Com valor da energia elétrica em alta, geração de energia pelo próprio consumidor tem sido a saída para muitos cearenses
Por Waleska Saraiva
Entre todas as altas e inflações vivenciadas pelo consumidor brasileiro em 2021, uma delas, sem dúvida, assumiu o protagonismo como um dos maiores vilões: a energia. Com apagões e com os sucessivos aumentos nas contas de energia, chegando a acréscimos de quase 15% a cada 100kw consumidos, uma alternativa foi adotada por muitos moradores cearense: a geração da própria energia, com a aquisição de placas solares fotovoltaicas.
Somente no Ceará, a escalada da Geração Distribuída (geração de energia pelo próprio consumidor) foi de 113% em se tratando de novas unidades produtoras, e já são quase 30 mil consumidores usufruindo desse tipo de geração, conforme o Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico (Sindienergia/CE), com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Ceará entra em 2022 ocupando a nona colocação no ranking de Geração Distribuída e a quinta colocação em se tratando de Geração Centralizada de Energia Solar, chegando a uma produção de quase 3 gigawatts (GW), entre usinas em operação, em construção e ainda não iniciada.
Ainda de acordo com a Associação, o Brasil acaba de ultrapassar a marca histórica de 13 GW de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em sistemas de médio e pequeno portes instalados em telhados, fachadas e terrenos e em grandes usinas centralizadas.
Para o presidente do Sindienergia/CE, Luiz Carlos Queiroz, 2021 foi positivo para as energias renováveis no Ceará e no país, de maneira especial. ‘’Em meio à descarbonização que o mundo vive, nosso país vem tentando também não ficar de fora desse movimento tão importante e o Ceará tem despontado entre os maiores produtores desse tipo de energia. Com a iminência de um racionamento no Brasil, ficou ainda mais nítido que não é mais possível depender das chuvas para gerar energia ou de uma energia cara e poluente, originária das térmicas, e, portanto, a necessidade de desenvolvermos mais energias alternativas é urgente. Cada vez mais, o país, que ainda conta com cerca de 60% da sua matriz dependente das hidrelétricas, percebe que é preciso diversificar, de preferência com fontes igualmente limpas, mas, estáveis”, ressalta ele.
“Hoje, as eólicas e solares ainda representam fatias tímidas nessa pizza da matriz energética brasileira: a primeira corresponde a apenas 10% e a segunda a cerca de 2%. Por outro lado, temos sol e vento em abundância e a lógica que devemos vivenciar é uma migração, cada vez maior, para essas fontes, tendo em vista também o fator sustentabilidade”, observa Queiroz.
Para o diretor da Geração Distribuída do Sindienergia no Ceará, Hanter Pessoa, a recente aprovação do Marco Regulatório da Geração Distribuída também é um fator importante para o maior crescimento do segmento entre os consumidores, uma vez que a lei trará muito mais segurança jurídica e, consequentemente, uma adesão ainda maior dos consumidores à geração de energia própria: “Chegamos ao final do ano com quase 30 mil cearenses usufruindo desse excelente negócio – sustentável e econômico – que é gerar a própria energia por meio de sistema solar fotovoltaico, um crescimento superior a 100%”, destaca Pessoa.
Recentemente, o Ceará também fez parte de um acontecimento importante: sediou a assinatura da regulamentação das usinas híbridas, outra grande conquista para o setor, além da ascensão do Hidrogênio Verde, que deve elevar o Estado a uma posição de destaque.
“A nossa perspectiva para 2022 é extremamente positiva, de continuidade de crescimento do setor em diversos vieses, caminhando para uma maior oferta de energia e o que é mais importante: abundante, mais barata e sustentável”, pontua o presidente do Sindienergia/CE, Luís Carlos Queiroz.