Os aviões de maior porte tipo turbo jato, como o Boeing e o Embraer 195, só voltarão a voar para Fernando de Noronha, pelo menos em dezembro. Estão começando as obras de um conserto emergencial na pista do aeroporto do arquipélago que deve ser concluída até 30 de novembro. Depois que essa obra for concluída, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fará uma reavaliação da pista para decidir se libera a volta das aeronaves maiores.
A determinação da Anac proibindo o pouso de aviões maiores está em vigor, desde a quarta-feira (12) e ocorreu porque a pista do Aeroporto de Noronha está desgastada. “É uma segunda pandemia, a da falta de voo. O susto foi muito grande. O impacto foi enorme no cancelamento de reservas e também para o réveillon. A minha esperança é que isso tudo se arrume, porque a Azul já voltou a operar”, resume o empresário Zé Maria Sultanum, dono de vários empreendimentos em Noronha, inclusive uma pousada que leva o seu nome e o famoso “festival”, um jantar promovido pelo seu restaurante. A pandemia deixou Noronha sem receber turistas entre março e outubro de 2020.
“A redução dos turistas impacta todas as atividades da ilha, porque o capital não gira. Na quarta, teve bar que chegou a registrar queda de 50% na movimentação”, afirmou Zé Maria. Segundo ele, as reservas para o reveillon voltaram a ocorrer depois que a companhia aérea Azul voltou a vender passagens, o que ocorreu na tarde desta quinta-feira (13).
A vida econômica de Noronha gira em torno do turismo. Menos turistas significam menos pessoas nos restaurantes, nos passeios de barcos e nas pousadas. Até esta quinta-feira (13), os cancelamentos já atingiram 30% das reservas dos clientes que tiveram voos cancelados em novembro e dezembro, segundo informações da Associação das Pousadas Domiciliares de Noronha, publicada pela jornalista Ana Claro Marinho. Geralmente, a ilha também apresenta uma grande movimentação para as festas de fim de ano, principalmente a do réveillon.
Antes da decisão da Anac, a ilha recebia, diariamente, cinco voos da Azul e dois da Gol, respectivamente, num Embraer que transportava 118 passageiros e num Boeing 737-700 (da Gol) que poderia levar 132 passageiros, segundo o gerente executivo da Dix, Samuel Prado. A Dix é a empresa que tem a atual concessão do aeroporto de Noronha.
Com a proibição do aeroporto de receber aviões turbojato, a Azul começou a voar para o arquipélago usando, nesta quinta-feira (13), o avião ATR 600 – que pode transportar 70 passageiros – e é permitido pela Anac. Já a Gol suspendeu os voos para o destino. Ainda de acordo com informações da Azul, todos os passageiros foram reacomodados nos novos voos que serão o avião que era usado pela Azul era o Embraer que transportava 118 passageiros e a Gol utilizava um Boeing 737-700 que poderia levar 132 passageiros.
Na tarde desta quarta-feira a Azul informou que reacomodou todos os passageiros em outros voos. De 12 a 30 de outubro, a companhia vai fazer cinco voos diários, o que significa cerca de 350 passageiros chegando em Noronha diariamente. Antes da decisão da Anac, Noronha recebia cerca de 500 visitantes diários, de acordo com informações da Dix. No período de 1 a 30 de novembro, a Azul fará oito voos sendo seis diários e dois que não fazem a viagem aos sábados.
Já a Gol informou, também em nota, que fez duas operações extras na terça-feira (11/10) para atender clientes que escolheram antecipar seus voos. Ainda de acordo com a nota, os Clientes e moradores da ilha com passagens emitidas com destino ou partida de Fernando de Noronha a partir da quarta-feira (12) e que compraram bilhetes diretamente com a GOL podem pedir crédito ou reembolso diretamente neste link https://b2c.voegol.com.br/minhas-viagens/login ou ligar para a Central de Atendimento no 0300-115 2121 para as tratativas de acomodação. Aqueles cujos bilhetes foram comprados com milhas devem acessar diretamente a Smiles pelo telefone 0300 115 7001 (Smiles ou Prata) ou 0300 115 7007 (Ouro ou Diamante), e aqueles que adquiriram bilhetes com agências devem procurar a própria agência.
Como o aeroporto de Noronha chegou nessa situação…
A reforma do aeroporto de Noronha vem sendo tratada pelo governo do Estado desde 2019. Em 2020, o governo de Pernambuco enviou o primeiro projeto para o Ministério dos Transportes que não foi aprovado devido às exigências burocráticas, segundo informações do governo do Estado. O dinheiro que seria usado era da bancada pernambucana que destinou R$ 60 milhões para a reforma do aeroporto. O governo de Pernambuco e a atual gestão federal estão em lados políticos opostos e o presidente da República, Jair Bolsonaro, chegou a dizer que ia tomar o arquipélago do governo de Pernambuco.
Depois, o governo do Estado decidiu colocar recursos próprios numa licitação para requalificar o aeroporto. Uma das empresas vencedoras recorreu da decisão da licitação, resultando em mais demora no começo das obras. Resultado: a ordem de serviço foi dada no dia 06 de outubro, quando a última vistoria da Anac ocorreu em setembro e decidiu que o aeroporto não receberia mais aviões grandes devido aos desgastes da pista do aeroporto.
Agora, o governo do Estado começou uma obra emergencial no valor de R$ 1,2 milhão que deve acabar em 30 de novembro. Depois disso, haverá uma reavaliação da Anac para decidir se a pista está apta a receber grandes aviões. E a requalificação, que é a reforma mais completa, que vai custar, R$ 59,9 milhões, deve começar este mês e acabar em outubro do ano que vem. Ou seja, não houve qualquer pressa no tratamento do principal equipamento de turismo de um dos principais destinos turísticos do País.
E, no meio desta grande turbulência, o governo do Estado está fazendo uma licitação para escolher uma nova concessionária do Aeroporto de Noronha. Foi realizada uma consulta pública para o processo de concessão do Aeroporto de Fernando de Noronha foi entre 08/06/2021 e 08/07/2021 e uma audiência pública em 30 de junho último. Depois dessa etapa, o projeto foi submetido à Secretaria de Aviação Civil e ao Tribunal de Contas do Estado. Realizadas as aprovações nessas instâncias, a licitação foi publicada em 20 de setembro com previsão de entrega de propostas no dia 22 de novembro. Em nota, o governo de Pernambuco informou que a expectativa é de que “a licitação seja concluída no mês de dezembro deste ano, sendo importante destacar que, desde o início do processo, já se havia separado as intervenções da pista da licitação da concessão”.
Nota do governo de Pernambuco
Em nota, o governo de Pernambuco informou que “por meio da Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos (Seinfra), informa que estão sendo investidos mais de R$ 60 milhões na requalificação completa do Aeroporto de Fernando de Noronha para adequá-lo aos modelos atuais e futuros de movimentação das aeronaves na Ilha. As obras da etapa inicial começaram no dia 06 de outubro e devem ser concluídas em até 60 dias. Trata-se de uma intervenção estrutural para a execução de reparos preliminares em pontos localizados da pista de pouso e decolagem (PPD) do Aeroporto, no valor de R$ 1,2 milhão. Paralelamente, a Seinfra também já iniciou o transporte de materiais, insumos e equipamentos necessários para a execução dos serviços de restauração total do pátio de estacionamento das aeronaves; pistas de rolamento (taxiway) e da pista de pouso e decolagem. Os trabalhos incluem ainda a readequação de capacidade da pista; recuperação do pavimento; sistema de drenagem e implantação de sinalização. Para esta etapa, que tem duração prevista de 12 meses, o Governo do Estado está destinando recursos de R$ 59,9 milhões “.
