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Taxação do aço e alumínio pelos EUA impacta exportações do Brasil

EUA Elevam Tarifas sobre Aço e Alumínio para 25%. A decisão amplia as preocupações sobre possíveis retaliações comerciais de outros países
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Sem taxação,os EUA compraram 49% do total do aço exportado pelo Brasil em 2024. Foto: Vale/Arquivo

Matéria modificada às 20h30

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (10) a elevação das tarifas sobre importações de aço e alumínio, aumentando a taxa de 10% para 25%. A decisão, que não prevê isenções ou exceções, amplia as preocupações sobre possíveis retaliações comerciais de outros países.

A medida já havia sido antecipada por Trump em conversa com repórteres a bordo do Air Force One no dia anterior. O republicano também indicou que novas tarifas recíprocas serão divulgadas entre terça-feira (11) e quarta-feira (12), entrando em vigor quase imediatamente.

Esse aumento tarifário reforça a postura protecionista da atual administração americana e pode intensificar tensões comerciais com parceiros estratégicos.

O governo brasileiro aguardava o governo dos Estados Unidos (EUA) oficializar a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio para se manifestar sobre o tema, assim como anunciar medidas em resposta ao aumento dos custos para exportar esses produtos para o país da América do Norte  

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O país da América do Norte é o maior comprador do aço brasileiro. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, em 2022, os EUA compraram 49% do total do aço exportado pelo país. Em 2024, apenas o Canadá superou o Brasil na venda de aço aos Estados Unidos.

No caso do alumínio, a dependência dos EUA é menor. O país foi o destino de 15% das exportações de alumínio do Brasil em 2023. O principal comprador do alumínio brasileiro é o Canadá, que absorveu 28% das exportações desse produto naquele ano. Os dados são da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi questionado se o governo discute taxar, em retaliação, as big techs – as gigantes da tecnologia, como Google, Meta e X. Haddad respondeu que o governo vai “aguardar a orientação do presidente da República depois das medidas efetivamente implementadas”.

Reciprocidade na taxação

Em entrevista a rádios mineiras na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil tem direito de usar a lei da reciprocidade. “Para nós, o que seria importante seria os EUA baixarem a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas, se ele e qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós iremos taxá-los também. Isso é simples e muito democrático”, disse Lula.

Durante o seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas sobre o aço e o alumínio, mas concedeu depois cotas de isenção para parceiros, incluindo Canadá, México e Brasil, que são os principais fornecedores desses produtos.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Carlos Delorme Prado afirmou que a taxação deve ter impacto nos setores atingidos, mas não deve causar maiores problemas para o conjunto da economia.

“Embora a taxação seja muito importante para essas indústrias, para o conjunto da economia brasileira o impacto não é tão grande assim. O Brasil vai ter que redirecionar essas exportações, ou então, o que eu acho mais importante, tentar aumentar o consumo doméstico de aço. O Brasil tem alternativas. É diferente do México e do Canadá, que são muito mais dependentes do mercado americano”, explicou Prado.

O especialista acrescentou que o impacto será menor para o setor do alumínio. “O setor pode sofrer indiretamente porque as exportações de produtos de alumínio do Canadá para os Estados Unidos podem cair, isso pode afetar as exportações brasileiras para o Canadá. Mas, de qualquer maneira, o impacto é menor”, completou.

Caso a taxação resulte em queda na produção desses produtos no Brasil, haverá perda econômica, de produtividade e de empregos nesses setores e nas demais áreas interligadas ao aço e ao alumínio, avaliou o economista, doutor em relações internacionais e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena.

“No Brasil, você vai ter uma diminuição da fornalha, diminuição da cadeia produtiva e essa diminuição termina gerando queda da produção, que significa dispensa dos funcionários, queda do faturamento e até mesmo impacto na nossa balança comercial, com reflexos sobre o PIB”, comentou.

Leia mais: Mesmo comprando mais do que vende, Brasil deve sofrer com tarifaço de Trump

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