Por Patricia Raposo
Uma tecnologia revolucionária tem se espalhado pelos campos levando a IoT (internet das coisas) ao monitoramento de rebanhos, de plantios e mesmo de criações como a carcinicultura: a conectividade LoRa. Fruto da expressão em inglês “Long Range“, que em português significa longo alcance, LoRa é uma tecnologia de comunicação sem fio e funciona através de rádio frequência. Tem sido usada para a transmissão de dados, principalmente em locais de difícil acesso.
Esse tecnologia vem para revolucionar os campos, permitindo maior controle do que acontece com criações e culturas e ampliando a produtividade. “Essa é uma tecnologia que nos remete aos 60, mas funciona muito bem para o agronegócio, em regiões remotas, principalmente onde não há presença forte das operadoras de telefonia”, explica Clovis Lacerda, da Parlacom, empresa que atua com soluções integradas de M2M e IoT.
Esse retorno no tempo a que ele se refere se explica porque a LoRa é uma forma de conectividade que usa um roteador de banda estreita e frequência de largo alcance. Ou seja, é o inverso da banda larga. E, por isso, aceita apenas o tráfego de dados não muito pesados. “A LoRa tem a vantagem do baixo consumo de energia, eliminando a necessidade de constantes trocas de baterias e isso é bem apropriado para uso em grandes áreas, como numa fazenda”, explica o empresário.
Por isso, essa tecnologia tem sido usada para transmissão de dados como temperatura de animais, batimentos cardíaco, medição de pH da água, acidez do solo, entre outros. A LoRa propaga esses dados através de transmissores instalados nos postes da rede elétrica. “Na agropecuária, por exemplo, colocamos mini transmissor na orelha dos bovinos. O equipamento captura dados do animal, como temperatura ou batimento cardíaco, e envia a informação a uma central que poderá saber se uma determinada vaca está prenha ou mesmo doente. E, através da geolocalização, ela é facilmente encontrada para se fazer a intervenção necessária”, explica.
Clóvis explica que, atuar com essa tecnologia é necessário um tripé que considera a conectividade, o hardware e o software. “Em outras palavras, sistema LoRa promove a conectividade para que os sensores que estão no campo colham os dados e os envie a um receptor, onde serão minerados. Estamos falando de big data, um volume enorme de dados, que chega a cada instante, de centenas de animais, com informações diversas. É preciso se tirar deles o que interessa ao produtor, permitindo reduzir seus custos e aumentar seus lucros, ampliando seu potencial de atuar num mercado globalizado. Essa tecnologia nos permite tomar decisões inteligentes com esses dados”, explica Clovis, cuja empresa, a Parlacom, atua justamente na mineração dos dados.
Numa fazenda de camarão, o LoRa permite controlar o pH da água, seus nutrientes e temperatura, por exemplo. Na agricultura, os sensores são colocados no solo para medir o nível de nutrientes da terra, humidade ou a carga de fertilizantes. “São muitos os uso de IoT permitidos com a conectividade LoRa no campo”, explica.
Como essa tecnologia usa frequência pública, Clóvis analisa que a tendência para os próximos anos é cada produtor ter sua própria rede particular para transmissão de dados, sem necessidade de usar os serviços das operadoras, reduzindo seus custos. “Hoje, essa já é uma solução para localidades remotas, com difícil acesso às operadoras”, explica, lembrando que as redes privadas poderão cobrir de grandes propriedades, como complexos de geração de energia e até mesmo conglomerados de empresas, como o Porto Digital, na capital pernambucana, o conhecido polo de tecnologia do Recife.