Começa a emergir um movimento em torno da concessão da PE-60, rodovia cuja requalificação foi anunciada pela governadora Raquel Lyra, no mês passado, com investimentos de R$ 75 milhões. O LIDE Pernambuco, através dos seus Comitês Jurídico e de Infraestrutura, se debruçou sobre o tema e lançou um paper no qual propõe que ela seja concedida à iniciativa privada e passe a ser pedagiada.
O documento, que é fruto de um estudo aprofundado, leva assinatura do presidente do LIDE, Drayton Nejaim. Também assinam, o empresário Felipe Trigueiro, dono da FT Log, que preside o Comitê de Logística, e o advogado Marcus Mello, sócio no escritório Mello e Pimentel e responsável pelo Comitê Jurídico.
Drayton Nejaim explica que a intenção é provocar o governo a entrar no tema, porque há uma janela de oportunidade para a transformação da rodovia num corredor de alto potencial logístico, imobiliário e turístico. Ele se refere ao bom momento do litoral sul de Pernambuco, assim como do litoral norte alagoano. A PE-60 se conecta com a AL-101, rodovia que pavimenta o acesso às praias do chamado Caribe Brasileiro, em Alagoas, onde aportes de investidores, a exemplo de Neymar, estão elevando o preço do metro quadrado.
É nesta região de água azul turquesa que o estado vizinho vem avançando com infraestrutura, onde o destaque é a construção de um aeroporto em Maragogi, cuja entrega está prometida para 2025, com investimentos de R$ 280 milhões. O desenvolvimento da região ganhou mais impulso após a nomeação do ex-governador alagoano Renan Filho para o Ministério dos Transportes.
PE-60 é elo fundamental
Em seu paper, o LIDE sustenta que a rodovia “é um elo fundamental na cadeia logística do Porto de Suape, escoando cargas e conectando-o ao restante do país”. Além disso, a PE-60 abre caminhos para o desenvolvimento das cidades que ela corta ao longo de seus 85 km.
“Apesar de sua importância estratégica, a PE-60 enfrenta uma série de desafios que impedem seu gigantesco potencial indutor de desenvolvimento e colocam em risco a segurança e o bem-estar de seus usuários. A falta de investimentos em infraestrutura transformou a rodovia em um obstáculo ao invés de um vetor de progresso”, diz o documento.
Para o LIDE-PE, a requalificação da rodovia não basta para desenvolver a região e é necessário avançar no tema da concessão neste momento de grande atração de investimentos, porque do contrário, apenas o estado vizinho sairá beneficiado. Drayton Nejaim ressalta que uma das principais barreiras ao pedágio, que é o custo da tarifa para pessoas menos favorecidas que vivem nas cidades da região, não é impedimento. O estudo do LIDE considera esse fator e traz alternativas.
Posição do governo
No entanto, a posição do governo de Pernambuco é de cautela justamente porque a mobilidade dessas pessoas é um tema sensível. Segundo o secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Diogo Bezerra, é preciso aguardar uma posição do Ministério dos Transportes. A pasta encomendou um estudo ao BNDES para concessão da BR-101. De acordo com Bezerra, se essa concessão sair, fica inviável pedagiar também a PE-60, porque isso eliminaria as rotas de fuga para quem não deseja transitar por estradas com pedágios. O tema promete intenso debate.
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