Seminário Gás – O combustível da transição energética, apresentou desafios para o futuro

No Seminário GÁS - O combustível da transição energética, promovido pelo Movimento Econômico, empresários e especialistas discutiram propostas para aumentar o uso do biogás e do biometano

Kleber Nunes

O caminho que leva para o futuro com menos carbono e mais eficiência energética passa pelo gás e suas formas mais limpas: o biogás e o biometano. Diante do percurso com metas mundiais de curto e médio prazo, o incentivo por meio de políticas públicas, da superação de distorções tributárias – que incidem sobre os novos combustíveis – e o investimento em infraestrutura são os passos a serem dados agora.

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Augusto Salomon, da Abegás: perdas de gás natural vão na contramão da demanda pelo insumo –
FOTO: Heudes Régis/Movimento Econômico

Esse cenário desafiador, mas irreversível, foi apresentado nesta terça-feira (19) no Seminário Gás – O combustível da transição energética, promovido pelo Movimento Econômico, em parceria com a Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe). O evento inédito reuniu alguns dos principais nomes do setor de combustível e energia, no auditório da Casa da Indústria, sede da Fiepe, no Recife. Nos painéis, com palestras seguidas de mesas-redondas, atores que estudam e já trabalham pela diversificação das fontes de energia a partir de matrizes renováveis.

Ricardo Essinger, presidente da Fiepe, entidade parceira do Movimento Econômico no evento, comemorou a realização do seminário e os insights provocados pelos palestrantes. “Esse encontro aconteceu em um momento muito oportuno e cada palestra e debate foram muito ricos. Esperamos que o gás natural, o biogás e o biometano sejam cada vez mais realidade para as nossas indústrias, baixando os custos e trazendo competitividade para nossa economia”, declarou.

No Brasil, a Petrobras, como consorciada, é responsável pela produção de 73% do gás e 98% atuando como operadora. A estatal está presente em todos os dutos de escoamento offshore. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), os maiores consumidores são as residências, com mais de 4 milhões de unidades, seguidas do segmento comercial (46.028) e da indústria (3.666).

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Na palestra de abertura do seminário, o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon, explicou que o país tem um grande potencial para o setor, mas a falta de investimentos têm gerado desperdício. Dos mais de 100 milhões de metros cúbicos (MM m³) de gás natural ofertados por dia, 57,35 MM m³ são reinjetados. Essa média de reinjeção vem crescendo desde 2017, sendo que nos últimos dois anos esse índice ultrapassou o de gás ofertado ao mercado.

“Em 2021, tivemos o recorde de reinjeção que foi mais do que o dobro do consumo do segmento industrial (30 MM m³/dia). Isso equivale a duas vezes o potencial de importação da Bolívia. Uma das maneiras de diminuir consideravelmente esse desperdício de gás natural seria a entrada em operação da chamada Rota 3, que liga o Polo Pré-Sal da Bacia de Santos até o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), reduzindo o gargalo logístico. Lembrando que a reinjeção é responsável pela perda de R$8 bilhões em arrecadação por ano”, afirmou Salomon.

Ainda conforme dados da Abegás, essa perda de gás natural vai na contramão do aumento de demanda pelo combustível. A associação calcula um investimento de US$ 49,5 bilhões sendo escoamento e transporte (US$ 24 bilhões) e distribuição (US$ 11 bilhões) as áreas que necessitam de maiores aplicações.

Essa garantia de atendimento da demanda, mais adequação técnica e incentivos fiscais podem viabilizar a substituição de lenha, carvão e óleo combustível, beneficiando o setor industrial. No âmbito da energia, térmicas a gás natural são uma oportunidade para reduzir emissões, o custo da energia e aumentar a segurança das renováveis, sobretudo, em períodos de crises hídricas.

“É preciso mais investimentos em rotas de escoamento, unidades de processamento e gasodutos de transporte. Isso nos levará a uma redução da dependência da importação e a um mercado menos exposto à volatilidade dos preços internacionais, maior competitividade e melhores condições de preço para todos os consumidores”, explicou Salomon.

Nordeste é parte da solução

Na mesa redonda, logo após a palestra de Augusto Salomon, executivos debateram a exposição da Abegás. O diretor da ONCorp, João Mattos, destacou que o Nordeste tem uma “situação diferenciada” em relação ao resto do país e, por isso, pode ocupar uma posição de protagonismo no fortalecimento do gás natural. “A região se destaca na atração de projetos de térmicas a exemplo de um leilão que tivemos no fim do ano e foi vencido pela Térmica Pernambuco. É acreditando nesse potencial que pretendemos implantar novos projetos em Suape a curto prazo”, disse.

João Mattos, da OnCorp, ressaltou potencial do Nordeste para energias renováveis – FOTO: Heudes Régis/Movimento Econômico

Também na mesa, o presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão, afirmou não ter dúvidas de que o terminal será “o porto verde” da região. Segundo ele, há diálogos permanentes com a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) e projetos em curso. “Suape tem criado as condições para atrair terminais de GNL e outras tecnologias como o hidrogênio verde. Daqui para o final do ano vamos estabelecer um novo terminal de gás no cais multiuso”, revelou Gusmão.

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