O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, ficou em 0,47% em maio , taxa inferior ao 1,06% de abril deste ano e ao 0,83% de maio do ano passado.
Com o resultado de maio, o IPCA acumula taxa de 4,78% no ano. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 11,73%, abaixo dos 12,13% registrados no mês anterior. O índice acumulado em 12 meses segue, pelo nono mês consecutivo, acima de 10%. Os economistas ouvidos pelo Movimento Econômico comentam esse resultado.
Ademilson Saraiva, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE)
Acompanhamos uma alta acelerada da inflação que é causada especialmente pela desestruturação das cadeias produtivas globais, tanto em função dos surtos de covid na China quanto do conflito bélico no continente europeu.
Do ponto de vista do conflito Russia x Ucrânia, o impacto sobre a oferta global de combustíveis potencializou os reflexos sobre o setor no Brasil, cujos preços acompanham a tendência do setor externo. Mas, não são apenas os combustíveis que pressionaram a inflação nos últimos meses, a gente passou por um período complicado de escassez hídrica que afetou o setor elétrico e a atividade agrícola no país.
Desaceleração do IPCA
Nos últimos dois meses a melhora nos níveis dos reservatórios levando a redução da bandeira tarifária da energia já contribuiu para uma desaceleração do IPCA mensal, mas os demais fatores continuam pressionando os preços e, com isso, trazendo expectativas de juros mais elevados no fim do ano.
Em um cenário de inflação, desemprego ainda muito elevado e uma atividade econômica cujo ritmo desacelerou desde o último trimestre de 2021, sendo sustentada essencialmente pela retomada dos serviços, o governo logicamente prevê que os juros mais altos tendem a continuar tolhendo os investimentos e a capacidade de crescimento da economia, então tende a compensar essa política monetária contracionista, para conter a inflação, com ajustes expansionistas na política fiscal.
Não há como mensurar o impacto disso no próximo ano, mas é certo que o país precisa atacar o crescimento mais lento da economia com medidas que incentivem o investimento privado e o consumo no curto prazo, por outro lado, pode correr o risco de impactar os investimentos públicos em áreas muito importantes, como saúde e educação, para uma população que já sofre com os efeitos do desemprego e queda da renda.
Denise Honorato, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE)
Os maiores impactos foram os grupos: Vestuário, influenciado pela alta nos preços das roupas masculinas (2,65%), das roupas femininas (2,18%) e das roupas infantis (2,14%), e Transportes, com a maior contribuição veio das passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido em abril (9,48%). Apesar de passagens aéreas terem subido 18,33%, a alta individual do mês, os combustíveis recuaram após subidas significativas — especialmente a gasolina, que passou de 2,48% em abril para 0,92% em maio. O único grupo a apresentar queda foi Habitação, com a variação de -1,7%.
Mesmo com esse recuo a inflação está acima da meta estipulada pelo Banco Central para a inflação neste ano, de 3,5%.
A setor industrial já vem sentido os impactos negativos da inflação sobretudo pelos preços internacionais, com choque nos custos de aquisição das matérias-primas. A falta ou alto custo da matéria-prima tem sido um dos principais problemas enfrentados pela indústria pernambucana, segundo resultado da Sondagem Industrial, que identificou que 51,8% dos empresários enfrentam essa dificuldade.
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