Uma pesquisa do Instituto Fecomércio Alagoas, realizada em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que os ajustes rotineiros nas empresas, principalmente no tocante ao quadro de funcionários e volume no estoque, contribuíram para o recuo de 3,2% no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), em maio, quando comparado a abril.
O indicador, que tinha alcançado 103,3 pontos em abril, ficou em 100,3 pontos no mês passado. Nos últimos doze meses, o mês em que o empresário local teve maior confiança no comércio foi dezembro de 2023, quando registrou 108,4 pontos.
Entre os entrevistados pela Fecomércio, a inclusão de grupos de lojas do varejo serve para capturar informações sobre as percepções dos empresários com relação à economia, ao setor do comércio e sobre a sua própria empresa.
Neste contexto, os empresários do varejo de produtos não-duráveis (supermercados, farmácias, lojas de cosméticos) apresentam maior crescimento de expectativas entre março e maio, alinhando-se ao aumento da massa salarial em Alagoas, que foi de 3,8% entre o primeiro trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024 (PNADC/IBGE, 2024).
“O aumento salarial é o suficiente para elevar o consumo de itens básicos nas famílias, como os não-duráveis, principalmente pela população nas faixas de renda mais baixas, e totalizou um volume de R$ 92 milhões a mais injetados na economia alagoana”, afirma o economista Francisco Rosário.
Por outro, é possível perceber que os empresários de lojas de duráveis e semiduráveis são os mais afetados em suas expectativas, com variação negativa de -6,3% e -5,2%, respectivamente. Segundo avaliação da Fecomércio, isso pode estar ocorrendo pela natureza do produto, pois são itens sensíveis a variações de preços e de pouca necessidade imediata de consumo. Por isso, impactos negativos no crédito e no orçamento das famílias de menor renda desencadeiam na redução das vendas, repercutindo negativamente nestas expectativas.
No contexto geral, os índices de condições atuais e expectativas dos empresários foram os que mais caíram entre abril e março, além de apresentarem queda quando comparados com o mesmo período de 2023. “Isso significa um ambiente empresarial de pouca confiança e poucas expectativas de melhorias no futuro no geral, mas nos setores de produtos de maior valor agregado, como os semiduráveis e duráveis, que são mais caros para a renda média alagoana, o pessimismo dos empresários é maior”, analisa Rosário, acrescentando que é importante ressaltar que as expectativas gerais dos empresários estão acima dos 100 pontos, fato positivo apesar de ainda haver uma queda de 11,9% no indicador de um ano para o outro.
Confiança é menor no pequeno comércio
Segundo avaliação do economista Francisco Rosário, a leve redução do Icec não acompanha o Índice de Volume de Vendas (IVV), do IBGE, o qual vinha demonstrando uma tendência consistente de crescimento para Alagoas entre novembro de 2023 e março deste ano, reforçando a hipótese de que apenas “os ajustes internos e específicos das empresas estão afetando negativamente a confiança dos empresários. Isto nas empresas com menos de 50 funcionários, em maio de 2024. Ao passo que nas empresas com mais de 50 colaboradores, a confiança está em linha com o crescimento do IVV”, explica Rosário.
São os ajustes já mencionados nos estoques, com redução para 56,98% dos entrevistados como alternativa para deixar este setor com nível adequado, refletindo um pessimismo com as vendas; e uma estimativa de 28,41% dos que ainda irão adequar a quantidade de suas mercadorias, pois seus estoques estão acima do considerado adequado.
O outro ajuste refere-se à expectativa de contratação de pessoal. Conforme sinaliza a pesquisa do Instituto Fecomércio AL, 51,56% dos empresários estão dispostos a contratar mais um pouco de funcionários. Em caminho contrário, 27,04% analisam a possibilidade de realizarem demissões.
Em relação aos investimentos, entre abril e maio houve recuo de 35% nas expectativas dos empresários com intenções um pouco maiores de incrementar seus negócios. Isso somado ao fato de que também houve recuo de 34,15% entre os empresários com intenções menos otimistas (intenções um pouco menores) acabou resultando no aumento de 12,54% nas expectativas positivas (intenções muito maiores).
“Esta elevação das expectativas nos investimentos, mesmo por uma parcela menor do empresariado, pode significar que o aumento do consumo das famílias no primeiro quadrimestre esteja influenciando o otimismo empresarial”, argumenta o economista.
*Com informações da Fecomércio/AL
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