Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Na 5ª elevação seguida, Copom sobe taxa Selic para 14,25% ao ano

O aumento da Selic favorece investimentos atrelados ao CDI, como títulos pós-fixados, que acompanham essa valorização de forma quase imediata
Banco Central Copom taxa de juros Selic
A taxa Selic está no maior nível desde outubro de 2016, quando também estava em 14,25% ao ano. Foto: Freepik/Reprodução

A alta do preço dos alimentos e da energia e as incertezas em torno da economia global fizeram o Banco Central (BC) aumentar mais uma vez os juros. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano. 

Além de esperada pelo mercado financeiro, a elevação em 1 ponto havia sido anunciada pelo Banco Central na reunião de janeiro.

Essa foi a quinta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde outubro de 2016, quando também estava em 14,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contração na política monetária.

Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e duas de 1 ponto percentual.

Taxa Selic e inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, ficou em 1,48%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o fim do bônus de Itaipu sobre a conta de luz e o preço de alguns alimentos contribuíram para o índice.

- Publicidade -

Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta do ano passado. Pelo novo sistema de meta contínua em vigor a partir deste mês, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.

No modelo de meta contínua, a meta passa ser apurada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em março de 2025, a inflação desde abril de 2024 é comparada com a meta e o intervalo de tolerância. Em abril, o procedimento se repete, com apuração a partir de maio de 2024. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo, não ficando mais restrita ao índice fechado de dezembro de cada ano.

Previsão do IPCA

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 4,5%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de março.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,66%, mais de 1 ponto acima do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 5,6%.

Crédito mais caro

O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Isso porque juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico.

No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 2,1% a projeção de crescimento para a economia em 2025.O mercado projeta crescimento um pouco menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,99% do PIB em 2025.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Taxas estáveis nos Estados Unidos

O Federal Reserve (Fed) manteve as taxas de juros dos Estados Unidos inalteradas no intervalo de 4,25% a 4,5%, segundo decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) anunciada nesta quarta-feira (19). Esta é a segunda reunião consecutiva em que o banco central dos EUA opta por não alterar os juros, após interromper o ciclo de cortes iniciado em setembro do ano passado, quando as taxas estavam entre 5,25% e 5,5%.​

A decisão já era amplamente antecipada pelos analistas do mercado, que observam as incertezas geradas pela política econômica do presidente Donald Trump, especialmente no que diz respeito à taxação de importações. O mercado prevê a manutenção das taxas atuais na próxima reunião do Fed, em maio, com expectativa de um possível corte apenas em junho.​

Impacto nos investimentos

Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, comenta que a grande expectativa agora está nas atas das reuniões dos bancos centrais, que podem indicar a continuidade do ciclo de alta ou uma pausa nas elevações. “Dessa vez, as explicações do colegiado serão cruciais para o mercado, ainda mais que existe um forte fluxo de capital estrangeiro na bolsa brasileira, que tem impulsionado ações e pressionado o dólar para baixo”, explica.

O aumento da Selic favorece investimentos atrelados ao CDI, como títulos pós-fixados, que acompanham essa valorização de forma quase imediata. No entanto, Cunha alerta que parte do mercado já precifica uma Selic próxima de 15% até o fim de 2025.

“O grande dilema é se o Banco Central vai elevar a Selic até 15% e, se isso ocorrer, por quanto tempo manterá essa taxa elevada. Esse fator será determinante para o comportamento dos ativos de renda fixa e variável nos próximos meses”, destaca.

Leia mais: Produção industrial cai em PE e cresce no Ceará e na Bahia

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -