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Governo cancela compra de arroz e secretário deixa o cargo

Secretário do Ministério da Agricultura pediu demissão após suspeitas de conflito de interesses no processo que resultou na aquisição de 263 mil toneladas do produto por R$ 1,3 bilhão
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O governo arrematou o arroz de quatro empresas ao custo de R$ 1,3 bilhão, mas surgiram denúncias. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O leilão público realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para aquisição de 263 mil toneladas de arroz beneficiado importado foi cancelado nesta terça-feira (11) pelo governo federal. Outra compra destinada a abastecer o mercado nacional após a tragédia das enchentes do Rio Grande do Sul será realizada, mas sem data marcada.

A medida foi tomada após suspeitas de fraude no processo. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, pediu demissão do cargo. O governo arrematou o arroz de quatro empresas ao custo de R$ 1,3 bilhão, mas surgiram denúncias de que três das participantes não eram do ramo de importação e não tinham garantias de que efetivamente iriam entregar o produto.

“Nós pretendemos fazer novo leilão, quem sabe em outros modelos para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar as empresas que tenham capacidade técnica e financeira”, disse o presidente da Conab, Edgar Preto, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã desta terça-feira, no Palácio do Planalto. Participaram do encontro os ministros do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e da Agricultura, Carlos Fávaro.

Segundo Paulo Teixeira, a Receita Federal deverá participar do próximo certame. A partir da anulação, os mecanismos para a realização de leilão serão revistos pela Conab, com apoio da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

De acordo com o ministro Carlos Fávaro, a avaliação do governo é que, do conjunto das empresas vencedoras do leilão, uma maioria tem “fragilidades”, ou seja, “não tem capacidade financeira de operar um volume financeiro desse tamanho”.

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As mais de 260 mil toneladas de arroz arrematadas correspondem a 87% das 300 mil toneladas autorizadas pelo governo nesta primeira operação. No total, mais de R$ 7 bilhões foram liberados para a compra de até 1 milhão de toneladas.

“A gente tem que conhecer a capacidade [das empresas], é dinheiro público e que tem que ser tratado com a maior responsabilidade”, disse Fávaro, explicando que nenhum recurso chegou a ser transferido na operação.

As empresas participam do leilão representadas por corretoras em Bolsas de Mercadorias e Cereais e só são conhecidas após o certame. Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica, mas ainda não há data para o novo leilão.

Arroz da discórdia

Também nesta terça-feira, o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão após suspeitas de conflito de interesse. Matéria do site Estadão informa que o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão, é uma indicação direta do secretário. Além disso, a FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do leilão, é do empresário Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.

O ministro Fávaro confirmou que aceitou a demissão do secretário. “Ele [Geller] fez uma ponderação que, quando o filho dele estabeleceu a sociedade com esta corretora lá de Mato Grosso, ele não era a secretário de Política Agrícola, portanto, não tinha conflito ali. E que essa empresa não está operando, não participou do leilão, não fez nenhuma operação, isto é fato. Também não há nenhum fato que desabone e que gere qualquer tipo de suspeita, mas que, de fato, isso gerou um transtorno e, por isso, ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, explicou Fávaro.

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