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Stellantis vai fazer biocarvão de casca de café e pesquisa outras biomassas

A Stellantis está desenvolvendo pesquisas para avaliar a eficiência da biomassa da cana-de-açúcar para fazer o biochar, carvão feito a partir da biomassa
Vice-presidente para assuntos regulatórios da Stellantis para a América do Sul, João Irineu Medeiros, fala sobre as iniciativas da montadora para descarbonizar a sua produção. Foto: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

A Stellantis vai desenvolver várias ações que capturem CO2 da atmosfera para cumprir as suas metas de descarbonização. Uma delas será a produção de biochar, um biocarvão feito com casca de café e que começará a ser produzido pela multinacional em Minas Gerais. “Esta iniciativa pode evoluir para outras biomassas, como a biomassa do arroz, da cana-de-açúcar, entre outras que podem ser usadas para fazer o biochar”, disse o vice-presidente para assuntos regulatórios da Stellantis para a América do Sul, João Irineu Medeiros, logo depois de proferir uma palestra no 13º Fórum Nordeste, que ocorreu nesta segunda-feira (02) no Recife.

“Há pesquisas para avaliar a performance da biomassa da cana-de-açúcar no biochar”, conta João Irineu. O biochar é um carvão que pode ser feito com vários tipos de biomassa e já é fábricado em outros lugares do mundo “com bons resultados”, como ocorre na África, segundo o vice-presidente da Stellantis.

A multinacional tem metas de descarbonização que estabelecem uma redução de 50% nas emissões de carbono até 2030 e zero emissão até 2050. Para alcançar estas metas, a companhia terá que reduzir as emissões de carbono no seu processo produtivo, além de implantar programas que capturem o CO2 da atmosfera e convencer os seus fornecedores a reduzirem as emissões no processo fabril deles.

O biochar é uma das iniciativas que capturam CO2 da atmosfera. Neste caso, a casca do café, -que serve de matéria-prima para o biocarvão -, deixa de estar se decompondo na atmosfera, processo que gera a liberação de metano na atmosfera. O metano é um dos gases que contribuem para o aquecimento global assim como o gás carbônico.

“Estamos na terra do café, não podemos perder esta oportunidade. Nossa opção é não comprar crédito de carbono em função de um mercado que é muito flutuante”, comenta João Irineu, se referindo ao fato de que uma grande planta da companhia está em Minas Gerais, um grande produtor deste grão. Uma parte das empresas está reduzindo a sua emissão emissão de carbono com a compra de crédito de carbono gerado, muitas vezes, com o plantio de árvores.

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Ainda para reduzir as suas emissões, a Stellantis constatou que 45% das reduções de emissões podem ser feitas com iniciativas em seus produtos e que 55% podem ser diminuídas com ações na manufatura, cadeia de fornecimento, logística e infraestrutura. Para montar um veículo, são utilizados, em média, 4 mil componentes.

No fornecimento destes componentes à Stellantis, três tipos de materiais respondem por 81% das emissões que são os seguintes com as respectivas emissões: aço e ferro fundido (59%), termoplástico (13%) e alumínio (11%). Somente para o leitor ter uma ideia, a fabricação de uma tonelada de aço emite 1,2 tonelada de CO2. Segundo João Irineu, para fazer a transição para uma economia de baixo carbono, não basta mexer na tecnologia, tem que mexer também na forma como se produz a matéria-prima.

A Stellantis está apostando no carro híbrido – que vai combinar vários níveis de eletrificação com o uso do etanol – para fazer a descarbonização por vários motivos, como a falta de infraestrutura para recarregar o veículo elétrico e porque esta opção vai sair mais barata do que o carro 100% elétrico.

Ainda de acordo com João Irineu, outros países que estão no Hemisfério Sul vão precisar descarbonizar “de forma equilibrada, econômica e sustentável usando esta solução”, o carro híbrido com o uso do etanol. Ele citou como exemplo a Índia.

Tanto o uso da biomassa de cana-de-açúcar para fazer o biochar como o uso do carro híbrido com etanol podem abrir mais mercado para os produtores de cana-de-açúcar e empresários do setor sucroalcooleiro.

A Stellantis é dona da fábrica da Jeep em Goiana, a 71 km do Recife. No polo automotivo de Goiana – que inclui vários fornecedores da empresa – trabalham cerca de 14,5 mil pessoas. A companhia também montou um polo de desenvolvimento de software no Bairro do Recife, que gera emprego para 150 pessoas e exporta software para unidades da empresa espalhadas pelo mundo.

Evento prestigiado

O 13º Fórum Nordeste é uma realização do Grupo EQM, presidido por Eduardo de Queiroz Monteiro. O evento contou com a presença de cerca de 500 executivos de diversas áreas, principalmente do setor sucroalcooleiro – representando as entidades que atuam em vários Estados -, investidores, comunidade acadêmica e autoridades em várias esferas do governo federal, estadual e municipal.

A abertura do evento contou com a presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin; o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro; a ministra da Tecnologia, Luciana Santos; a governadora Raquel Lyra e o prefeito do Recife, João Campos, entre outros.

Nesta edição, as palestras abordaram assuntos dentro do tema do evento: os “Desafios e Oportunidades nos Setores de Biocombustíveis e Energias Limpas”.

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