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Excesso de chuvas afeta produção de frutas do Vale do São Francisco

Prejuízo no cultivo de uvas já ultrapassa R$ 33 milhões, enquanto a produção de manda teve perdas na casa dos R$ 27 milhões

Por Juliana Cavalcanti*

Com uma produção que supera 1 milhão de toneladas por ano, a região do Vale do São Francisco – no eixo Petrolina (PE)-Juazeiro (BA), no submédio São Francisco, vive dias de apreensão devido às fortes chuvas que afetam a região desde o mês de dezembro de 2021 e que já prejudicam a fruticultura irrigada. A expectativa dos produtores é de um prejuízo de até 80% na safra do primeiro semestre de 2022.

Segundo informações do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, os prejuízos no cultivo de uvas já ultrapassa os R$ 33 milhões – com a perda de 20 mil toneladas da fruta. Na produção da manga, cerca de 10 mil toneladas já foram perdidas, com perdas na casa dos R$ 27 milhões.

Chuvas afetam produção de frutas no Vale do São Francisco
Excesso de chuvas compromete a produção de frutas no Vale do São Francisco. Perdas chegam a 80% neste 1º semestre de 2022/Imagem: Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina/Divulgação

As duas culturas representam 80% da produção da região, com mais de 2 mil produtores, geração de 100 mil empregos diretos e movimentação de cerca de US$ 420 milhões, entre o mercado interno e as exportações.

“As chuvas provocam a diminuição da produtividade, da qualidade dos frutos, além da elevação dos custos de produção, principalmente da mão de obra, dos defensivos agrícolas e dos reparos nas máquinas e equipamentos que quebram ou são encharcados”, ressalta Flávio Diniz, gerente-executivo do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), acrescentando que no período de chuvas também é o comum o aumento de doenças e pragas nas plantas.

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O Sindicato dos Produtores Rurais explica que o excesso de água compromete o desenvolvimento das plantas, dificulta a fecundação e, no final da maturação, provoca a ruptura e a podridão das bagas. Em 2021, os produtores do Vale do São Francisco exportaram 75,1 toneladas de uvas e 245,7 toneladas de manga, segundo dados do Ministério de Relações Exteriores (MRE).

Efeito da precipitação não é o mesmo nas exportações

O presidente da Valexport (Associacao dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco), José Gualberto, confirma o prejuízo para os produtores da região, mas destaca que este efeito ainda não afetará as exportações de uva e manga, que têm movimentação no segundo semestre de cada ano.

Chuvas no Vale do São Francisco afetam produção de uva
Exportações não foram afetadas, pois acontecem no 2º semestre/Imagem: Sindicato dos Produtores Rurais do Vale do São Francisco/Divulgação

“Houve um volume de chuva fora do previsto. Normalmente as chuvas são mais intensas nos messes de março e abril. A nossa preocupação é que não haja chuvas mais intensas neste período – o que compensaria a precipitação fora de época. Os pomares que vão receber os produtos de exportação ainda não foram preparados”, explica Gualberto, destacando que 20% da produção são direcionadas para o mercado externo.

Acostumados às variações climáticas, com períodos longos de seca e temporadas de temperaturas mais amenas ou de forte calor, o presidente da Valexport destaca que a experiência de 60 anos de produção de frutas no Sertão tornaram os produtores mais adaptados às oscilações e mudanças climáticas, a partir da agricultura irrigada e do investimento em tecnologia e manejo.

Não obstante as perdas enfrentadas neste primeiro semestre, José Gualberto espera que haja uma recuperação até o final de 2022 e diz que mesmo com o dólar favorável às exportações, o aumento dos custos da produção acabam equilibrando o que seria uma vantagem para os exportadores de frutas neste momento.

“Na produção de vinho, a chuva interfere na qualidade da uva e facilita alguns vetores de doenças, principalmente fungos. Como neste segmento se trabalha com estoques, a expectativa é que essas perdas sejam compensadas na próxima safra. Já para as exportações de frutas, apesar de a cotação do dólar ser favorável, também tem impacto nos insumos, como defensivos e fertilizantes. Por isso procuramos trabalhar com maior eficiência, investindo em tecnologia, para conseguir maior produtividade”, finaliza.

* Com informações do Sindicato dos Produtores de Frutas do Vale do São Francisco


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