PIB Brasil 2023: confira análise de 6 economistas do NE e o que esperar de 2024

O PIB Brasil 2023 cresceu 2,9% segundo informações divulgadas pelo IBGE nesta sexta-feira (1). Acompanhe as análises desse desempenho, conferindo a opinião de economistas do Nordeste. Saiba também o que esperar do Produto Interno Bruto em 2024

Diante do PIB Brasil 2023 no primeiro ano do Governo Lula 3, qual a avaliação de economistas e analistas do mercado financeiro sobre o desempenho do país? E quais as expectativas para 2024 com inflação e juros em queda e turbulências internacionais em alta, incluindo guerras e sucessão nos Estados Unidos, com risco da volta de Donald Trump ao poder?

Confira as respostas de seis economistas do Nordeste para estas perguntas. Em linhas gerais, os especialistas da região destacam um cenário do PIB Brasil 2023 marcado por desempenho diferente, nos dois semestres do ano.

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PIB Brasil 2023 num cenário político movediço

Como contraponto aos economistas, ressaltamos o panorama político complexo no ano 1 do Lula 3, que reverberou na economia. Foi um 2023 que começou violento, com a tentativa de golpe em Brasília no 8 de janeiro. Ao longo dos meses seguintes, a radicalização política foi controlada, mas se manteve como um fantasma, sempre pronto para reaperecer e assombrar.

Na política econômica, o contexto também foi movediço, com sinalizações ora de maior responsabilidade fiscal do Governo Federal, ora de declarações no sentido contrário, vindas principalmente do presidente da República.

Não foram raros os curtos-circuitos provocados, pelo governo, entre os agentes econômicos, com reflexos no mercado financeiro, às vezes compreensíveis, às vezes com um viés bastante politizado (no pior sentido) da Faria Lima.

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No saldo geral, apesar das contradições e idas e vindas de Lula e do ministro Fernando Haddad (Fazenda), o resultado final foi positivo, com a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária.

Num outro front, o presidente, apoiado por boa parte das lideranças empresariais, também venceu a queda de braço com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a autoridade financeira finalmente iniciou a esperada trajetória de queda dos juros, diante de uma inflação domada, até o momento.

Passando para as variáveis externas, a persistência de Guerra da Ucrânia e a eclosão do conflito Israel-Hamas, em outubro passado, impactaram negativamente a economia global e o Brasil, claro, sofreu e continua sofrendo as consequências.

De volta à economia, como analisar 2023?

Saindo da política e voltando ao terreno mais propriamente econômico, os especialistas chamam a atenção, em 2023, para a concentração do crescimento nos primeiros seis meses do ano e a desaceleração verificada na reta final de 2023, sinalizando para um 2024 de performance tímida na economia brasileira.

Já entre os fatores com maior potencial de influenciar o produto interno bruto este ano, os analistas destacam especialmente as guerras na Europa e Oriente, a sucessão municipal, as votações complementares da reforma tributária e o fenômeno climático La Niña, que afeta particularmente o Nordeste, trazendo estiagem.

PIB Brasil 2023: economista da Fieb chama atenção para queda na indústria de transformação
Danilo Peres vê com preocupação sinais de desaceleração no PIB Brasil 2023, que podem resultar numa taxa inferior a 2% em 2024/Foto: Fieb (Divulgação)

Danilo Peres: PIB Brasil 2023 evidencia trajetória pós-covid

“Um ponto positivo nos números divulgados diz respeito à distribuição do crescimento, que se deu em todos os setores. Esses resultados sinalizam que a economia brasileira entrou em uma trajetória de crescimento pós-Covid, uma vez que este é o 3º ano seguido de alta do PIB.

Uma análise mais meticulosa, porém, aponta dois pontos de atenção: a estabilização do crescimento no último trimestre e as quedas dos segmentos da indústria de transformação e construção civil.

No primeiro caso, a estabilização pode ser interpretada como perda de força da economia e deve servir de indicador para projeções de baixo crescimento em 2024, inferiores a 2%.

Na indústria de transformação (-1,3%), a queda é preocupante, uma vez que vem de setores muito representativos e que têm sofrido bastante com a concorrência dos importados: podem estar perdendo competitividade.” Danilo Peres, economista da Federação das Indústrias do Estado da Bahia

PIB Brasil 2023: Jorge Jatobá é economista da Ceplan
PIB Brasil 2023: Jorge Jatobá vê desempenho moderado/Foto: Ceplan (Divulgação)

Jorge Jatobá alerta para avanço do PIB Brasil 2023 apenas no 1º semestre

“O PIB teve um desempenho moderado. Destaque para o lado da oferta e o desempenho da agropecuária, sobretudo na produção de cereais. A demanda cresceu 9,1%, com desempenho positivo no comércio exterior: importações caíram e exportações subiram. No mercado interno, o consumo das famílias cresceu 3,1%, refletindo o recuo no desemprego e o incremento dos programas sociais.

Mas, se observa claramente que boa parte do crescimento do PIB ocorreu no primeiro semestre e, no segundo, e a economia teve um desempenho ruim. O 3º e 4º trimestres tiveram crescimento praticamente zero, na comparação com o trimestre anterior. Na análise geral do ano, temos uma boa notícia, mas nem tanto.” Jorge Jatobá, sócio na Ceplan (PE) e ex-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

PIB Brasil 2023: na Fiepe, Cezar Andrade chama atenção para contribuição menor do agronegócio em 2024
Economista da Fiepe, Cézar Andrade destaca importância do setor de serviços para o PIB Brasil 2023, no 2º semestre/Foto: Fiepe (Divulgação)

Cézar Andrade reforça avaliação sobre diferença entre 2 semestres

“O crescimento econômico apresentou diferentes cenários entre os dois semestres. No primeiro, a produção recorde de grãos impulsionou a atividade econômica, com destaque para soja e o milho, beneficiando não apenas a agropecuária, mas também as exportações. Já no segundo semestre, o setor de serviços manteve-se sólido, contribuindo para uma desaceleração gradual da economia devido à alta taxa de juros.

Estímulos fiscais, como o aumento real do salário-mínimo e o programa Bolsa Família, sustentaram o consumo e impulsionaram a economia.

Para 2024, as projeções indicam um crescimento mais modesto, com estimativas de 1,75% no Boletim Focus e 2,2% segundo o Ministério da Fazenda. Existe a expectativa de uma menor contribuição do setor agropecuário em comparação com 2023, mas uma possível recuperação na atividade industrial, impulsionada pelo aumento dos investimentos produtivos e expansão da produção extrativa mineral.” Cézar Andrade, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco

PIB Brasil 2023: na Bahia, João Paulo Caetano alerta para fatores que vão impactar economia em 2024
No governo baiano, João Paulo Caetano adverte sobre fatores que vão afetar o PIB Brasil em 2024/Foto: SEI-BA (Divulgação)

João Paulo Caetano: guerras são elemento de incerteza em 2024

“No PIB Brasil 2023, apesar do resultado muito positivo, destaca-se como ponto negativo a retração de 3,0% na formação bruta de capital fixo. Essa queda implicou em queda de participação do investimento no PIB, o que pode significar, no médio prazo, maiores dificuldades para manutenção de um crescimento consistente.

Para 2024, existe a expectativa de crescimento, porém alguns elementos exógenos podem afetar essa dinâmica tanto positiva, quanto negativamente. No âmbito internacional, temos os conflitos na Europa e Oriente Médio que continuam a interferir na economia mundial. E internamente temos alguns eventos importantes como eleições municipais, finalização da reforma tributária e o fenômeno climático La Niña. Esse fatores vão afetar a economia brasileira, em maior ou menor magnitude.” João Paulo Caetano, coordenador na Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)

PIB Brasil 2023: Tiago Monteiro avisa que 2º semestre de 2024 tende a ser ainda mais desafiador
Tiago Monteiro, ao avaliar peso das eleições, frisa que cenário de 2024 pode ser muito mais desafiador que o do PIB Brasil 2023/Foto: Tiago Monteiro (Divulgação)

Tiago Monteiro: país para nas eleições, grande desafio em 2024

“Quem salvou o PIB foi o agronegócio, nos dois primeiros trimestres. Nos dois últimos trimestres, o crescimento foi praticamente zero. Ou seja: o crescimento do PIB Brasil 2023 foi oriundo, única e exclusivamente do agronegócio de uma forma geral.

Já em 2024, vamos ter um grande desafio, porque é um ano de eleição municipal e sabemos que basicamente o país para justamente no 2º semestre, no período eleitoral, até tudo ficar definido, em termos de novas gestões dos municípios. Em resumo, olhando para essa radiografia de 2023, o ano de 2024 pode ser ainda muito mais desafiador.” Tiago Monteiro, professor de Economia da UFRPE

João Rogério avalia que salto do agronegócio, de 15%, acabou tendo reflexo minimizado pela representatividade modesta do setor no PIB/Foto: PPK (Divulgação)

João Rogério: agronegócio cresceu 15% mas foi minimizado por participação no PIB

“A divulgação do PIB Brasil 2023 foi convergente com a expectativa dos principais formadores de opinião dentre os agentes econômicos.

O segundo semestre de 2023 apresentou um desempenho nulo de crescimento da economia, embora outros indicadores importantes tenham mostrado desempenho satisfatório a exemplo do emprego formal e o câmbio.

O desempenho próximo a 3% de crescimento teve como maior impulsionador o agronegócio que teve uma elevação de 15%. O excelente desempenho, no entanto, teve seu impacto minimizado no resultado final de nossa economia devido a sua baixa participação na composição do PIB.” João Rogério Filho, sócio na PPK Consultoria

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