Após dois anos de restrições impostas pela pandemia de covid-19, a consolidação das atividades presenciais impactou o consumo afetado pelas medidas restritivas. O gasto com diversos produtos e serviços já supera os patamares registrados antes da crise sanitária, segundo levantamento do banco Itaú apresentado nesta terça-feira (16). No Nordeste, Norte e Centro-Oeste, por exemplo, o destaque no segundo trimestre deste ano foi o consumo de fast food. Nas três regiões, o ramo teve incremento médio de 124% no valor transacionado e de 83% no volume de compras. Já quando se observa o ano de 2020, a quantidade de operações teve adição de 999%, e em relação a 2019, de 403%. A movimentação nacional registrou uma alta de 56% no valor transacionado e de 42% na quantidade de operações.
Ainda de acordo com a Análise do Comportamento de Consumo, por outro lado, o setor de alimentação foi o termômetro da inflação no bolso do brasileiro. O número de transações nos supermercados aumentou, acompanhado de uma queda no ticket médio. As compras cresceram 25% na comparação com o segundo trimestre de 2021, mas com queda de 2% na média do valor gasto. Já os deliveries, muito demandados na pandemia, tiveram queda de 26% no total gasto e de 44% no número de operações, alcançando patamares semelhantes aos de 2019.
Na vida fora de casa, o setor de vestuário chamou a atenção. O número de transações relacionadas ao aluguel de roupas cresceu 161%. Já as lojas de couro e artigos de luxo registraram um salto de 34% no período analisado – ambos os setores superando o número de transações registradas no mesmo intervalo de 2019.
O consumo de câmeras, microfones e outros equipamentos do tipo teve alta de 82% no montante gasto (além de +18% no número de transações) – impulsionado pela busca por equipamentos melhores para o home office e para uso por streamers e gamers. No segmento, destaca-se o consumo dos jovens da geração Z, com aumento de 333% nos gastos.
Em relação à saúde, um setor se destaca: o valor dispendido em oftalmologistas teve alta de 73%, e em óticas, de 21% – ambos superando o patamar do mesmo período de três anos atrás.
Com relação aos serviços, o turismo internacional segue em alta, com a consolidação da volta das viagens para fora do Brasil. O valor transacionado no setor cresceu 287% no intervalo visado pelo estudo, e foi registrado um aumento de 215% na quantidade de operações. Apesar do incremento relevante, o setor ainda não alcançou os montantes de antes da pandemia, mas tem se aproximado e registra avanço constante desde o 1º trimestre de 2021.
Os Estados Unidos seguem sendo o país com mais gastos dos brasileiros, com 26% do total. Mas um dos eventos mais esperados do segundo semestre, a Copa do Mundo, já tem efeitos nos gastos relacionados ao Qatar, país que sediará o evento. As despesas relacionadas ao destino cresceram 2.275%, sendo que os setores mais impactados são agências de turismo, com alta de 308% no volume de transações, seguido de passagens aéreas, com 102%.
Pagamentos digitais
O relatório do Itaú é feito com base nas compras com cartões do Itaú Unibanco e nas vendas realizadas nos sistemas da Rede, empresa de meios de pagamentos do banco. Por isso, o estudo também identificou que o uso das soluções de pagamentos digitais ganha cada vez mais protagonismo entre os consumidores, especialmente pela praticidade e segurança que proporcionam.
No segundo trimestre do ano, o valor transacionado em carteiras digitais para pagamento por aproximação com o celular teve incremento de 136% na comparação com o mesmo período do ano anterior, e de 142% na quantidade de transações. A geração Z lidera a adoção, com salto de 725% no número de operações usando a modalidade.
Já as compras utilizando cartões virtuais aumentaram mais de três vezes, com crescimento de 312% na quantidade de operações, acompanhado de uma alta de 193% no valor transacionado. Aplicando o recorte por idade, a geração Y ainda é a mais representativa, com 53% do total de transações com cartões virtuais – seguida da geração X, com 24%. Mas os Zennials têm um avanço considerável, e nesta faixa etária, o uso da tecnologia subiu 855% em relação ao 2º trimestre do ano passado.
O Pix avança na representatividade entre os meios de pagamento, com uma evolução de 124% no valor transacionado e 305% na quantidade de operações – considerando transações realizadas de pessoa física (CPF) para pessoa jurídica (CNPJ). No período, o Pix foi utilizado em 12% dos pagamentos se igualando à taxa do uso de cartão de débito, enquanto que os cartões de crédito representam 76% nas compras.