O setor de crédito foi decisivo na recuperação econômica do Brasil em 2024, mas o cenário para 2025 aponta incertezas que podem impactar o seu crescimento. Informações do Banco Central e da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) mostram que o crédito se consolidou como um dos principais motores da economia brasileira. Contudo, questões como juros altos, inflação persistente, desafios fiscais e impactos climáticos exigem atenção.
Em 2024, o saldo de crédito a pessoas físicas aumentou 12,5%, enquanto para pessoas jurídicas cresceu 9,2%, levando a relação crédito-PIB para o patamar de 54,5% — ainda bem abaixo de mercados maduros, como os Estados Unidos, onde o índice é de 150%. Ao Movimento Econômico, Elias Sfeir disse que “o potencial no Brasil para alavancar a economia com crédito é fantástico”. Ele é presidente da ANBC.
Entre as regiões, o Norte liderou o crescimento (15,5%), seguido pelo Centro-Oeste (13,4%), Sul (13,2%) e Nordeste (12,3%). O crédito para pessoas jurídicas também cresceu e alcançou a expressiva taxa de 18,3% no Norte; 13,3% no Nordeste; 11% no Sul, 7,5% no Sudeste e 7% no Centro Oeste.
Em Pernambuco, o crédito para pessoas físicas cresceu 11%, enquanto para pessoas jurídicas o avanço foi de 11,6%.
NE lidera inadimplência no crédito
Esse crescimento robusto foi acompanhado por uma leve redução na inadimplência média nacional, que recuou 0,98 pontos em 12 meses. A taxa entre Pessoas Físicas subiu no Centro-Oeste e Norte, acompanhando naturalmente a maior oferta de crédito. Apesar de o recuo mais expressivo ter ocorrido no Nordeste (0,64 pp), a região lidera a inadimplência de Pessoas Físicas do país (4,34%). Entre as pessoas jurídicas, a maior elevação foi no Centro-Oeste (0,57 p.p) e Nordeste (0,42 p.p), com bom recuo no Sudeste (1,02 p.p). O Nordeste também lidera a inadimplência para Pessoas Jurídicas (3,13%).
2025: Menos positivo, mas ainda promissor
Elias Sfeir avalia que o cenário para 2025 é “menos positivo do que em 2024”. “A Selic é um fator determinante para a expansão ou retração do crédito, pois impacta diretamente as condições de acesso”, ressalta. Apesar disso, a ANBC projeta um crescimento de 9% no saldo de crédito para o ano.
Crédito x mudança climática
A mudança climática aparece entre os desafios adicionais que o mercado de crédito visualiza para 2025. Os fenômenos do clima geraram perdas econômicas da ordem de US$ 320 bilhões globalmente em 2024. No Brasil, secas severas e inundações impactaram a agricultura e o abastecimento de água em vários estados, inclusive no Nordeste, afetando diretamente a capacidade de pagamento e, consequentemente, a oferta de crédito. Segundo Elias Sfeir, os compromissos ESG (Ambientais, Social e de Governança) têm impacto direto no fluxo de caixa e na governança das empresas, influenciando a concessão e a gestão do crédito. O tema não pode ser mais ignorado.
Grupo João Santos prepara venda de ativos
O Grupo João Santos aguarda para os próximos dias a homologação do plano de Recuperação Judicial, já aprovado pelos credores, para dar início à venda de seus ativos imobiliários, a grande maioria situada em área rural, como a usina Santa Tereza, que fica em Goiana. Conforme João Rogério Filho, da PPK Consultoria, a expectativa é arrecadar R$ 800 milhões com essa desmobilização, verba que será direcionada ao pagamento das obrigações tributárias e aos credores da Classe-1, que reúne 23 mil trabalhadores.
Vibra avança no Brasil
A Vibra, maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do Brasil, oficializou a aquisição integral da Comerc Energia, consolidando-se como a maior plataforma multienergia do país. A companhia passa a controlar 100% das operações da Comerc e terá Clarissa Sadock como CEO. A Comerc representa uma das avenidas de crescimento da Vibra, que vê oportunidades imediatas para usufruir das sinergias de R$ 1,4 bilhão provenientes de maior eficiência financeira, operacional e fiscal.
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