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Estudo diz que falta planejamento na futura produção de hidrogênio verde

O estudo diz o que os governos e a iniciativa privada devem fazer para fazer a produção do hidrogênio verde, considerado o futuro da energia.
O presidente da SAE Brasil, Camilo Adas, fala que o Brasil não pode esperar muito tempo para fazer o planejamento da cadeia do hidrogênio verde. Foto: SAE/Divulgação.

É senso comum que a produção de hidrogênio verde é o futuro da energia e o Nordeste, a região que pode se consolidar como um grande produtor desse combustível. Mas para isso acontecer é preciso algo básico – e que o Brasil não costuma fazer – : planejamento, como mostra o estudo Mapeamento das Cadeias de Mobilidade. “É estratégico uma coordenação -com planejamento – nas áreas de produção, distribuição – que inclui transporte – e consumo com a participação do governo federal, indústria e academia. Dá tempo de resolver. Só não dá para esperar muito tempo”, diz um dos coordenadores do estudo, o presidente da Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE-Brasil), Camilo Adas.

Para ele, o País não pode esperar de dois a três anos para realizar este planejamento. “Dá tempo, mas precisa fazer o que é necessário”, comenta Camilo. E argumenta que este planejamento deveria contar com a participação dos governos, da indústria e da academia e “entidades do terceiro setor, como a SAE, têm um papel fundamental porque são mais neutros, não têm fins lucrativos e podem ajudar sem se preocupar com o lado político ou financeiro”.

O relatório aponta o passo a passo para os nove estados da Região ingressarem na cadeia produtiva desse gás extraído da água, três vezes mais potente que a gasolina e que não gera poluição quando consorciado a energias renováveis. O estudo foi realizado pela SAE4mobility, Instituto de Ciência e Tecnologia da SAE BRASIL, a pedido do Plano Nordeste Potência, que desenha um cenário nacional de mobilidade sustentável para a região.

O trabalho descreve o que os governos e a iniciativa privada precisam fazer para impulsionar o uso do hidrogênio verde (H2V), citando pelo menos três desafios: preço; distribuição – que inclui transporte – e armazenamento. “Cada um desses temas tem infinitas soluções, e no documento indicamos exemplos de como os governos estaduais e federal e a iniciativa privada podem ajudar a alavancar essa tecnologia e trazer benefícios para o Nordeste e para o País”, afirma Camilo Adas.

A questão é complexa, porque envolve vários atores, como o governo federal – que tem que definir como vai ficar a regulação do combustível -, a indústria, que vai produzir o gás, e a academia que vai preparar a mão de obra especializada para trabalhar nessa nova economia.

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Camilo faz um alerta dizendo que é preciso tomar cuidado para não transformar o hidrogênio verde numa commodity e, no futuro, exportar apenas a commodity. A exportação de commodity não gera valor agregado à economia do País. Como exemplo, ele cita que o País hoje exporta amônia e compra de volta como fertilizante por um preço muito mais alto.

“O H2V tem demanda. Os países europeus querem comprar a transição energética, que não podem fazer isso sozinhos”, diz, acrescentando que vai ter demanda pelo H2V. Um dos fatores que fazem o hidrogênio verde ter um futuro promissor no Nordeste é que este combustível só é verde, quando é produzido a partir de fontes de energia renováveis, como a eólica e solar. O hidrogênio marrom e o cinza, por exemplo, são produzidos a partir de combustíveis fósseis, e portanto emitem muitos gases estufa em sua produção.

O relatório destaca que atualmente 84% da energia gerada no Nordeste é renovável. A fonte hidrelétrica gera 30.082 gigawatts ao ano (31%); a eólica, 48.706 (49%) gigawatts e a solar, 3.643 gigawatts (4%). “O Hidrogênio Verde tem uma capacidade transformadora da região, porque reúne as condições favoráveis ao estabelecimento de toda uma cadeia produtiva com base em fontes de energias renováveis. O estudo idealizado pelo Plano Nordeste Potência norteia o planejamento para que isso se viabilize, gerando empregos e colocando o Nordeste numa posição competitiva num mercado emergente e sustentável. Os próximos cinco a dez anos serão decisivos para garantir o estabelecimento desse novo cenário de desenvolvimento verde”, diz a coordenadora do Plano Nordeste Potência, Cristina Amorim.

Estão em processo de criação no Brasil, alguns hubs de produção de hidrogênio, dois deles no Nordeste. O mais avançado, com contratos assinados, é o hub do porto do Pecém, no Ceará. Há também projetos no porto do Suape, em Pernambuco, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.

A SAE4MOBILITY promove atualização tecnológica da indústria focada em projetos e inovações e tendências da mobilidade brasileira e internacional. Com sede na cidade de São Paulo e presença em sete estados brasileiros, a associação é o resultado de uma trajetória de empreendedorismo iniciada em 1991, quando executivos dos segmentos automotivo e aeroespacial criaram no Brasil uma afiliada da SAE International. A SAE BRASIL promove anualmente dezenas de eventos, entre simpósios, fóruns, colóquios, palestras e congressos, que contam com a presença de mais de 15 mil participantes.

Já o Plano Nordeste Potência é resultado de uma coalizão de quatro organizações civis brasileiras: Centro Brasil no Clima (CBC), Fundo Casa Socioambiental, Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá) e Instituto ClimaInfo, com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS). O objetivo principal é garantir que a transição energética no Nordeste seja justa, inclusiva e contemple a revitalização da Bacia do Rio São Francisco.

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