Saiba como o PIB da Bahia cresceu 2,9% com exportações estagnadas

Estimulado pela queda nos juros, inflação controlada e redução do envidividamento, o comércio lidera incremento do PIB da Bahia
PIB da Bahia foi puxado pelo comércio no primeiro semestre do ano
PIB da Bahia teve o comércio como principal responsável pelo crescimento no 1º trimestre do ano/Foto: Roberto Abreu/Salvador

O PIB da Bahia cresceu 2,9% no primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período de 2023, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (11) pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), órgão vinculado ao governo estadual. De janeiro a março de 2024, o produto interno bruto estadual totalizou R$ 122,9 bilhões, dos quais R$ 108,6 bilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) e R$ 14,3 bilhões relativo aos impostos arrecadados.

O incremento da economia local se deve ao mercado interno e ao setor de serviços, especialmente o comércio, já que o estado passa por uma fase difícil no comércio exterior.

As exportações no primeiro trimestre ano ficaram estáveis em relação a igual período de 2023, o que não é uma boa notícia, num ciclo de desempenho irregular do estado nas vendas externas. A Bahia vem intercalando meses de queda com meses de empate na comparação com o ano passado. O crescimento tem sido a exceção, como em janeiro passado (14%).

PIB da Bahia: entenda o efeito Desenrola

Sobre o PIB da Bahia neste início de ano, o diretor de Indicadores e Estatística da SEI, Armando Castro, destaca o impacto do Desenrola, o programa de renegociação de dívidas de pessoas físicas e jurídicas criado pelo Governo Federal para reduzir o endividamento dos consumidores e, consequentemente, o número de negativados.

“Constatamos o crescimento da renda média do trabalhador [devido a queda nos juros e desaceleração da inflação]. Isto, associado aos efeitos do programa Desenrola, que recolocou no mercado boa parcela de consumidores, influenciou no crescimento de 6,1% do comércio baiano no primeiro trimestre“, explica. Ele ressalta que o segmento foi o principal a impactar a economia estadual.

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PIB da Bahia tem desempenho positivo no VA e impostos

A oscilação positiva do PIB da Bahia, no trimestre, reflete tanto o crescimento do Valor Adicionado (+2,8%) quanto da arrecadação de impostos (+3,4%). Na análise por setores, a maior variação no VA foi observada em serviços (3,3%), seguido pela indústria (3,1%). Já o agronegócio teve desempenho negativo (-4,7%).

Com isso, o terciário se manteve à frente no produto interno bruto estadual, com um valor adicionado de (R$ 70,5 bilhões), seguido pela área fabril (R$ 33,8 bilhões) e agropecuária (R$ 4,3 bilhões).

O que aconteceu com o agro no PIB da Bahia?

Armando Costa explica que a retração do setor agropecuário refletiu uma queda na produção das principais culturas agrícolas, desaceleração relacionada a questões climáticas como o fenômeno El Niño. Também houve redução de área plantada em relação à safra anterior.

A pecuária, por sua vez, registrou crescimento, mas como tem peso menor que a agricultura no setor, não conseguiu reverter o impacto da quebra de safra.

Como foi o desempenho da indústria no PIB da Bahia?

A taxa positiva do setor fabril no PIB da Bahia foi puxada pelas indústrias de transformação (3,6%), extrativa mineral (16,3%) e construção civil (2,1%). Juntos, esses segmentos representam 80% da indústria baiana.

Já a cadeia que inclui a produção e distribuição de eletricidade e gás, tratamento e distribuição de água, além de serviços de esgoto apresentou retração de 3,2%, o que se deve principalmente a uma queda na geração de energia.

Comércio e atividades imobiliárias puxam setor de serviços

No terciário, a maior alta foi registrada no comércio (6,1%), mas as atividades imobiliárias (2,4%) e da administração pública (2,6%) também tiveram performance positiva.

A SEI ressalta ainda o crescimento no grupo outros serviços (3,8%), que engloba alojamento e alimentação (turismo, hotelaria e restaurantes), informação e comunicação, atividades financeiras, seguros e outras áreas. No setor, o único segmento em que houve queda foi o de transportes (-1,9%).

Exportações caem em maio e se mantêm estáveis no quadrimestre

Os resultados da Bahia no comércio exterior em maio mostram a persistência de uma crise iniciada ano passado. No mês, a queda nas exportações das empresas instaladas no estado chegou a 16,8% em relação ao mesmo mês de 2023.

A retração refletiu uma diminuição no volume exportado, de 36,5%. Houve melhoria nos preços médios dos produtos enviados pelo estado para o mercado internacional (31,3%), mas não foi o suficiente para amortecer a retração nos embarques, superior a um terço.

A receita total foi de R$ 772,9 milhões, de acordo com informações da SEI, a partir da base de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

No acumulado do quadrimestre (janeiro a maio), as exportações da Bahia somam US$ 4,27 bilhões. Com isso, se mantém praticamente estáveis frente ao mesmo período do ano passado, com redução discreta (0,1%). Entre os fatores que explicam o momento desafiador do estado no comércio exterior estão dificuldades a redução na demanda de combustíveis e o impacto continuado do fechamento da Ford, em 2021. Até agora, a Bahia não se recuperou dos efeitos em cadeia gerados pela saída da montadora.

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