No Ceará, o biometano representa 15% de tudo que é vendido pela Cegás

O projeto do Ceará é pioneiro e transforma resíduos orgânicos em biometano.

Estação de tratamento de gás natural no aterro de Caucaia, no Ceará
Estação de tratamento do biometano na empresa GNR na Grande Fortaleza. Foto: Tiago Stille/ Governo do Ceará

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O Ceará está à frente na utilização do biometano produzido a partir da decomposição dos resíduos sólidos orgânicos, como restos de comida, cascas de frutas e outros resíduos. Eles geram biogás ao se decompor, o que ocorre em todos os aterros sanitários. De tudo que é comercializado pela Companhia de Gás do Ceará (Cegás), 15% é de biometano, o gás que apresenta as mesmas características do gás canalizado. “É um dos maiores percentuais do mundo. Os Estados Unidos já usa de 2% a 3% de biometano. A França quer chegar a 10% em 2030”, resume o presidente da estatal cearense, Hugo Figueirêdo. 

Nos três primeiros meses de 2022, foram injetados cerca de 77 mil metros cúbicos por dia na rede da Cegás, que comercializou, em média, 580 mil metros cúbicos diariamente no primeiro trimestre. Esta quantidade não inclui o gás natural que é destinado às térmicas do Ceará, que compram o combustível do terminal de regaseificação. A média de biometano comercializado pela distribuidora foi de 14% no período citado. ”Podemos comprar, por dia, até 90 mil metros cúbicos do biometano produzido pela GNR Fortaleza”, explica o executivo.

O biometano vem do Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (Asmoc) que recebe os resíduos sólidos da Grande Fortaleza. Para o biometano chegar à rede da Cegas foi preciso uma parceria entre o governo do Estado e a empresa GNR Fortaleza, a junção da empresa baiana Ecometano e a cearense Marquise Ambiental. É a GNR Fortaleza que administra o aterro, captura o biogás e o transforma em biometano.

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Na parceria, o governo do Estado deu um incentivo, a Cegas fez um investimento de cerca de R$ 20 milhões – empregados na construção de 23 quilômetros de dutos e uma estação de transferência para receber o biometano – e a GNR empregou cerca de R$ 100 milhões numa estrutura de captação e purificação do biogás. Depois deste processo, o biogás se transforma em biometano, que tem as mesmas especificações do gás natural canalizado exigidas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Presidente da Cegás, Hugo Figueirêdo, afirma que o biometano responde por cerca de15% da comercialização da distribuidora de gás do Ceará FOTO: Cegás/Divulgação

As primeiras tratativas para fazer o projeto ocorreram em 2014. “A GNR procurou a Cegás com uma sócia que já fazia este tipo de operação. Na época, o biogás era mais caro do que o gás natural. Hoje, está mais barato do que o gás convencional”, lembra Hugo. E acrescenta: “o preço do gás natural é indexado ao preço do barril do petróleo brent e subiu mais agora por causa da guerra na Ucrânia”. 

Durante o pico da pandemia, houve uma redução do consumo do gás natural e aí a Cegás ultrapassou os 50% de biometano e reduziu a compra do gás natural convencional.

Toda a infraestrutura para a produção do biometano e o seu escoamento foi construída entre 2014 e dezembro de 2017, quando começou a pré-operação do projeto. Em maio de 2018, o biometano passou a ser injetado na rede da distribuidora. A GNR faz a captação do biogás antes dele ir pra atmosfera.

E nesta época de economia circular – onde os resíduos devem ser reaproveitados ao máximo -, os clientes da Cegás ainda têm um diferencial: recebem um selo verde concedido pela distribuidora atestando que estão consumindo um produto sustentável.

Todo o gás comercializado pela Cegás tem a seguinte distribuição: 30% são destinados ao setor automotivo, 10% aos segmentos comercial e residencial e 60% são consumidos pela indústria. 

Expectativa de novos projetos

A produção brasileira de biometano é da ordem de 400 mil metros cúbicos diários (m³/dia), segundo informações da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás). A entidade  estima que esse volume deve crescer significativamente nos próximos anos com a implantação de 25 novas usinas já anunciadas e que devem demandar investimentos da ordem de R$ 60 bilhões até 2030. Caso estes investimentos, se concretizem, vão produzir cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia, o que seria suficienta para abastecer a atual demanda não termelétrica da Região Sudeste, maior centro consumidor do País.

A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e a Abiogás anunciaram, no último dia 18 de maio, a criação de um grupo de trabalho conjunto para impulsionar o uso de biometano pelas concessionárias estaduais de gás natural.

“Gás: o combustível da transição energética” é o nome do evento que será realizado d

No próximo dia 19 de julho o Movimento Econômico, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), realiza o Seminário GÁS – O combustível da transisção energética, na sede da instituição. Até lá, o Movimento Econômico trará uma série de reportagens sobre o tema, apresentado o cenário atual deste combustível e os seus desafios. As inscrições para o evento podem ser feitas no seguinte link : https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfZvb3dOfSynq5JQ7WaKbwhVPmuLSEhuUKnPJADV4k7CZKhjQ/viewform

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