Conselheiros do Condic aprovam R$ 54,6 mi em projetos, mas discordam sobre incentivos à Blau

Os benefícios concedidos à terceirização e às centrais de distribuições foram ponto de divergência entre alguns conselheiros no Condic.
Condic
122ª Reunião do Condic, primeira do governo Raquel Lyra/foto: divulgação Adepe

A primeira reunião Conselho Estadual de Políticas Industrial, Comercial e de Serviços (Condic) do governo Raquel Lyra aprovou investimentos que somam R$ 54,6 milhões. Realizado na manhã desta terça-feira (28) no auditório da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), o evento atraiu autoridades e empresários, que comemoram os novos investimentos, mas também teceram críticas a alguns benefícios concedidos pelo estado.

Com a projeção de 242 empregos diretos por meio de 16 projetos industriais, os anúncios da 122ª reunião do Condic também reúnem projetos de importação e de centrais de distribuição que receberam incentivos do Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe). Os benefícios concedidos à terceirização e às centrais de distribuições foram ponto de divergência entre alguns conselheiros.

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Maiores investimentos

Os três maiores investimentos são da Ambev, que destinará R$ 10 milhões para produção de cerveja sem álcool em Itapissuma; da Indústria Brasileira de Farmoquímicos (IBF) – R$ 19,8 milhões em Vitória da Santo Antão para produção de medicamentos alopáticos; e da Maxlim Indústria, que investirá R$ 4,3 milhões em Lajedo para a produção de álcool em gel, cloro em gel, detergentes, entre outros.

De forma geral, os projetos contemplam em 14 municípios: 5 da RMR e 9 do interior, e são eles: Recife (2), Jaboatão dos Guararapes, Itapissuma, Cabo de Santo Agostinho, Paulista; Bezerros, Escada, Vitória de Santo Antão (2), Arcoverde, Pedra, Salgueiro, Feira Nova, Lajedo e Tabira.

“Essa primeira reunião foi uma sinalização do setor empresarial da retomada da confiança na economia de Pernambuco, mas é só o comecinho. Ainda não representa os efeitos totais e reais da mudança que vamos implementar na economia do estado”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, que presidiu a reunião, ao lado do presidente da Adepe, André Teixeira.

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Importação e CDs

Seis projetos de importação receberam parecer favorável. Destes projetos, cinco estão localizados na RMR e um no Agreste Setentrional. As importações anuais previstas chegam a R$ 161,2 milhões e as empresas com incentivos aprovados são Daxia Doce Aroma, Esab Indústria e Comércio, Farmoquímica S.A., Médica Comércio, Representação e Importação Ltda, Parts Import e Quimiweb Serviços de Tecnologia.

Reunião do Condic
Reunião do Condic: Secretário Guilherme Cavalcanti ladeado por André Teixeira (E), presidente da Adepe, e pelo secretário da Fazenda, Wilson José de Paula (D)/Foto: divulgação Adepe

Também foram incentivadas 14 Centrais de Distribuição, 11 delas espalhadas na RMR, duas no Sertão do Pajeú, e uma no Agreste Meridional. As aprovações irão gerar R$ 301,3 milhões entre compras e transferências anuais previstas. Entre elas, estão: Nord Produtos em Saúde, Sarar Distribuidora de Medicamentos, Print Mais Distribuidora de Produtos Eletrônicos, Zanlorenzi Bebidas, Lanconxe Tecnologia, Grandfood Indústria e Daxia Doce Aroma Ltda.

Queixas no Condic

Ao final da reunião, o conselheiro Mássimo Cadorin, que é presidente da Centro das Indústrias de Pernambuco (Ciepe), ligado à Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), e que representa no Conselho o segmento industrial, pediu explicação para a aprovação de incentivos à terceirização da Blau Farmacêutica.

A Blau vai terceirizar a produção de medicamentos em São Paulo ao longo de dois anos, até que comece a operar no Complexo Industrial Portuário de Suape, onde está construindo uma indústria com investimentos superiores a R$ 1 bilhão. Os medicamentos serão comercializados no estado, mas segundo André Ferreira, presidente da Adepe, quando começar a produção em Suape, o benefício será suspenso.

A concessão de benefício à terceirização foi suspensa no governo passado, após muita pressão do setor industrial, que se sentia prejudicado com a concorrência desigual. “As empresas recebiam o benefício sob o compromisso de construir uma unidade fabril aqui no Estado. Essas empresas estavam recebendo incentivos de Pernambuco para produzir em seus estados de origem, gerando empregos e renda lá. E traziam os produtos para vender aqui e concorrer com os nossos”, reclama o presidente da Ciepe.

Segundo Mássimo Cadorin, havia ainda outro grande problema: muitas empresas beneficiadas não cumpriam com o compromisso de construir uma unidade fabril em Pernambuco. “Várias conseguiam renovar os benefícios e seguiram adiando os projetos de construção”, recorda.

Pleito diferente

No entanto, o secretário Guilherme Cavalcanti esclareceu que o pleito da Blau é diferenciado, porque a empresa já está investindo no estado e que o pedido foi aceito mediante acerto frente aos grandes investimentos em curso.

“Compartilho, em certa medida, com visão do setor industrial, de que o incentivo é controverso, mas ressalto que ele vem sendo feito com critérios. Há situações que envolvem antecipação e decisões de movimentos que a indústria precisa fazer para viabilizar o todo. A Blau tem uma característica que precisa ser celebrada, de que é a primeira grande indústria farmacêutica que integra a cadeia da Hemobrás”, disse o secretário. Cavalcanti disse que o estado está atento para que a exceção não se torne regra.

Incentivos aos centros de distribuição também foram motivos de crítica. “As indústrias de fora trazem produtos para o estado e recebem inventivos para montar seus centros, o que lhes garante preços diferenciados, obtendo vantagens concorrenciais perante as empresas locais”, reclama Cadorin, com apoio de Renato Cunha, vice-presidente da Fiepe.

Na reunião ficou acertado que o assunto será tema de reunião com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e da Fazenda. A Ciepe pretende que seja discutida uma nova política para os CDs. “Que ao menos possamos discutir uma melhor relocação desses incentivos”, disse Cadorin.

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