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Para enfrentar clima seco e manter produção, Usina Olho D’Água constrói 2 açudes

Os açudes deixaram a empresa menos vulnerável às estiagens que ficaram cíclicas naquela região
Usina Olho D´Água açudes
Uma das barragens construídas pela Usina Olho D’Água é do tamanho da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

Não há dúvida de que o tempo está mais quente. Um dos alertas que fizeram os gestores da Usina Central Olho D’Água perceberem isso foram as estiagens que atingiram a Mata Norte nos anos 90. “A primeira seca que atingiu a região foi a de 1993. A de 1998/1999 foi a primeira grande estiagem com chuva abaixo de 500 milímetros por dois anos consecutivos”, lembra o diretor-presidente da Usina Olho D’Água, Gilberto Tavares de Melo. Para enfrentar a mudança climática, a empresa construiu dois açudes dentro das suas terras.

A estiagem de 1998/1999 levou muitos fornecedores de cana-de-açúcar a deixarem o setor, devastou grandes áreas em municípios da Mata Norte, como Nazaré da Mata e Aliança, entre outros.

Segundo Gilberto, esta estiagem (98/99) reduziu a safra da usina pela metade, ficando em cerca de 500 mil toneladas. A Olho D’Água tem a capacidade de moer 2 milhões de toneladas numa safra. “A gente escapou por causa do Prorenor, um programa na gestão de Jarbas Vasconcelos (MDB) que deu dinheiro para os produtores fazerem o replantio”, recorda Gilberto.

Depois disso, a empresa inaugurou a primeira grande barragem em abril de 2003. O reservatório tem 20,7 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. “O reservatório deu uma estabilidade. Ficamos com 10 mil hectares irrigados e com água para fazer uma irrigação de salvação”, comenta Gilberto. Nesta irrigação de salvação, a planta recebe duas lâminas de água para ocorrer a rebrota da cana-de-açúcar.

Ou seja, uma estiagem severa não atinge apenas a safra daquele ano, mas também a safra seguinte, porque os produtores perdiam também a colheita da planta que ia rebrotar. “Expandimos a área própria da usina numa seca. 2002 foi um divisor de águas”, conta Gilberto.

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Duas décadas depois em 2022, a Olho D’Água inaugurou em novembro mais outra grande barragem com capacidade de armazenar 17,9 milhões de metros cúbicos de água, que pode fazer a irrigação em 2 mil hectares e irrigação de salvação em mais 3 mil hectares. “Fizemos as barragens para dar perenidade às safras. Com este contingente de água, se houver uma seca severa, o que pode acontecer é perder 20% da colheita”, comenta Gilberto, acrescentando que espera que não aconteça mais uma estiagem na proporção de 98/99.

Além das barragens, a empresa também plantou mata ciliar em todo o contorno dos açudes. “Até agora, o ano está normal. As chuvas foram bem distribuídas, mas esta La Niña está esquisita com secas extremas no Sudeste, baixíssima umidade em São Paulo, entre outros fatores”, conta Gilberto. Ele acredita que a mudança do clima na Mata Norte se tornou cíclica.

“Uma luz no fim do túnel”

O empresário afirma também que está começando a ver uma luz no fim do túnel com o cenário que está se desenhando para o setor. “Tá pegando uma carona e pode dar certo”, diz, se referindo aos veículos híbridos que vão usar o etanol, ao SAF – um querosene de aviação renovável que pode ser produzido a partir do etanol – e o biometano. “O setor está se encaminhando para o lado verde”, constata.

Para ele, tanto a Índia como o Brasil terão que produzir mais álcool neste novo cenário. “Na Índia, o preço do álcool é melhor no mercado interno do que o do açúcar. É um preço incentivado pelo governo indiano para despoluir”, resume Gilberto.

Na última safra, a Olho D’Água moeu 2,094 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, quantia que foi um recorde para a empresa. “A nossa expectativa é de repetir a última safra”, conta Gilberto. Com sede na cidade de Camutanga, a usina emprega cerca de 3.500 trabalhadores numa safra e 2.400 pessoas durante a entressafra.

O grupo Olho D’Água tem atualmente três usinas. Em 2019, o grupo comprou a usina Giasa, que fica na cidade de Pedras de Fogo, a 40 km de João Pessoa, na Paraíba. O conglomerado também tem uma usina no Piauí, a Comvap, adquirida há 22 anos. As unidades industriais do grupo produzem vários tipos de açúcar, etanol e energia.

A Usina Central Olho D’Água começou como um engenho, de nome homônimo, comprado pelo avô de Gilberto, Artur Tavares de Melo, e mais dois sócios em 28 de setembro de 1920. Gilberto é a terceira geração que administra a empresa e a quarta geração já participa de várias atividades do grupo.

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