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Engenheira da Chesf representa o Brasil em Congresso Internacional de Grandes Barragens

Nordestina, mulher e engenheira, a assessora da diretoria de Operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Patrícia Neves, é a única brasileira indicada para representar o Brasil no 27º Congresso Internacional de Grandes Barragens (CIGB) que está ocorrendo em Marselha, na França, a partir desta sexta-feira (27) até a sexta-feira, dia 03 de […]
A engenheira da Chesf Patrícia Neves
Patrícia Neves vai representar o Brasil num dos eventos mais técnicos do setor, o Congresso Internacional de Grandes Barragens. Foto: Divulgação/Chesf

Nordestina, mulher e engenheira, a assessora da diretoria de Operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Patrícia Neves, é a única brasileira indicada para representar o Brasil no 27º Congresso Internacional de Grandes Barragens (CIGB) que está ocorrendo em Marselha, na França, a partir desta sexta-feira (27) até a sexta-feira, dia 03 de junho. O evento é realizado pela Comissão Internacional de Grandes Barragens (Icold), uma instituição francesa. O que chama a atenção é que ela se destaca num ramo da engenharia que é predominantemente ocupado por homens: a construção dos grandes reservatórios ligados às hidrelétricas do setor elétrico. 

Criada na França, a Icold é uma organização não governamental com atuação em mais de 100 países e que tem como finalidade trocar conhecimento e experiências sobre a engenharia de barragens. A indicação de Patrícia – para representar o Brasil – foi feita pelo Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), do qual é diretora regional do Núcleo de Pernambuco e membro do Conselho Deliberativo. O Brasil fez 13 indicações para participar do Icold, enviando pessoas que são reconhecidas nas suas respectivas áreas. “Não imaginava trabalhar com grandes barragens. As coisas foram acontecendo. Fiz engenharia na UFPE e me formei em 2000. Na época, a situação estava ruim nas empresas privadas da área de engenharia. Fiz um concurso para a Chesf, passei. E o acaso me trouxe para o setor de barragens hidrelétricas, que é um mundo a parte”, comenta.

Mesmo sendo uma área com predominância de homens ocupando os principais cargos, Patrícia começou a ler e  estudar sobre o assunto depois que começou a trabalhar no setor de barragens da estatal. “O que mais gosto é segurança de barragem, que envolve instrumentação, inspeção e planos de segurança de emergência”, conta. E aí já são quase 20 anos atuando no setor. “Numa carreira na área de engenharia, tem muito homem. Hoje, já está melhor. Mas sempre vai existir o preconceito. Na Chesf, eu nunca senti. Mas quando fui ser estagiária de uma empresa de engenharia, tenho o biotipo frágil, e aí o mestre de obras olhava pra mim, como se dissesse: este bibelô não vai conseguir fazer nada”. 

E assim foram vários episódios, incluindo até um mestrado na USP, na cidade de São Paulo, na qual um professor lembrou, quando ela acabou de apresentar a dissertação, do primeiro dia que Patrícia chegou na aula do mestrado, e ele teve a impressão que ela não ia conseguiria concluir o curso. “As pessoas têm o preconceito, olham e julgam. A gente não pode se fragilizar, nem se envergonhar. É ter segurança  no conhecimento e saber do que é capaz”, argumenta. O mestrado foi na área de estudo de materiais na construção civil e foi concluído em 2007 depois de três anos, incluindo nove meses morando em São Paulo. Os ensaios do mestrado foram feitos em Furnas, uma empresa do setor elétrico que também pertence à Eletrobras, a dona da Chesf.

Trajetória

Aos 44 anos, Patrícia atualmente é assessora da diretoria de Operação da Chesf, que  como o nome diz é mais ligado a parte operacional da estatal. Ela coordena a parte de segurança das barragens da Chesf desde 2019. E aí a pergunta que não quer calar é por que no Brasil nunca se viu um acidente de grandes proporções envolvendo as barragens das hidrelétricas, embora os acidentes com as barragens das mineradoras estejam no inconsciente coletivo dos brasileiros, como o que ocorreu em Brumadinho, em Minas Gerais. 

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“Na hidrelétrica, a barragem é a joia que vai juntar o ativo que é a água. É necessário todo um primor na construção da barragem. Caso não tenha água, não consegue gerar energia. A concepção da engenharia é bem diferente.  Na construção de uma barragem do setor elétrico, se faz um desvio do rio para tratar o local que vai receber a água. No minério, o material que fica na barragem é um expurgo e querem gastar o mínimo possível. Se houver um rompimento no setor elétrico, é lento e avisado”, explica Patrícia, que deu esta rápida entrevista, por telefone, quando estava em Sobradinho, uma das hidrelétricas da Chesf que possui o maior reservatório do Nordeste. 

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