
Por Bruno Brando, de Fortaleza
A Enel, concessionária de energia do Ceará, a Neoenergia, em Pernambuco, e mais 17 companhias no país abriram solicitação para renovação da concessão por mais 30 anos. Nas perspectivas para o futuro, as empresas miram a continuação com investimentos avaliados em alguns bilhões. No Ceará, por exemplo, a Enel está no comando da distribuição de energia no Estado desde 1998, quando a Companhia Energética do Ceará (COELCE) foi privatizada. Todas as solicitações foram recebidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A antecipação da renovação pode ser confirmada nos próximos meses.
De acordo com a ANEEL, todos os pedidos de renovação de concessões das 19 distribuidoras de energia elétrica que têm contratos de concessão com encerramento previsto entre 2025 e 2031. A partir de agora, a ANEEL terá 60 dias para analisar as solicitações e enviar ao Ministério de Minas e Energia (MME) a avaliação quanto ao cumprimento dos indicadores técnicos e econômico-financeiros. Recebida a recomendação da ANEEL, o MME tem 30 dias para decidir e convocar para assinatura do contrato. Finalmente, as distribuidoras têm 60 dias, contados da convocação, para assinar os aditivos aos novos contratos de concessão.
A Enel anunciou que até lá, fará investimentos altos para a melhoria da rede. Serão investidos cerca de R$ 7,4 bilhões no Ceará, um aumento de 54% em relação ao plano anterior, que totalizava R$ 4,8 bilhões de investimentos previstos para o período de 2024 a 2026, além da construção de 13 novas subestações. Um ponto relevante do plano inclui a contratação, neste período, de cerca de 1.340 novos colaboradores e a incorporação de 480 veículos, para atuar, principalmente, na operação em campo. Apenas este ano, serão contratados cerca de 700 novos colaboradores.
Em Pernambuco, a Neoenergia pretende realizar um investimento de R$ 5,1 bilhões em obras de expansão, modernização e reforço do sistema elétrico em todas as regiões do Estado. Os recursos devem ser empregados em iniciativas que serão implementadas até 2028. Nos últimos cinco anos, a Neoenergia investiu cerca de R$ 3,9 bilhões. Procurada, a Neoenergia não quis comentar o assunto.
Sobre a renovação, através de nota, a Enel confirmou o interesse e que protocolou junto à ANEEL, requerimento para antecipação da prorrogação da concessão do serviço de distribuição de energia elétrica no Estado do Ceará.
“A companhia reitera que tem forte compromisso com seus clientes e com a área de concessão, que abrange todo o território cearense. O investimento será destinado, principalmente, à melhoria, reforço, modernização e expansão do sistema de distribuição”, diz trecho da nota.
Enel tenta superar fase ruim
O presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e dos Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Luiz Carlos Queiroz, se diz otimista com os investimentos propostos pela concessionária. Ele faz uma análise para os próximos anos, visto que o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor da capital cearense (Procon Fortaleza) registrou, somente em 2024, 4.211 reclamações contra a Enel. Até o último dia 31 de março, já foram 929. Em 2023, houve um recorde dos últimos cinco anos, com 5.435 registros.

“Houve nos últimos anos uma degradação do serviço, deixando muito a desejar, mas tivemos algumas mudanças, como a do CEO Global da Enel, com um olhar mais voltado para os ativos da estrutura e houve uma guinada muito positiva. Também, a Enel tem um novo presidente (Nunes Almeida) no Ceará e o que vimos é que houve uma mudança de atitude da companhia no Ceará”, disse Queiroz.
O presidente do Sindienergia diz que o investimento de R$ 7,4 bilhões dá esperança para a melhoria dos serviços no Estado. “É uma empresa que tem ativação no mundo todo, o Ceará é um ativo muito importante para essa companhia, que sabidamente tem muita experiência e nohall para continuar à frente, mas temos que estar sempre vigilantes, pois energia é fundamental, a quantidade de negócios que deixa de ser por falta de uma conexão é impressionante”, pontua.
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