir a maturidade de um adulto, o mesmo deve-se esperar do empreendimento. É vital que a paciência prevaleça e que seja dado tempo para que as coisas aconteçam”, afirma Mattos, que é pai de quatro filhos.

Tendência de crescimento do empreendedorismo é mundial

“Em todo o mundo verificou-se um forte crescimento do desemprego, devido à crise sanitária e econômica provocada pela pandemia do coronavírus. Como consequência, temos visto também que aumentou a proporção de pessoas que buscam no empreendedorismo sua opção de manutenção de renda”, analisa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Segundo a pesquisa GEM, em 2020, no Brasil, 44 milhões de indivíduos estavam à frente de algum tipo de empreendimento, correspondendo a uma taxa de empreendedorismo total (TTE) de 31,6%. Desse total, aproximadamente 14 milhões correspondem aos nascentes; cerca de 19 milhões, aos novos empreendimentos; e 12 milhões deles aos chamados empreendimentos estabelecidos, ou seja, aqueles com mais do que 3 anos e meio.


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