A empresa Gás Verde iniciou a construção de uma planta de biometano que vai substituir a térmica a gás natural no Centro de Tratamentos de Resíduos CTR Igarassu, que é gestora do aterro. A previsão é de que o ínicio da operação ocorra no segundo semestre de 2026. A empresa não revelou o valor do investimento.
A Gás Verde opera a planta de biogás, mas não pertence a mesma empresa que gerencia o CTRN Igarassu. A planta de biometano terá capacidade para produzir 38 mil metros cúbicos por dia. O produto será usado por indústrias da região que pretendem descarbonizar as suas atividades e frotas da região.
O CTR Igarassu recebe cerca de 50 mil toneladas de resíduos por mês, que são a matéria-prima para a produção do biogás, realizada no local. O biogás contém 50% de
metano — um gás com potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o CO2. Os resíduos orgânicos que chegam ao CTR Igarassu são coletados em 25 municípios.
Recentemente, a planta de biometano do aterro de Igarassu recebeu o incentivo do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) concedido pelo governo federal. O programa autoriza o empreendimento a suspender as contribuições do PIS/Pasep e Cofins sobre o aluguel de equipamentos “para sistema de valorização energética e manutenção”, segundo informações do Ministério de Minas e Energia (MME).
A estimativa dos valores de bens e serviços sem incidência dos tributos isentos no Reidi é de R$ 91,94 milhões, de acordo com o MME. Outros R$ 100,9 milhões, que fazem parte do projeto, não terão direito ao regime diferenciado.
A empresa informou, em nota, que o Reidi é fundamental para impulsionar projetos de infraestrutura e a produção de energia renovável no Brasil, pois oferece incentivos fiscais que reduzem os custos de implantação de projetos, que são altos, tornando-os mais viáveis.
A Gás Verde e o biometano
Uma das maiores produtoras de biometano da América Latina, a Gás Verde atua em seis Estados brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Maranhão com duas plantas de biometano e dez usinas de energia elétrica a partir de biogás que serão transformadas em plantas de biometano.
A produção média da Gás Verde é de 160 mil metros cúbicos por dia de biometano. “Temos um plano robusto de investimento para converter nossas dez térmicas a biogás em plantas de biometano em seis estados brasileiros, entre elas a usina de Igarassu, em Pernambuco, o que vai nos permitir atender novos mercados. Com isso, vamos passar a nossa produção dos atuais 160 mil metros cúbicos por dia para mais de 600 mil metros cúbicos por dia até 2028”, diz o CEO da Gás Verde, Marcel Jorand.
A empresa deve alcançar a produção de mais de 600 mil metros cúbicos por dia até 2028. A corporação também disponibiliza aos clientes o BIORec, o primeiro certificado de biometano a partir de resíduos sólidos urbanos do Brasil.
O biometano se destaca por ser um combustível 100% renovável e de grande potencial de crescimento no Brasil, que assumiu compromissos de redução das emissões de 30% de metano até 2030 e de 48% de todos os gases de efeito estufa até 2025, segundo o Acordo de Paris.
“Grandes empresas têm metas ambiciosas de redução de emissão e cada vez mais procuram soluções ambientais efetivas, dada a emergência climática que vivemos. E o biometano tem sido visto como a melhor alternativa para descarbonizar suas operações”, comenta Marcel Jorand.
Atualmente, o Brasil produz pouco mais de 400 mil m³ por dia de biometano. O País tem um potencial para produzir até 120 milhões de m³ por dia, numa estimativa da Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (Abiogás). Essa quantidade supriria 70% da demanda nacional de diesel.
A Gás Verde fornece biometano para grandes indústrias de diferentes setores, como Haleon, Saint Gobain, L’Oréal e Ternium. A fábrica da Ambev em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro, foi a primeira cervejaria do Brasil movida 100% a biometano e é cliente da empresa.
A companhia tem outra linha de negócios voltada para frotas, abastecendo 100% dos veículos inbound (da fábrica até o centro de distribuição) da L’Oréal em São Paulo. Também fornece o biometano para 30 postos de combustíveis no estado do Rio.
E, por último, a empresa está implantando uma planta de purificação de CO2 verde ao lado
da unidade de biometano em Seropédica (RJ), que vai entrará em operação no fim de 2025, com capacidade para produzir 100 toneladas por dia de CO2 verde, que apresenta 99% de grau de pureza.
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