A plataforma para a economia de baixo carbono que o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S/A) vai implantar, com previsão de investimentos privados de US$ 8 bilhões, teve a licença prévia concedida pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) nesta quarta-feira (25). O chamado Hub do Hidrogênio Verde terá 1.265 hectares, o equivalente a mais de 1.200 campos de futebol.
A autorização prévia para o projeto – onde serão instaladas indústrias de H2V, amônia verde e outros subprodutos, além de parques de tancagem e um corredor logístico – marca mais uma etapa no licenciamento do Hub de Hidrogênio Verde do Pecém. O objetivo do empreendimento é transformar o Ceará em líder nacional e player global na produção e distribuição de hidrogênio verde e derivados.
“Com a licença prévia, conseguimos agilizar o processo para as empresas da economia de baixo carbono que estão se instalando no Complexo do Pecém. Elas ganham agilidade para avançar nos seus processos”, destaca o presidente do Complexo do Pecém, Hugo Figueirêdo.
Economia de baixo carbono
No início de setembro deste ano, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) já havia aprovado, em sua 309ª reunião ordinária, a implementação do Hub de H2V. A votação teve 20 votos a favor, quatro votos contra e uma abstenção.
Na reunião, o superintendente da Semace, Carlos Alberto Mendes, destacou que o Ceará “faz história de forma planejada e organizada na economia de baixo carbono, criando as condições para atração de investimentos”.
“Nesse projeto, que utilizará uma área da nossa Zona de Processamento de Exportação, a ZPE Ceará, as empresas terão a oportunidade de iniciar o processo na etapa de licença de instalação, visto que todo estudo da área já foi realizado”, acrescenta o gestor.
“Além disso, o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório) foi aprovado com mais de 25 planos e programas para mitigação dos impactos ambientais, o que potencializa os impactos positivos do hub na sustentabilidade”, ressalta Carlos Alberto Mendes.
O EIA/Rima do Hub de H2V foi apresentado em audiência pública realizada em julho passado, no Porto do Pecém. Inédito no Brasil, o estudo foi elaborado pela MRS Estudos Ambientais, que presta consultoria ao complexo portuário.
Confira os números do Hub de H2V
O Hub de H2V soma até agora 33 memorandos de entendimento e quatro pré-contratos assinados entre o governo do estado e empresas privadas. Essas intenções de investimento, junto com os aportes de US$ 90 milhões que serão realizados pela autoridade portuária em infraestrutura para a cadeia do hidrogênio verde, posicionam o Ceará na liderança da corrida pelo “combustível do futuro” no Nordeste.
Conheça o hidrogênio verde e seu papel na economia de baixo carbono
O hidrogênio verde é obtido por meio da eletrólise da água e a sua produção deve ser carbono zero em todas as etapas, o que inclui a exigência de utilização de energia 100% limpa e renovável – como solar, hídrica ou eólica – para que seja homologado pelas entidades internacionais do setor. Na eletrólise, os átomos de hidrogênio da água são separados do oxigênio por meio de corrente elétrica, gerando o H2V.
O insumo, em sua versão sustentável, é considerado essencial para a descarbonização do planeta, já que o hidrogênio é uma matéria-prima imprescindível e utilizada em larga escala em diversos setores industriais, desde o segmento de alimentos até fertilizantes, entre outros.
Porém 96% da produção mundial atual é resultante de métodos poluentes, responsáveis pela geração de 830 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o correspondente a 2% das emissões anuais de CO2 em todo o mundo.
Ao adotar um processo de produção limpo, a fabricação do hidrogênio verde (H2V) a partir da água – ou de etanol – tem se mostrado uma alternativa promissora na transição energética global para a economia de baixo carbono.
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