A francesa Voltalia vai realizar estudos de viabilidade técnica e financeira visando a oportunidade de construir uma planta de hidrogênio verde (H2V) no Porto de Suape, em Pernambuco. Procurada, a empresa não adianta detalhes como prazo para a conclusão das análises, possível valor do investimento na fábrica e capacidade prevista.
A decisão da multinacional de prospectar negócios na área de hidrogênio verde no Nordeste é mais um capítulo na guerra que vem sendo travada entre os estados nordestinos em torno de quem será o pioneiro e protagonista da cadeia de H2V no Brasil. Estão na briga, como favoritos, Bahia, Ceará e Pernambuco. Recentemente, o Piauí entrou na disputa.
O memorando de entendimento (MoU) da Voltalia com o Governo de Pernambuco e o Complexo Industrial Portuário de Suape foi assinado esta semana, no Recife. Subscreveram o documento a diretora Kátia Monnerat, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, e o diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot.
Aposta no hidrogênio verde é estratégica
Considerado o combustível do futuro, pelo potencial de acelerar a descarbonização da economia, o hidrogênio verde vem provocando uma corrida do ouro em nível mundial.
Players de diversos segmentos do setor de energia estão investindo em pesquisa e anunciando projetos na casa dos bilhões em regiões com vocação para geração limpa, como o Nordeste brasileiro. Até grandes consumidores de energia ou de amônia verde – subproduto do H2V – se mobilizam para entrar no jogo.
No caso da Voltalia, o CEO Robert Klein deixa claro que o desenvolvimento do negócio é prioridade para a empresa. “Apostamos no hidrogênio verde como vetor estratégico para acelerar a transição energética”, afirma.
Segundo ele, a companhia “contribuirá com toda a sua expertise técnica e com o seu portfólio de projetos eólicos e solares para desenvolver a nova atividade”.
“O fato de o consumo de energia representar mais de 60% dos custos de produção do hidrogênio verde coloca a Voltalia, um dos principais players na geração de energias renováveis, em uma posição estratégica como forte competidora no emergente mercado brasileiro de hidrogênio verde”, acrescenta.
Mais um passo para viabilizar polo de hidrogênio verde
O secretário Guilherme Cavalcanti comemora “mais um passo firme na direção de construir em Pernambuco a indústria do futuro, baseada em energia limpa e renovável”.
“A Voltalia vem produzir amônia aqui no estado a partir do hidrogênio verde. Estabelecemos um cronograma com etapas que vão viabilizar a chegada da empresa em Pernambuco”, comenta. Os prazos do plano de trabalho, no entanto, não foram divulgados.
Quem é a Voltalia no Brasil?
Uma das fundadora da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), a Voltalia atua na área de energias renováveis no Brasil desde 2006, com foco principal em geração eólica e solar. A empresa participa do setor tanto no desenvolvimento de projetos, quanto na produção de energia.
Sua capacidade instalada atual é de 1,4 gigawatts (GW) de potência solar e eólica, grande parte dela no Nordeste, mais precisamente no cluster Serra Branca (RN). Outros 7 GW serão agregados por meio de plantas em fase de construção.
Recentemente, a companhia passou também passou a oferecer serviços de operação e manutenção (O&M) de parques de geração limpa, aproveitando o crescimento vertiginoso pelo qual essa indústria vem passando no país. Os contratos nessa área totalizam uma capacidade instalada de 2,9 GW.
Além disso, atenta à movimentação dos concorrentes, a empresa resolveu se mover para não ficar de fora da cadeia do H2V e derivados e se diz “focada tanto nas oportunidades de consumo existentes no mercado interno, quanto em atender a demanda de offtakers internacionais”.
Voltalia no mundo
Sediada em Paris, a Voltalia é um player internacional no setor de energias renováveis, que produz e vende eletricidade gerada a partir das fontes eólica, solar, hídrica e de biomassa. Apta a prestar serviços a seus clientes investidores em projetos de energia renovável desde a concepção e desenvolvimento do projeto até a operação e manutenção de suas plantas e venda de energia, a companhia está presente em 20 países e conta com mais de 1.500 colaboradores.
A empresa é listada no mercado regulamentado da Euronext Paris, compartimento A (FR0011995588 — VLTSA) e faz parte dos índices EnterNext Tech 40, CAC Mid & Small e Euronext Tech Learders. o grupo também está incluído no Gaïa-Index, um índice para midcaps socialmente responsáveis.
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