Danny Barbosa Farias*
Que a pandemia acelerou diversos processos em todas as áreas empresariais não é novidade para ninguém, mas, será que no próprio setor de tecnologia a demanda tem sido suprida e atendida? Infelizmente, o contexto pandêmico somente destacou ainda mais a dificuldade de contratação na área, vivida principalmente por empresas que prezam pela digitalização e inovação em seus processos e ferramentas, como as famosas startups.
Segundo relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o déficit de profissionais nessa área pode chegar a 260 mil, até 2024. Isso acontece porque existe uma grande procura e necessidade no mercado e a quantidade atual de profissionais qualificados ainda é escassa. Na grande São Paulo, por exemplo, o aumento da oferta de postos de trabalho alcançou cerca de 600% na Catho, uma das maiores plataformas de empregos. Além disso, outra transformação desse mercado no último ano, foi a alta nos salários, que chegou a subir quase 30%, de acordo uma a Revelo, plataforma de recrutamento online.
Há algum tempo já era de se prever que isso aconteceria. Hoje, existem muitos estudantes da área de Tecnologia que logo serão juniores e nível pleno nas empresas e instituições. Em compensação, existem poucos profissionais mais experientes e sêniores, ocasionando um grande gap na área que tem tudo para acelerar nosso País. Ou seja, no momento, precisamos continuar a desenvolver e fortalecer a digitalização de nosso Brasil, tornando todos os processos cada vez mais digitais, com segurança, rapidez, acessibilidade e simplicidade. Porém, para isso, precisamos desses profissionais. Nesse sentido, capacitações, treinamentos e flexibilidade para garantir a ascensão do profissional dentro de casa são exemplos de atitudes que já podem acontecer.
Um levantamento recente da Brasscom, a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, identificou que, de janeiro a abril de 2021, foram gerados 52 mil novos postos de trabalho na área no Brasil – alta de 300% em relação ao ano passado. A solução para conter essa alta demanda e garantir que sua empresa não sofrerá com o gap de profissionais de tecnologia não está em nenhuma fórmula mágica. Agregar valor ao funcionário, acompanhá-lo em todas as etapas de seu crescimento e desenvolvimento e oferecer desafios e possibilidades constantes dentro da organização podem ser a saída que necessitamos. Hoje, quem tem vantagem nesse cenário são as maiores instituições, que conseguem oferecer salários mais atrativos, além do plano de carreira bem estabelecido, que enchem os olhos.
Outra forma de ajudar os funcionários a crescer e demonstrar reconhecimento por seu esforço é a expatriação, que consiste em enviar profissionais para trabalhar na unidade da mesma empresa em outro país, promovendo uma troca de conhecimento e culturas entre a equipe da unidade estrangeira e o novo colaborador. A mudança é super positiva e estimula o bem estar e qualidade de vida, o desenvolvimento, o aprendizado de uma nova língua e até mesmo destaca a nacionalidade brasileira globalmente, contribuindo positivamente para nossa reputação fora do país. Além disso, acontece um enriquecimento intercultural sem medidas, que traz diversos ensinamentos para ambos os lados.
Por conta de todos esses motivos, devemos sempre nos atentar como estamos atuando com nosso colaborador da área de Tecnologia. Afinal, é imprescindível identificar formas de reter talentos na área e ter paciência para ver o segmento crescer, como um processo, que aos poucos irá se consolidar e encontrar seu rumo no mercado brasileiro.
*Danny Barbosa Farias é Diretor de Tecnologia da Juntos Somos Mais, programa criado em 2014 pela Votorantim Cimentos para relacionamento e com proposta de desenvolver varejistas e profissionais, contribuindo, assim, para a sustentabilidade da cadeia por meio da geração de novos negócios.