Em maio o índice de Intenção de Consumo das Famílias pernambucanas (ICF-PE) continuou avançando na comparação anual, mas ficou estável quando comparado ao mês imediatamente anterior.
No comparativo anual, com relação a maio de 2021, o índice registrou alta de 21%. Nesta base de comparação, o desempenho positivo foi seguido em todos os componentes do ICF. Embora as condições de consumo continuem afetadas pela alta acelerada dos preços ao longo deste primeiro semestre, a sensação de que o mercado de trabalho melhora, ainda que lentamente, desde o segundo semestre do ano passado, contribui para que as famílias apontem uma intenção de consumo maior, mês a mês, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Não obstante esse avanço, é importante destacar que o índice ainda se encontra abaixo do nível de satisfação (100 pontos), registrando 81,5 pontos em maio, e também ainda abaixo do resultado pré-pandemia, que era de 87,3 pontos em março de 2020. Por outro lado, é o melhor resultado registrado pela pesquisa desde maio de 2020 (quando caiu para 71,6 pontos, antes despencar para 54,7 pontos em julho).
Pernambuco: evolução do ICF (valores em pontos) – janeiro/2020 a maio/2022
Fonte: ICF-CNC.
No comparativo mensal, o índice registrou variação de -0,3%, ficando praticamente estagnado com relação a abril de 2022.
Para esse resultado entre abril e maio contribuíram positivamente as percepções das famílias sobre a segurança no ‘emprego atual’, sobre o ‘nível de renda atual’ em relação ao ano passado, bem como sobre a ‘perspectiva profissional’ – ou seja, a esperança de que o mercado de trabalho atual trará melhores condições nos próximos seis meses –, fato que corrobora a sensação de que a retomada das atividades, sobretudo dos serviços, animou o ímpeto de consumo das famílias no primeiro quadrimestre, refletindo no resultado do ICF em maio.
Na contramão, contribuindo negativamente para o resultado de maio, destaca-se a percepção sobre o ‘nível de consumo atual’ e a ‘perspectiva de consumo’ nos próximos três meses, ambos em queda na comparação com abril. Esse movimento reflete o impacto da alta de preços registrada no primeiro quadrimestre e sobre a capacidade de aquisição de bens no ‘momento para duráveis’
Pernambuco: ICF e subíndices – maio/2021, abril/2022 e maio/2022
Dimensão | Mai/21 | Abr/22 | Mai/22 | Variação Mensal * | Variação Anual ** |
ICF Geral | 67,4 | 81,8 | 81,5 | -0,3% | 21,0% |
Emprego atual | 82,3 | 91,9 | 93,1 | 1,4% | 13,2% |
Renda atual | 83,2 | 92,5 | 93,7 | 1,2% | 12,5% |
Nível de consumo atual | 46,6 | 66,3 | 65,1 | -1,8% | 39,7% |
Compra a prazo | 91,0 | 98,0 | 98,5 | 0,5% | 8,2% |
Momento para duráveis | 49,3 | 70,3 | 68,3 | -2,9% | 38,4% |
Perspectiva profissional (6 meses) | 67,9 | 83,4 | 84,7 | 1,5% | 24,8% |
Perspectiva de consumo (3 meses) | 51,2 | 70,0 | 67,3 | -3,9% | 31,5% |
Fonte: ICF-CNC. Nota: * base: mês imediatamente anterior; ** base: mesmo mês no ano anterior.
De fato, embora ainda apresente a segunda pior situação de desemprego do país, com taxa de desocupação em 17,0% (logo atrás da Bahia 17,5%), e uma queda de 6,2% na massa de rendimentos do trabalho nos 12 meses encerrados em março (atrás apenas do Paraná, com queda de 6,8%), cabe salientar que o estado reduziu a desocupação em 4,8 pontos percentuais desde 2° trimestre do ano passado, quando era de 21,8%, o que ajudou a melhorar minimamente a situação das famílias e corrobora a percepção captada pelos componentes ‘emprego atual’ e ‘perspectiva profissional’ do ICF .
Brasil, Ceará, Pernambuco e Bahia: taxa (%) de desocupação das pessoas com 14 anos ou mais de idade – 4° trimestre de 2019 ao 1° trimestre de 2022
Fonte: PNAD/IBGE.
Esse avanço, entretanto, carrega o aumento da participação dos trabalhadores por conta própria na estrutura ocupacional. Esses trabalhadores, em geral, percebem ganhos menores na ocupação, o que aliado à queda do rendimento dos empregos com carteira assinada em relação ao pré-pandemia, vem fazendo com que o rendimento médio real das pessoas ocupadas registre o menor nível da série histórica da PNAD/IBGE iniciada no 1° trimestre 2012.
Pernambuco: rendimento (R$) médio real do trabalho principal, segundo categorias de emprego selecionadas – 4° trimestre de 2019 ao 1° trimestre de 2022
Fonte: PNAD/IBGE.
*Com informações da Fecomércio-PE
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