Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Indústria do hidrogênio verde enfrenta desafios

Publicado na Gondwana Research, estudo realizado por pesquisadores do IATI, no Recife, aponta potenciais e desafios da indústria do hidrogênio verde
Ângela Fernanda Belfort
Ângela Fernanda Belfort
angela.belfort@movimentoeconomico.com.br
A maquete mostra a indústria do futuro com geração solar fotovoltaica e eólica próximas a uma fábrica de hidrogênio verde. Foto: Divulgação

O futuro será movido a hidrogênio, mas há desafios para esta nova indústria se instale no Brasil, como o alto custo da eletrólise, a necessidade de infraestrutura específica para transporte e armazenamento e a dependência de políticas de incentivo, que são considerados entraves para que essa tecnologia se torne mais acessível e competitiva, segundo um estudo feita por pesquisadores do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), que tem sede no Recife.

A eletrólise é um processo usado na fabricação do hidrogênio verde que é caro, porque precisa de muita energia elétrica. O estudo sobre hidrogênio renovável feito por pesquisadores do IATI foi publicado na revista Gondwana Research, um periódico científico de alto impacto voltado para pesquisas interdisciplinares sobre geociências, sustentabilidade e inovação tecnológica.

Intitulado em inglês “Hydrogen-powered future: Catalyzing energy transition, industry decarbonization and sustainable economic development, a review”, o estudo aponta o papel do hidrogênio na transição energética e sua relevância para o desenvolvimento sustentável e a descarbonização industrial.

Num cenário global, a pesquisa aponta a existência de mais de 1.500 projetos em andamento, com investimentos superiores a US$ 680 bilhões, concentrados principalmente na Europa, América do Norte e Ásia. No Brasil, a expectativa é de que ocorram investimentos da ordem de R$ 70 bilhões até 2030 na indústria de hidrogênio verde, segundo uma estimativa da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV).

- Publicidade -

O levantamento também aponta o papel que instrumentos financeiros, como títulos verdes e empréstimos vinculados à sustentabilidade podem ter na viabilização da nova tecnologia. O estudo foi liderado pelo cientista e pesquisador associado do IATI Bruno Cabral, doutorando em engenharia química pela UFPE.

Segundo ele, a regulamentação do hidrogênio é importante para que estejam definidos os incentivos que esta nova indústria vai poder vislumbrar, passando inclusive pela questão da diminuição de custos, comparando a outros tipos de tecnologia.

E esses incentivos, de acordo com Bruno, também podem contribuir para que vários setores industriais incorporem o hidrogênio substituindo o gás carbônico nos seus processos produtivos. Usado em vários processos industriais, o gás carbônico é fóssil e emite gases que contribuem para o aquecimento global. O estudo também analisa o impacto do hidrogênio verde em setores de difícil descarbonização, como siderurgia e aviação.

O pesquisador associado do IATI e cientista Bruno Cabral fala sobre o estudo que aponta alguns entraves na implantação da indústria de hidrogênio verde no Brasil. Foto: IATI/Divulgação.

“Os combustíveis fósseis não vão desaparecer do dia para a noite por vários motivos. É uma questão complexa que envolve vários atores”, cita Bruno, argumentando que isso inclui desde os lobistas até as empresas que movimentam muitos recursos com a comercialização dos mesmos, entre outros players.

O estudo projeta que o hidrogênio verde (H2V) pode reduzir 6,5% das emissões globais de CO₂ até 2050, o que contribuiria para as políticas climáticas. O Brasil, por sua matriz energética limpa e disponibilidade de recursos naturais, aparece no levantamento como um potencial fornecedor global de H2V.

Além do impacto ambiental, o estudo destaca a importância do hidrogênio para a economia. “A transição energética baseada no hidrogênio pode gerar novas oportunidades de negócios e empregos, além de fortalecer a segurança energética de diversos países”, afirma Bruno Cabral.

A pesquisa também contou com as contribuições dos cientistas Matheus Henrique Castanha Cavalcanti, Pedro Pinto Ferreira Brasileiro, Paulo Henrique Ramalho Pereira Gama, Valdemir Alexandre dos Santos, Attilio Converti, Mohand Benachour e Leonie Asfora Sarubbo.

 Impacto da publicação da pesquisa sobre hidrogênio

A publicação na Gondwana Research é importante, porque o veículo é reconhecido por suas contribuições às ciências naturais e tecnológicas e a pesquisa tem o DNA de um instituto sediado em Recife (PE) que desenvolve tecnologia localmente. Para Paulo Henrique Ramalho Pereira Gama, diretor de negócios do IATI, a pesquisa reforça a importância do desenvolvimento científico no setor energético.

“O estudo traz dados relevantes sobre o potencial do hidrogênio verde e pode contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas para a descarbonização da matriz energética global”, argumenta o diretor.

*Com informações do IATI

Leia também

Biomassa é tendência no mercado de hidrogênio verde

CE projeta capacidade de geração de 10,4 GW com hidrogênio verde até 2034

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -