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Efeito DeepSeek: inovação chinesa pode frear investimentos bilionários em IA

O lançamento do DeepSeek-R1 gerou um impacto significativo no mercado financeiro, com queda das ações da Nvidia, principal fornecedora de hardware para IA
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IA: disputa entre EUA e China fica acirrada/Imagem de enio por Pixabay

A startup chinesa DeepSeek surpreendeu o mundo da tecnologia ao lançar seu modelo de inteligência artificial, o DeepSeek-R1, que rivaliza com os principais modelos americanos, utilizando recursos significativamente menores. A empresa afirma ter investido apenas US$ 5,6 milhões no treinamento do modelo, valor substancialmente inferior aos gastos de gigantes como OpenAI e Google. E isso pode fazer com que investidores recuem em suas intenções de financiar projetos caros de IA.

Não à toa, o lançamento do DeepSeek-R1 gerou um impacto significativo no mercado financeiro. As ações da Nvidia, principal fornecedora de hardware para IA, registraram uma queda de mais de 11% no pré-mercado da Nasdaq, refletindo a preocupação dos investidores com a possibilidade de métodos mais eficientes reduzirem gastos com hardwares.

De acordo com Filipe Calegario, professor adjunto do Centro de Informática da UFPE, a DeepSeek adotou abordagens inovadoras, como o aprendizado por reforço, permitindo que o modelo desenvolva um “encadeamento de pensamento” de forma emergente durante o treinamento. Além disso, utilizou a técnica de destilação, onde um modelo mais simples é treinado a partir das saídas de um modelo mais complexo, contribuindo para a redução dos custos de desenvolvimento.

“É interessante esse movimento agora, esse derretimento dos valores da bolsa, das ações da Nvidia, porque a Nvidia é a principal fornecedora de hardware. E o que está acontecendo agora indica que esse valor todo que está sendo investido aí pode ser questionado. E aí o investidor pensa nisso, pensa que o custo vai cair, pensa em reduzir investimentos. “, analisa Calegario.

O que chamou atenção do mercado é o fato de uma empresa chinesa relativamente pequena conseguir, com recursos limitados e equipamentos defasados, treinar modelos que alcançam níveis de desempenho semelhantes aos das maiores potências tecnológicas.

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No entanto, analistas expressam ceticismo em relação aos números apresentados pela DeepSeek. Há questionamentos sobre os custos reais de implementação e a capacidade da empresa de replicar esses resultados em larga escala.

Filipe Calegario
Filipe Calegario/Foto: divulgação

“Os valores de treinamento do modelo, algo em torno de US$ 5 a 6 milhões, são questionáveis. Parece que desconsideraram os custos com pesquisa e desenvolvimento, focando apenas no uso do hardware. Mas, tudo vindo da China, a gente tem que ter muito cuidado para entender, porque esses valores podem estar subestimados. A gente não tem muitos detalhes dessa empresa. Não é uma empresa conhecida, grande. É uma empresa que está despontando nesse cenário de open source”, diz o professor.

A DeepSeek, sediada em Hangzhou, foi fundada por Liang Wenfeng, cofundador do fundo de hedge High-Flyer. Nascido em 1985 em Zhanjiang, Guangdong, formou-se em Engenharia de Informação Eletrônica pela Universidade de Zhejiang. Em 2015, ele cofundou o High-Flyer, um fundo de hedge quantitativo que utiliza inteligência artificial para estratégias de investimento. Posteriormente, em 2023, Liang fundou a DeepSeek como uma extensão de suas iniciativas em IA, com foco no desenvolvimento de modelos de linguagem de grande escala.

O lançamento da IA chinesa ocorre em um contexto de tensões geopolíticas. Durante o governo Biden, os Estados Unidos reforçaram sanções que restringem a exportação de chips avançados para a China, dificultando o acesso do país asiático a tecnologias de ponta. “A frase que mais escuto nessas notícias é que a necessidade é a mãe da invenção. A China, com acesso restrito a hardware avançado, está provando que dá para otimizar o que se tem”, reflete Calegário.

Com hardware limitado e uma abordagem pragmática, a DeepSeek representa uma nova maneira de pensar o desenvolvimento de inteligência artificial, destacando-se em um mercado dominado por players gigantescos. “Essa situação é um ótimo exemplo de como as limitações podem ser transformadas em oportunidades. A China está mostrando como se reinventar, e isso vai forçar o setor a repensar suas estratégias de investimento e inovação”, conclui o professor.

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