As famílias alagoanas estão consumindo menos e estão mais receosas em realizar compras a prazo. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Alagoas que analisou o Índice de Consumo da Família (IFC). Alagoas segue uma tendência nacional de redução de consumo de alguns bens, ficando em 28,5% na comparação mensal de junho.
De acordo com a pesquisa, houve recuo de -0,4% entre maio e junho, seguindo a tendência nacional de queda de -0,7%. O ICF é composto de subíndices variando de zero a 200 pontos, sendo abaixo de 100 pontos um indicativo de insatisfação e, acima de 100 pontos, satisfação em relação às condições de consumo. Na variação mensal, estes subindicadores tiveram os seguintes desempenhos: Emprego Atual, 149 pontos; Perspectiva Profissional, 174 pontos; Renda Atual, 142 pontos; Compra a Prazo (acesso ao crédito), 95,4 pontos; Nível de Consumo Atual, 104 pontos; Perspectiva de Consumo, 102,4 pontos; e Momento para Duráveis, 84,5 pontos.
Os indicadores de acesso a crédito e compra de bens duráveis são os que apresentam menor satisfação por parte dos consumidores, em junho. “Isto faz sentido, haja vista que a compra de bens duráveis, a exemplo de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, demanda crédito e esse movimento é corroborado por ser o subíndice de maior variação negativa no conjunto, com -3,9%”, avalia o economista Francisco Rosário.
Em relação ao acesso ao crédito, embora tenha tido uma redução de 0,9% na variação mensal, na comparação anual houve aumento de 44% em termos de nível de satisfação das famílias (95%), o que pode ter sido motivado pela mudança, em maio, pela interrupção da tendência de queda da taxa de juros do Banco Central e pelo fato de os agentes de crédito terem modificado suas taxas para o mercado.
Quanto à Perspectiva Profissional, apesar de a percepção atual sobre o emprego estar mais favorável (+1,1%), houve um recuo geral de -0,1% entre maio e junho. Mesmo na margem, isto demonstra que os consumidores estão com um pouco de cautela em relação aos próximos resultados do mercado de trabalho. Na comparação anual, houve redução de -3% na perspectiva do emprego atual, indicando um consumidor mais pessimista sobre seu emprego.
Momento para o consumo é desafiador
A pesquisa do Instituto Fecomércio AL demonstra, ainda, que o acesso ao crédito recuou – 0,9%, em junho; indicador de que “o consumidor percebe o momento desafiador no mercado de crédito e o risco de inadimplência, conforme mostrado na última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic), do Instituto Fecomércio. Contudo, esse valor ainda é pequeno, e está na margem, quando comparado com o crescimento de 44% da variação anual”, observa Rosário.
Na percepção dos alagoanos, o acesso ao crédito está mais fácil para 30,4%, mais difícil para 35% e igual ao ano passado para 8%. Em termos de análise do volume de consumo, existe também uma relativa estabilidade em termos de famílias que estão comprando mais (32,5%), quando comparado mensalmente, e um crescimento entre as que estão mantendo seu poder de compra adquirindo o mesmo volume de produtos no mês anterior (39,1%). Observa-se também uma ligeira redução no percentual de famílias que estão consumindo menos (28,5%), na comparação mensal.
Na variação mensal, enquanto o consumo entre estas famílias teve um leve recuo, saindo de 120,7 para 120,1, nas famílias com renda maior de 10 salários mínimos houve crescimento, saltando de 142,16 para 144,08. “O valor do índice reflete mais a sensibilidade da propensão ao consumo das famílias com renda menor que 10 salários mínimos, exatamente por serem as mais numerosas em Alagoas. Além dessa constatação, é possível observar que são as famílias de menor renda que mais sentem os efeitos de oscilações negativas na conjuntura econômica”, explica Rosário.
*Com informações Fecomércio Alagoas
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