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Economia, fé e política: os desafios de Lula rumo a 2026

O uso da política fiscal como ferramenta eleitoral parece ter se esgotado e impõem desafios conjuntural e estrutural a Lula
presidente Lula
Presidente Lula/Foto: Joédson Alves Agência Brasil/

Em sua carta de janeiro, endereçada aos investidores, a gestora carioca Mar Asset Management analisa o impacto da política fiscal do governo brasileiro e suas consequências na economia e na popularidade presidencial. O estudo pode ajudar a explicar a desidratação na popularidade do presidente Lula e aponta para um cenário eleitoral difícil para o PT em 2026.

Desde sua reeleição, Lula vem apostando em um modelo expansionista de política fiscal, revogando o teto de gastos e ampliando investimentos públicos para estimular o crescimento e sustentar sua base política, diz a gestora, sugerindo que essa abordagem está chegando ao seu limite.

O uso excessivo da política fiscal pode levar a cenários de estagflação, como ocorreu nos Estados Unidos na década de 1970. O elevar gastos públicos para impulsionar a economia resultou em inflação persistente e baixo crescimento no país. Paul Volcker, então presidente do Federal Reserve, teve que elevar os juros de maneira agressiva para controlar os preços.

O paper da asset carioca ressalta que o ativismo fiscal sempre predominou no Brasil, sendo usado não apenas para suavizar crises, mas também como ferramenta política para sustentar a popularidade presidencial. A crise fiscal do governo Dilma Rousseff demonstrou claramente os riscos desse caminho, o que levou à criação de um teto de gastos em 2016 e à maior independência do Banco Central.

Contudo, a pandemia da Covid-19 trouxe de volta o protagonismo da política fiscal, tanto no Brasil quanto globalmente. Mas, enquanto diversos países ajustaram seus gastos após a crise sanitária, o governo brasileiro optou por manter uma postura expansionista com a PEC da Transição.

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Cenário desfavorável a Lula

Nos últimos dois anos, a política fiscal obteve os resultados esperados, impulsionando o crescimento do PIB, reduzindo o desemprego a mínimos históricos e mantendo a inflação em níveis baixos. O índice de miséria, que soma inflação e desemprego, atingiu o menor patamar da história ao fim de 2024, refletindo o objetivo do governo. No entanto, apesar desse cenário econômico favorável, o impacto positivo sobre a popularidade do presidente Lula foi menor do que o esperado.

Agora, o governo enfrenta dois desafios significativos. O primeiro é conjuntural, pois o ciclo econômico do atual mandato pode ter atingido seu pico. O segundo é estrutural, já que, mesmo com o sucesso fiscal, a aprovação presidencial continua baixa, semelhante à registrada por Bolsonaro no mesmo período de governo. Além disso, não há mais espaço para manter a política fiscal expansionista nos próximos anos, limitando as opções para uma recuperação da popularidade.

Com o Banco Central elevando os juros novamente e um cenário de desaceleração à vista, o estudo prevê que, em 2026, o Brasil pode enfrentar um período de contração econômica, com aumento do desemprego e redução do ritmo de crescimento. Essa conjuntura deve dificultar a viabilidade de uma candidatura petista à reeleição, tornando o cenário político mais incerto. E isso num ambiente no qual a influência evangélica é crescente.

Influência evangélica

Em sua carta, a Mar Asset aponta que a mudança no perfil do eleitorado brasileiro tem reduzido a relação entre economia e popularidade governamental. O crescimento da população evangélica, que passou de 22% em 2010 para uma projeção estimada pela gestora em 36% em 2026, tem inclinado o eleitorado para a direita e dificultado a sustentação política de candidatos progressistas.

Um dos fatores para essa guinada política é a disseminação da Teologia da Prosperidade. Esse modelo incentiva uma visão individualista da ascensão econômica, reduzindo a crença de que o governo tem papel central no bem-estar social. Com isso, programas assistenciais perdem eficácia como ferramenta de convencimento político. O estudo sugere que esse fator tem sido crucial para a erosão do apoio dos evangélicos ao PT.

O impacto eleitoral da transformação religiosa

Os dados da Mar Asset mostram que, em 2010 e 2014, cerca de 50% dos evangélicos votavam no PT. Esse índice caiu para 31% entre 2018 e 2022, acompanhando a consolidação de um eleitorado mais conservador. A pesquisa projeta que essa tendência pode se aprofundar até 2026, tornando o cenário ainda mais desafiador para o partido. Com a estimativa de que 78 milhões de brasileiros serão evangélicos nas próximas eleições, o peso político desse grupo será determinante na escolha do próximo presidente.

A ascensão evangélica não influencia apenas as eleições, mas também a forma como a sociedade enxerga o papel do Estado na economia. Na Teologia da Prosperidade, o sucesso financeiro é visto como resultado da fé e do esforço pessoal. Esse pensamento contrasta com modelos econômicos progressistas, que defendem um papel mais ativo do governo na redução das desigualdades. Com isso, a base evangélica se torna menos receptiva a propostas de ampliação de programas sociais e a discursos que enfatizam o Estado como garantidor do bem-estar coletivo. Essa mudança pode reconfigurar o debate econômico no Brasil nos próximos anos.

Ademi e CPRH

A Ademi-PE realiza hoje (18) almoço com associados e recebe o presidente da CPRH, José de Anchieta, para apresentar as realizações e perspectivas do órgão para 2025.

Pernambuco Export

O diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot, abrirá o fórum Pernambuco Export, no próximo dia 20, na Fiepe. A programação inclui visitas técnicas aos portos de Suape, Recife e ao Porto Digital.

Estágio na Amarante

A Amarante, gestora dos resorts Salinas e Japaratinga, abriu seleção para estagiários. Inscrições disponíveis no site da empresa.

Plano de Voo 2025

A Amcham Brasil realiza hoje, às 19h, o evento “Plano de Voo 2025” no Cais Rooftop Lounge Bar. Economistas e líderes discutirão crescimento econômico, riscos fiscais e cenário geopolítico do Brasil.

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