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Sertão do RN começa a produzir pera, terceira fruta mais importada do Brasil

Das variedades de pera já estudadas, além dos tipos princesinha e triunfo, também apresentaram frutos de qualidade as peras housui, centenária e schmidt.
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Foto: Embrapa Semiárido

Por Kleber Nunes

Cerca de 95% das peras encontradas nas gôndolas ou mesas dos brasileiros vem do exterior. O Brasil produz anualmente de 40 mil a 60 mil toneladas e, desse total, o Rio Grande do Sul sozinho responde por mais da metade da produção. A fruta é a terceira mais importada para o país. Esse cenário tende a mudar em um futuro breve e, embora seja um alimento típico de regiões de clima frio, é do sertão nordestino que começa a brotar a novidade que pode gerar trabalho e renda e alterar a balança comercial da fruticultura.

Além do Vale do São Francisco, que começou a colher sua primeira produção de peras há dois anos, Mossoró, no Rio Grande do Norte, também vem cultivando a fruta. A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) Semiárido, o Sebrae no Rio Grande do Norte e a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) estão desenvolvendo uma pesquisa para a produção da pera na cidade, que a 275 quilômetros de Natal. No local, foram cultivadas 40 mudas de pereiras das variedades princesinha e triunfo, que já frutificaram prematuramente por meio de técnicas de enxerto em um pomar instalado no Campus Leste da universidade.

Os resultados preliminares, segundo o Sebrae, são animadores e suficientes para a condução das pesquisas nessa região, onde as temperaturas podem chegar a até 38 graus com baixo índice de chuvas – concentradas principalmente nos primeiros seis meses do ano – e umidade do ar nos níveis de até 30%. A iniciativa faz parte de um estudo maior de verificação da adaptação dessa cultura às condições climáticas e de solo da região semiárida do Nordeste do Brasil, que começou há mais de uma década nas estações da Embrapa na região do Vale do São Francisco, sobretudo nos municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

“Iniciamos a plantação há pouco mais de um ano e está na fase de início de formação das plantas, que vamos avaliar o comportamento e a viabilidade. Até agora, pelo que vemos, a gente acredita que vai se desenvolver bem”, explicou o professor responsável pelo Grupo de Pesquisa em Fruticultura da Ufersa, Vander Mendonça. Ainda de acordo com o docente, há também outra área de experimento na cidade de Apodi (RN), onde os resultados só deverão ser obtidos em 2024.

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Pesquisador Paulo Roberto Coelho repassa manejo adotado no Vale do São Francisco aos potiguares / Foto: Agência Sebrae

Um dos pesquisadores envolvidos, o professor Paulo Roberto Coelho, explica que foi desenvolvido um sistema de manejo capaz de inibir o crescimento das plantas e estimular a formação de botões florais, o que driblaria a questão climática do semiárido. “A partir daí conseguimos excelente florescimento, frutificação e produção de frutos com qualidade. Foram também determinados parâmetros de espaçamento, sistema de condução, adubação, irrigação, monitoramento de pragas e doenças, avaliação da qualidade após a colheita dos frutos e dos custos de produção”, revelou Coelho.

Das variedades já estudadas, além dos tipos princesinha e triunfo, também apresentaram frutos de qualidade as peras housui, centenária e schmidt. De acordo com o gestor do Projeto de Fruticultura do Sebrae-RN, Franco Marinho, a instituição tem acompanhado o desenvolvimento das pesquisas e, após consolidação, apresentar os resultados para os produtores da região, de forma que, se houver interesse, oferecer consultorias tecnológicas para o cultivo de pereiras.

“O objetivo maior é estimular a diversificação da produção de frutas no Rio Grande do Norte com potencial econômico. Esperamos que os resultados sejam satisfatórios e que futuramente essa seja mais uma opção de cultura para nossos produtores”, disse Marinho.

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