A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) está tendo uma semana intensa, cujos resultados serão refletidos pelos próximos dois anos. Até a próxima quinta-feira (13), os blocos ou partidos terão que indicar os membros para as comissões da Casa, que são de extrema importância no processo legislativo. São por esses colegiados que os projetos começam a andar na Casa. Ou são barrados lá mesmo, caso não sejam acatados. Diferentemente de gestões passadas, nos dois primeiros anos do Governo Raquel Lyra as comissões têm servido de trincheira para os embates entre governistas e oposicionistas e isso tende a se intensificar, com a proximidade das eleições de 2026.
O Diário Oficial do Legislativo trouxe, na sua edição de sábado (8), a formação do blocão governista integrado pelos partidos PSDB, PRD, União Brasil, Solidariedade e a Federação PT/PV/PCdoB, que, juntos, têm 20 deputados estaduais. Foi uma articulação feita com a participação da Casa Civil do Palácio do Campo das Princesas e celebrada como um xeque-mate na oposição, pois há maioria para comandar as principais comissões da Casa. A aliança também cela uma paquera entre o Governo e o PT, que já se fortalecia a cada votação dos projetos de interesse da gestão Raquel Lyra na Casa.
O blocão também ajudou a barrar um outro movimento que começava a ser articulado na Alepe. O PP, que fazia parte do colegiado, decidiu seguir caminho próprio, buscando aliança com outra legenda, o que acarretaria vagas importantes nas comissões. Não conseguiu ampliar as parcerias e corre o risco de ficar empastelado entre grupos maiores.
Oposição na Alepe se movimenta
Observando a jogada governista para fazer o seu lance, a bancada de oposição, liderada pelo PSB, usa o silêncio como seu aliado. Na reta final de composição dos blocos, age nos bastidores para desmontar o blocão governista e com requintes de crueldade.
Horas depois do encontro entre o prefeito do Recife e virtual candidato ao Governo em 2026, João Campos, e Miguel Coelho, com direito a fotos e declarações sobre o futuro de Pernambuco nas redes sociais, o União Brasil anunciou como presidente estadual da legenda o ex-prefeito de Petrolina. A senha foi dada para a mudança na composição do maior bloco da Casa.
Até governistas acreditam que a União Brasil deve deixar o blocão. Alguns apostam, até, que a legenda ingressará no colegiado formado pelo PSB, Republicanos e PSOL. Essa formação garantiria 20 deputados, tornando-se o maior grupo da Casa. A ironia, nesse caso, é que a líder do Governo na Alepe, Socorro Pimentel, integra os quadros do União Brasil.
Esse movimento, embora ainda no campo da hipótese, poderia forçar o retorno do PP ao colegiado governista, que ele abandonou há poucos dias. Seria a retomada de uma aliança estratégica, para fazer frente a um eventual avanço da oposição.
Como as comissões são formadas por número ímpar de deputados, o voto de minerva nelas será dado pelo PL, única sigla que não deverá fazer parte em nenhum dos blocos. Foi governista no início da gestão de Raquel Lyra, mas na maioria das vezes seus integrantes votaram contra a administração estadual.
Ou seja, os próximos dias serão de muita tensão e articulação nos corredores da Casa de Joaquim Nabuco, com Governo e Oposição lançando mão de todas as suas armas para garantir a maioria nas comissões. Com a proximidade das eleições, elas poderão servir de palco dos embates prévios de 2026.
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