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Vacas de Sergipe produzem 3 vezes mais leite que a média nacional

O destaque na produção de leite em Poço Redondo é o povoado de Santa Rosa do Ermírio e deve-se ao investimento contínuo em genética animal
Ordennha mecânica em fazenda no interior de Sergipe. Incentivo para a produção fez com que Sergipe atingisse o segundo lugar no ranking regional. Foto: Vieira Neto/Divulgação

Uma pesquisa trimestral sobre a produção de leite do país, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao quarto trimestre de 2024, coloca Sergipe em uma posição privilegiada. O estado ocupa o segundo lugar na produção entre os estados nordestinos e o 10º lugar no país, com 132,2 milhões de litros. Um dado importante: enquanto a média brasileira é de 1.343 litros por cabeça/ano, a de Sergipe é de 2.336 litros por cabeça/ano, e a de Poço Redondo, no sertão, é de 3.960 litros por cabeça/ano, três vezes mais que a média nacional.

O destaque na produção de leite em Poço Redondo é o povoado de Santa Rosa do Ermírio e deve-se ao investimento contínuo em genética animal, com vacas de alta linhagem, o que aumenta significativamente a produtividade.

O diretor de assistência técnica da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe), Jean Carlos Nascimento, lembra que “antigamente, as vacas produziam cerca de três a quatro litros de leite por dia, mas hoje elas alcançam uma média de 25 a 30 litros diários, graças ao melhoramento genético e aos cuidados especializados”. O rebanho bovino sergipano é, atualmente, estimado em 1,3 milhão de animais.

O rebanho bovino de Sergipe tem mais de 1,3 milhão de cabeças, a maioria voltada para a produção de leite. Foto: Vieira Neto/Divulgação

Jean Carlos Nascimento reforça que todo esse potencial da bacia leiteira sergipana é fruto de um trabalho que começou há algum tempo, com pesquisas e apoio aos produtores locais. Com isso, em 2021, por exemplo, o estado produziu 435,5 milhões de litros de leite, o que representou um aumento de 20,9% em relação ao ano anterior. Já em 2022, a produção de leite em Sergipe alcançou 78,28 milhões de litros apenas no quarto trimestre.

Programas e inseminação

Para apoiar os pequenos produtores rurais, a Emdagro iniciou o Programa “Sementes do Futuro“, distribuindo insumos essenciais para garantir a alimentação animal. São 206 toneladas de sementes de milho para cerca de 55 municípios, incluindo Poço Redondo, Porto da Folha e Glória. Esse milho é utilizado principalmente para a produção de silagem, essencial para garantir a alimentação dos animais, especialmente durante períodos de seca.

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Além disso, o governo tem promovido a distribuição de 400.000 raquetes de palma, uma alternativa crucial para garantir a alimentação animal durante os meses mais secos. A palma das variedades “Orelha de Elefante” e “Sertânia”, ambas resistentes ao clima da região, é distribuída para produtores em 20 municípios do sertão sergipano.

Segundo Jean Carlos Nascimento, desde 2022, a Emdagro tem trabalhado com o programa Mais Pecuária Brasil, começando nos municípios de Nossa Senhora de Lourdes, Itabi, Porto da Folha, Nossa Senhora da Glória e Monte Alegre. “Esse trabalho é gratuito para o pequeno agricultor que tem até 30 animais. Normalmente, eles escolhem as vacas de leite, é claro. Quando o trabalho foi iniciado, apenas 402 vacas foram inseminadas, enquanto em 2024, foram inseminados cerca de 1.000 animais.”

Além da inseminação, o rebanho deve estar vacinado contra a brucelose, uma das principais doenças dos bovinos. “Aqueles que têm até 30 reses, a vacina é gratuita. No ano passado, imunizamos 5.257 animais. Com isso, temos um leite de mais qualidade e maior produtividade”, frisou Jean Carlos.

Laticínios

A grande produção de leite no Sertão sergipano atraiu as indústrias e hoje o município de Nossa Senhora da Glória tem cerca de 10 empresas de beneficiamento, que compram quase toda a produção, enviando-a inclusive para outros estados, como Alagoas, Bahia e Pernambuco. O governo, por sua vez, em parceria com o governo federal, aderiu ao PAA Leite (Programa de Aquisição de Alimentos), que adquire 90 mil litros de leite por mês, beneficiando três mil famílias em seis municípios da região.

Empresa de laticóinios Lac Glória, em Nossa Senhora da Glória, comercializa seus produtos em Sergipe e mais três estados do Nordeste. Foto: Arquivo pessoal

Uma das empresas que atuam em Nossa Senhora da Glória é a Lac Glória Laticínios, um empreendimento familiar fundado há mais de 30 anos, que conta com 60 funcionários. “Nossos produtos derivados do leite são queijos, queijos coalho, manteiga, que distribuímos, com frota própria, para o mercado sergipano e para Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte”, disse o diretor administrativo da empresa, Lucas Santos.

No dia 3 de fevereiro de 2003, a Lac Glória foi o primeiro laticínio a receber o selo de adesão do Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), permitindo a comercialização dos produtos em todo o país.

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