Atrás apenas de Mato Grosso do Sul, três estados nordestinos aparecem no topo da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados relativos a setembro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, Pernambuco cresceu 12%, a Bahia, 7,6%, e o Ceará, 7,1%. A média da Região Nordeste também teve bom posicionamento e, se o bloco fosse um único estado, apareceria em quarto lugar na lista, com 7,4% de avanço. Os resultados, porém, não são positivos quando se leva em conta o ajuste sazonal, configurando queda entre agosto e setembro.
O Ceará, por exemplo, teve a maior diminuição nesse setor no país, com -4,6% em setembro. Em Pernambuco, que ficou em terceiro lugar, a retração de um mês para o outro foi de 2,6%, ocasionada, principalmente, pela alta cambial, que gera dificuldades adicionais a uma indústria ainda muito refém de gargalos de infraestrutura. Já na Bahia, o recuo foi de 1,6% em relação a agosto, mês em que a produção industrial havia crescido 0,7%. No Nordeste, a queda foi de 0,5%.
Já no Brasil, a PIM indicou crescimento de 1,1% de um mês a outro e alta em sete dos 15 locais apurados. Os maiores aumentos foram registrados no Espírito Santo (2,4%), Goiás (2,4%), Santa Catarina (2,3%) e Rio Grande do Sul (1,9%). Quando a comparação é feita com setembro de 2023, o avanço da indústria no país foi de 3,4%, com taxas positivas em 14 das 18 localidades pesquisadas.
Em PE e na BA, combustíveis e derivados puxaram avanço na indústria
Em Pernambuco, quando não se considera o ajuste sazonal e se compara setembro de 2023 e setembro de 2024, o aumento de 12% se deu em decorrência da produção de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (59,3%), da metalurgia (34,3%), da fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (20,6%), da indústria de transformação (12%), da indústria geral (12%) e da fabricação de bebidas (10,9%). Por outro lado, foram registradas quedas em atividades como a fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-76,4%), a fabricação de produtos químicos (-12,4%), a fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-4,6%) e a fabricação de produtos de minerais não metálicos (-4,6%).
Já na Bahia, o crescimento de 7,6% na produção industrial entre setembro de 2023 e setembro de 2024 foi puxado por nove das 11 atividades pesquisadas. O segmento de derivados de petróleo (11,6%) registrou a maior contribuição positiva, principalmente pelo aumento na produção de óleo diesel e gasolina. Destaque ainda para os aumentos em produtos químicos (15,5%), produtos de borracha e material plástico (17,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (16,3%). Já os produtos alimentícios (-1,8%) pesaram negativamente no índice, o que se explica pela menor fabricação de carnes de bovinos frescas ou refrigeradas e pasta de cacau. Outro resultado negativo foi o da categoria couro, artigos para viagem e calçados, que apareceu com -11,4%.
Apesar de tombo em setembro, CE cresceu em 2024; RN recuou, mas tem alta acumulada
Os diferentes critérios de avaliação da PIM colocam um mesmo estado em posições antagônicas. Apesar de ter registrado a maior queda do país na produção industrial em setembro em relação a agosto deste ano, o Ceará aparece bem quando se analisa o acumulado dos primeiros nove meses de 2024. Os dados do IBGE indicam que houve avanço de 8,7% no período.
Outro exemplo é o Rio Grande do Norte, que aparece com 21% de retração na atividade industrial, a maior do país, na comparação entre setembro de 2023 e setembro de 2024. A explicação para esse desempenho vem, principalmente, da atividade de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (gasolina automotiva e óleos combustíveis). De janeiro a setembro de 2024, porém, o estado teve um avanço acentuado, com 9,3% no acumulado.
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