
O Brasil encerrou 2024 com uma relação crédito-PIB de 54,5%, de acordo com o Banco Central, um aumento significativo em comparação aos 52,6% registrados em outubro de 2023. Embora essa taxa venha crescendo, ela ainda está abaixo do observado em economias mais desenvolvidas, como os Estados Unidos. De acordo com comparações internacionais do Banco Mundial, que incluem o mercado de capitais, a relação crédito-PIB nos EUA supera 190%, enquanto no Brasil esse índice é de 71,6%. O dado revela um grande potencial de expansão do mercado de crédito no país, o que poderia impulsionar o crescimento econômico e fortalecer o bem-estar social.
Essa métrica compara o saldo das operações de crédito com o tamanho do PIB, permitindo avaliar a importância do crédito para a economia. Em 2005, essa relação era de apenas 28%, ou seja, o índice praticamente dobrou desde então, ampliando o acesso a financiamentos para consumidores e empresas. Segundo Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), os birôs de crédito tiveram papel fundamental nesse avanço, aprimorando modelos de score, reduzindo assimetrias de informação e aumentando a transparência do setor.
Três fases do crescimento do crédito
Sfeir destaca três grandes períodos que marcaram essa evolução. A primeira foi entre 2005-2015, quando houve expansão acelerada do crédito, impulsionada por inovações como o crédito consignado e mudanças regulatórias. Os birôs ampliaram suas bases de dados, tornando a análise de risco mais precisa.
Depois, entre 2016-2018: Com a recessão econômica, o crédito foi restringido. No entanto, os birôs ajudaram a diferenciar perfis de risco, permitindo que o crédito fosse concedido de forma mais segura.
Já entre 2019-2024, o mercado se recuperou com novos programas e a implementação do Cadastro Positivo. Tecnologias como inteligência artificial e big data passaram a ser diferenciais nos modelos de análise de crédito.
Outro fator relevante para essa expansão foi a mudança no perfil da concessão de crédito. O volume destinado às Pessoas Físicas (PF) ultrapassou o concedido às Pessoas Jurídicas (PJ). Em 2007, o crédito para PF representava 14% do PIB, enquanto para PJ, 16,6%. Já em 2024, a fatia de PF saltou para 33,4%, enquanto PJ ficou em 21%. Essa transformação foi viabilizada pelo avanço da tecnologia nos birôs de crédito, permitindo maior inclusão financeira.
Perspectivas para o futuro
O futuro do mercado de crédito no Brasil será influenciado por novas regulamentações, como o marco de garantias e a lei do superendividamento. “Com o uso cada vez maior de dados alternativos sobre o comportamento do credor e modelos preditivos, os birôs de crédito continuarão impulsionando a eficiência e o acesso ao crédito no Brasil”, afirma Sfeir.
A Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) é uma entidade sem fins lucrativos que busca promover o desenvolvimento sustentável do crédito no Brasil. Representa os principais birôs de proteção ao crédito do país e integra associações internacionais do setor, como o ICCR do Banco Mundial, a ACCIS, a ALACRED e a BIIA. Além disso, participa do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Ministério da Economia, contribuindo para políticas de crédito e inclusão financeira.
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