Considerado um dos principais setores econômicos de Alagoas, o turismo tende a se manter em crescimento e superar os resultados obtidos na última alta temporada. A secretária do Turismo, Bárbara Braga, conversou com o Movimento Econômico sobre ações para promover Alagoas internacionalmente e das ações realizadas para fortalecer a cadeia produtiva do setor local. Confirma abaixo os melhores trechos da entrevista:
Movimento Econômico – Qual a expectativa para a próxima temporada 24/25 e movimentação da economia? Vocês já estimam valores?
Bárbara Braga – Sem dúvida alguma o segmento turístico tem sido extremamente importante quando falamos sobre a movimentação econômica do nosso estado. Inclusive, precisamos tocar neste assunto para mostrar o quanto o Governo de Alagoas, por meio da Setur, vem desenvolvendo um trabalho de fomento, de incentivo e que vem gerando grandes resultados para a nossa população.
Trata-se de um setor transversal, que impacta cerca de 100 atividades econômicas distintas e que, por consequência, também traz grandes impactos para a geração de emprego e renda. Prova disso é que fomos o estado que mais cresceu no PIB em 2023, chegando a 6,5%, mais que o dobro da média nacional. O nosso trabalho também contribuiu para que Alagoas, no ano passado, se tornasse o estado nordestino que mais gerou empregos, ficando entre os cinco primeiros entre todos os estados da federação.
Ou seja, as nossas expectativas para a temporada 24/25 são as melhores possíveis. Somente em conjunto com a operadora Azul já anunciamos a previsão de 46 voos dedicados semanais, saindo de 18 mercados emissores distintos: Araçatuba (1); Campinas (10); São Paulo (3); Bauru (1); Presidente Prudente (1); Ribeirão Preto (3); São José do Rio Preto (4); Londrina (1); Curitiba (1); Cascavel (1); Foz do Iguaçu (2); Ubá (1); Uberlândia (3); Belo Horizonte (7); Cuiabá (1); Goiânia (3); Recife (2); Rio de Janeiro (1).
Além disso, teremos a maior temporada de cruzeiros da história. Se na última temporada foram registrados mais de 141 mil leitos, a estimativa é de que mais de 148 mil leitos sejam ofertados na temporada 24/25, que inicia em novembro e se estende até abril de 2025. Se os leitos disponíveis forem ocupados, é esperado que sejam injetados mais de R$ 80 milhões na economia do estado com o fluxo de turistas que chegam através destes cruzeiros, entre outras ações estratégicas que nós temos adotado com o apoio do Governo de Alagoas, como as festas de réveillons, por exemplo, que geraram um retorno de R$ 300 milhões para a nossa economia, contando apenas os cinco maiores: Celebration, Arcanjos, NemVem, Mil Sorrisos e Tamo Junto.
ME – Mas como estão as negociações para inserir Alagoas como um destino internacional além das rotas sul-americanas e com Portugal?
BB – O fortalecimento do turismo internacional tem sido um trabalho constante e que vem trazendo resultados contínuos para o nosso estado. Prova disso são os voos internacionais já conquistados em 2024, como os dois que irão partir de Portugal, das cidades de Porto e Lisboa, para o mês de dezembro, no Réveillon. Só operações partindo do Uruguai conquistamos três neste ano, além de mais dois voos extras partindo de Buenos Aires para o mês de julho.
É sempre o nosso objetivo, fortalecer as regiões turísticas no que tange à infraestrutura logística do destino e seus produtos, assim como ampliar e fortalecer os mercados de atuação. Alagoas tem vocação natural e uma rede hoteleira em expansão capaz de absorver a demanda crescente de turistas no estado. Cada vez mais, estamos nos consolidando no mercado internacional e isto prova o quanto estamos preparados para receber visitantes de qualquer parte do mundo.
Em março deste ano, participamos de um workshop, idealizado pela operadora latino-americana Infinitas Travel, para promover o nosso destino em mercados estratégicos, como Santiago, no Chile, além de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina.
A Setur fecha parceria com operadoras internacionais e vai in loco capacitar os agentes de turismo que vão vender diretamente o destino, além disso sempre nos articulamos para fomentar a malha internacional com voo fretados em alguns meses, como é o caso Réveillon, Semana Santa etc.
ME – Além dos 16 novos hotéis previstos para serem entregues até 2026, a Setur possui mais estratégias, como por exemplo, desenvolver áreas pouco conhecidas, como o Litoral Sul do Estado?
BB – Além da promoção, Alagoas também investe em planejamento dos destinos turísticos, já que o turismo é uma atividade econômica atrelada diretamente ao ordenamento urbano, infraestrutura e planejamento sustentável das cidades, como as entregas dos Planos Diretores de Barra de Santo Antônio, São Miguel dos Milagres, Japaratinga, Porto de Pedras e Piranhas.
Em relação ao Litoral Sul do nosso estado, uma das nossas estratégias é fomentar e fortalecer cada vez mais o turismo de base comunitária. Em junho deste ano, por exemplo, nós promovemos um benchmarking (análise comparativa) entre os representantes das associações das ostras e mel da Reserva Paleteia e a Associação Peixe-Boi, que fica localizada em Porto de Pedras. Foi uma oportunidade para eles observarem de perto como funcionam alguns pontos importantes, além do contato com o próprio mamífero em seu habitat natural.
10 representantes da Reserva Paleteia, também conhecida como Paraíso das Ostras da Barra de São Miguel, que participaram da visita, puderam verificar de perto os processos, estratégias, produtos, educação ambiental, além da evolução das organizações. Claro, a região tem toda a sua vocação natural para atrair turistas de todo o Brasil e do mundo, com todas as suas praias maravilhosas, hotéis e pousadas, além da gastronomia incrível que todos podem desfrutar.
O nosso planejamento também gira em torno do turismo de eventos, como 3º Circuito Banco do Brasil de Surfe, competição organizada pela Liga Mundial de Surfe (WSL), que retornou ao estado após 26 anos e aconteceu na Praia do Francês, na cidade de Marechal Deodoro, em maio deste ano. Movimentamos toda a cadeia turística da cidade, desde bares e restaurantes, pousadas e hotéis, até o microempreendedor que tem o seu negócio naquela região e que ganha com todo esse movimento de atletas e do público.
A atração de novos empreendimentos também está em nosso escopo de trabalho. A exemplo dos dois novos Vila Galés que chegarão em Coruripe, gerando renda, emprego e desenvolvimento para a região.
ME – A Setur possui algum levantamento que aponte qual segmento do turismo mais cresceu nos últimos anos? Pode falar um pouco sobre ele?
BB – O turismo alagoano vem crescendo de uma maneira contínua e significativa. É um setor muito importante para o estado, até por impactar diretamente em mais de 100 atividades, como a rede hoteleira, pousadas, restaurantes, entre outros pontos que movimentam a nossa economia. Prova disso é que Alagoas registrou a mais alta temporada da sua história, com crescimentos expressivos no fluxo turístico e na ampliação da malha aérea. Cerca de 1 milhão de turistas movimentaram o estado no período de dezembro de 2023 a março de 2024.
Além disso, os voos extras obtiveram um crescimento de 52,09%, com 327 voos durante o período. Todo esse fluxo injetou cerca de 2 bilhões de reais na economia do estado, considerando a estadia média de 4,5 dias e um ticket médio de 100 reais.
A nossa rede hoteleira também está em crescente expansão, passando de 16 mil leitos para 51 mil. Prova das políticas públicas de atração fiscal, destino estruturado e um turismo que é pensado em parceria entre o público e o privado.
ME – Como anda o turismo de negócios em Alagoas? Que atrativos o estado tem para esse tipo de turismo?
BB – Alagoas vai além das belezas paradisíacas, do artesanato e da gastronomia. O nosso destino, sem dúvidas, apresenta inúmeras possibilidades para a consolidação do turismo de eventos e negócios, contando com equipamentos e serviços de ponta para a realização de congressos e encontros corporativos nacionais e internacionais.
Temos uma localização privilegiada e uma rede hoteleira de ponta próxima ao principal equipamento para realização de eventos em Maceió: o Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso.
A reforma tributária e o turismo nordestino
ME – As mudanças da reforma tributária impactam a economia brasileira em várias frentes, mas essas mudanças também trazem impactos para o turismo alagoano? Se sim, em que situações ou segmentos?
BB – Uma das principais atividades econômicas do estado e sinônimo de transformação social através da geração de emprego e renda. É assim que enxergamos o turismo de Alagoas, que tem se destacado em todos os segmentos econômicos. Pensando nisso, temos adotado algumas estratégias que possam impactar de forma positiva a vida não só dos turistas, mas também dos empreendedores e microempreendedores alagoanos.
Em 2023, por exemplo, o Governo de Alagoas lançou o programa Crédito do Trabalhador, que oferta linhas de créditos exclusivas para os microempreendedores individuais do turismo. O programa disponibiliza empréstimos de R$ 5 mil à R$ 21 mil para MEIs e de R$ 10 mil à R$ 400 mil para ME, que são viabilizados através dos recursos do Fundo Geral do Turismo (Fungetur), sendo operacionalizados pela Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve). Além disso, o recurso apresenta juros abaixo do praticado pelo mercado.
Aliás, não é de hoje que o Governo do Estado tem pensado em estratégias de incentivo para as empresas de turismo em Alagoas. Nós temos o Fundo Geral do Turismo (Fungetur), que oferece suporte financeiro para o desenvolvimento de políticas públicas ligadas à atividade turística, o Prodesin, programa que visa a promoção de estímulos voltados para a expansão, desenvolvimento e a modernização de empresas alagoanas, oferecendo incentivos fiscais de redução de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias de Serviços) e outros benefícios como a cessão de terreno para grandes empreendimentos hoteleiros que queiram se instalar em Alagoas.
Sem falar no IPVA Zero, o qual as empresas de transporte e de guia de turismo podem ser isentas de pagar o Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que tem por finalidade ser uma fonte estável de recursos para financiamento de atividades produtivas no Nordeste, buscando a promoção do desenvolvimento social e econômico da região.
O Governo de Alagoas também reduziu o ICMS sobre o querosene de aviação (QAV). No caso da GOL Linhas Aéreas, por exemplo, a carga tributária do QAV teve redução de cerca de 45%: o ICMS somado ao adicional de ICMS (Fecoep) passou de 9% para 5%.
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