Crescimento de médias empresas é mapeado pela Fundação Dom Cabral

Fusões ou aquisições são o fator número 1 para o crescimento das empresas.

A Fundação Dom Cabral divulga estudo inédito que aponta os fatores responsáveis pelo alto crescimento das empresas de médio porte (MEs) no Brasil, entre os anos de 2016 e 2021. Ao mesmo tempo, a pesquisa identificou as principais barreiras para a expansão desses negócios. 

O levantamento buscou capturar diferentes dimensões sobre o crescimento das MEs: fundador e/ou gestor do negócio; estratégia; comportamento e características da empresa; e ambiente externo. Foram analisadas empresas que têm entre 50 e 499 funcionários ou que possuem faturamento anual entre 4,9 milhões e 300 milhões de reais.

Principais fatores de crescimento

Fusões ou aquisições são o fator número 1 para o crescimento das empresas. Em segundo lugar, veio o apoio do conselho consultivo. Em terceiro, está o reinvestimento de lucros – um sinal claro da intenção de expansão das médias empresas crescentes.

O quarto fator apontado pelo estudo é a estruturação da atividade de recrutamento de novos colaboradores, o que indica a importância da capacidade em se trazer os melhores talentos para sustentar o crescimento do negócio. 

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Imagem: Pixabay

“Este é um dos fatores mais relevantes tanto para as empresas de médio porte, em geral, quanto para aquelas que cresceram e para as campeãs de crescimento. Ou seja, os talentos fazem a diferença e são percebidos como escassos”, explica a professora Áurea Ribeiro, que faz parte do time de pesquisadores do estudo.

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Estratégias que fazem diferença

O estudo da FDC identificou que uma série de estratégias com foco em geração de alto valor agregado colabora para o crescimento das MEs: foco em mercado de nicho, inovação de produtos e serviços, venda de produtos com altas margens de lucro e customização de produtos e serviços.

Por outro lado, “as campeãs de crescimento, que são as MEs que progrediram ao ponto de, no mínimo dobrarem de tamanho em termos de lucratividade, contam uma história diferente”, comenta o professor Diego Marconatto, que também participou da pesquisa.

Os elementos que impulsionaram o alto crescimento são a capacidade de inovar processos internos, o esforço em diversificar geograficamente os mercados consumidores e o desenvolvimento interno de talentos. “Este último propulsor representa uma política absolutamente necessária frente à escassez observada de bons prospects no mercado de trabalho”, completa o pesquisador. Por último, o reinvestimento agressivo de lucros também é um fator importante para alavancar as campeãs do crescimento.

Áurea Ribeiro reforça que é preciso destacar que as médias empresas, em geral, priorizam a eficiência operacional. “Entretanto, as campeãs em crescimento fazem mais do que isso. Elas buscam se reinventar focando prioritariamente na inovação dos processos internos, que podem reverter em melhor experiência para o cliente e em diferenciação, além de possibilitar maior eficiência”. Elas também são ousadas na busca de novos mercados para as ofertas atuais, para ganhar escala e maior presença nos mercados relevantes.

Barreiras de crescimento

Os excessos e a complexidade das regulamentações estatais atrapalham tanto o crescimento quanto o alto crescimento das MEs. Empresas de médio porte crescentes são negativamente impactadas pelo alto custo do capital, um fator que vem se agravando com as subidas consecutivas da taxa SELIC. Esses negócios sofrem particularmente com investimentos frustrados em inovação e com conselhos administrativos ineficientes.

A competição baseada em custos e preços baixos é especialmente nociva às campeãs de crescimento, diminuindo as chances de escalonamento acelerado com o passar dos anos. Por fim, a pesquisa mostra que as empresas mais jovens têm maiores chances de atingir o alto crescimento.

Destaques

Enquanto algumas organizações de médio porte acreditam que a expansão vem com a redução de preços para ganhar volume e mercado, a pesquisa mostra um caminho inverso: as empresas que cresceram e as campeãs de crescimento utilizam estratégias de criação de alto valor agregado: focam em nichos, inovação de produtos e serviços, venda de produtos com altas margens de lucro e customização de produtos e serviços.

De modo geral, os negócios de alto desempenho têm maior foco e agressividade para o crescimento, suas funções-chave são melhores estruturadas e estas empresas empregam estratégias voltadas a mercados mais exigentes e com melhor capacidade de pagamento. Elas também são mais resilientes às barreiras tradicionais enfrentadas pelos negócios (altos impostos, forte competição do setor, custo do capital, indisponibilidade de crédito e escassez de recursos internos).

Detalhes da pesquisa

O estudo da FDC obteve 779 respostas durante o período de 20 de maio a 15 de junho de 2022, com uma margem de confiança de 95% e uma margem de erro de 3,5%.

 As definições de crescimento e alto crescimento adotadas na pesquisa foram adaptadas daquelas usadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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