Os carros elétricos caíram no gosto do consumidor brasileiro e estão aumentando em todos os estados do Nordeste. Levantamento realizado pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostra que a região registrou mais de 11 mil emplacamentos de veículos elétricos ou híbridos nos primeiros seis meses do ano, respondendo por 14,2% do total de novos veículos comprados no Brasil. Bahia e Pernambuco lideram entre os estados com o maior número de emplacamentos.
De acordo com o levantamento, na Bahia foram registrados 2.292 emplacamentos de veículos leves eletrificados, o que corresponde a 2,9% do total de emplacamentos no país. Pernambuco aparece logo atrás, com 2.117 emplacamentos, respondendo por 2,7% do total nacional. O Ceará registrou 1.823 emplacamentos e Alagoas 1.110.
Já entre as 50 cidades do país com mais emplacamentos de eletrificados nos primeiros seis meses do ano, Salvador foi a nona cidade do país, com um total de 1.445 unidades. Em décimo lugar aparece Fortaleza, com 1.310 emplacamentos, em 11º está Recife, com 1.250, e em 14º lugar ficou Maceió, que emplacou 858 unidades no primeiro semestre de 2024.
A procura pelos modelos chineses, que oferecem alta tecnologia, detalhes exclusivos no interior dos veículos e a possibilidade de alternar o abastecimento entre energia elétrica e combustíveis fósseis tem impulsionado também as concessionárias a expandirem seu portfólio e representação.
A Parvi, representante oficial da BYD em vários estados, responde pela marca em Pernambuco e Bahia, estados que lideram a busca pelos modelos eletrificados no país. Segundo o diretor comercial, Divanildo Albuquerque, a empresa aumentou sua cobertura nos dois estados, abrindo novas lojas que atendam as demandas do consumidor na capital e interior do estado.
“Em Pernambuco além da loja em Boa Viagem, no Recife, expandimos a operação para Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Afogados de Ingazeira, Caruaru e Petrolina. Na Bahia, além de Salvador, também estamos operando em Feira de Santana. Nas nossas lojas, oferecemos o serviço completo, com venda, serviços e locais para carregamento dos veículos, tudo pensado na segurança e conforto dos nossos clientes”, disse.
Em junho, por exemplo, a Parvi registrou fila de espera em João Pessoa, capital paraibana, pelos novos modelos da BYD, o BYD Song Pro e BYD King. “Hoje trabalhamos com todos os modelos da montadora e temos notado a boa aceitação dos veículos pelos consumidores por conta da isenção do IPVA para veículos elétricos tem sido importante para o consumidor optar por veículos que operam com energias limpas”, afirmou Divanildo.
Novos emplacamentos, mas medidas do governo preocupam
Em todo o país, de janeiro a junho foram registrados 79.304 veículos leves eletrificados vendidos no Brasil. Esse total representa um aumento expressivo de 146% sobre os 32.239 do primeiro semestre de 2023 e de 288% sobre os 20.427 do primeiro semestre de 2022.
Ainda segundo a ABVE, o resultado do primeiro semestre consolida a evolução do mercado brasileiro de eletromobilidade, hoje dominado pelos veículos elétricos plug-in e, dentre estes, pelos BEV totalmente elétricos. De janeiro a junho de 2024, os BEV (veículos elétricos à bateria) representaram 39% dos emplacamentos de eletrificados no país (31.204). Os PHEV, veículos elétricos híbridos que também têm recarga externa, responderam por 29,5% (23.296). Os veículos plug-in, portanto (BEV + PHEV), somaram nada menos do que 69% do mercado de eletrificados leves no período no Brasil.
Já os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% das vendas no primeiro semestre (7.394). Os HEV flex a etanol, com 14% (10.987). E os micro-híbridos MHEV, com 8% (6.423).
Entenda a diferença entre os veículos eletrificados:
Apesar dos bons resultados do período, o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, alerta que o governo federal novas alíquotas de aumento do Imposto de Importação dos veículos eletrificados, que entraram em vigor no dia 1º de julho. Os BEV passaram de 10% (em 1º de janeiro de 2024) para 18%. Os híbridos plug-in PHEV (veículo elétrico híbrido recarregável), de 12% para 20%. E os HEV (híbridos não plug-in), de 15% para 25%. Todas as alíquotas devem chegar a 35% até julho de 2026, segundo o cronograma divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento (MDIC) no final do ano passado.
“Os números de junho e do primeiro semestre confirmam o excelente momento da eletromobilidade no Brasil, mas temos de ficar atentos aos perigos de retrocesso na rota de descarbonização e eficiência energética da matriz brasileira de transporte. Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026”, acrescentou Ricardo Bastos. “Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”.
Outra preocupação é a eventual inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, o chamado “imposto do pecado”. Para a ABVE, não faz sentido incluir os veículos elétricos nessa categoria. “Os veículos elétricos são produtos de alto grau de tecnologia, que contribuem para a redução da poluição urbana, das emissões de gases do efeito estufa e dos altos níveis de ruído nas cidades brasileiras”, afirmou o presidente da ABVE. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, concluiu Ricardo Bastos.
*Com informações ABVE
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