A safra (2024/2025) da cana-de-açúcar cresceu 2,2% no Norte e Nordeste, comparando com a quantidade de planta colhida até 30 de novembro último, sendo processadas 35,86 milhões de toneladas da planta. As duas regiões já realizaram aproximadamente 59% da moagem. A expectativa é que a atual temporada agrícola chegue ao final com uma colheita um pouco menor do que a prevista por causa da falta de chuvas regulares, numa previsão da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio).
Ainda de acordo com a NovaBio, não deve haver impacto na fabricação dos produtos pois está ocorrendo uma concentração maior de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana. A quantidade de ATR é um indicativo da quantidade de matéria-prima a ser transformada em açúcar e biocombustível. O que fez aumentar a quantidade de ATR foi uma maior exposição da planta ao sol.
Pelos cálculos do presidente-executivo da NovaBio, Renato Cunha, os níveis de sacarose extraídos da planta devem crescer em média entre 8 e 12 quilos por tonelada somente na região Nordeste. “Por isso, a safra será um pouco menor, mas com a fabricação de produtos finais em maior volume do que no ciclo 2023-2024”, explica o executivo, que também é presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE). Em Pernambuco, a safra pode ter uma redução entre 5% e 8% devido a irregularidade das chuvas.
Dos 35,86 milhões de toneladas colhidas, estão no Norte 7,12 milhões de toneladas e 28,73 milhões no Nordeste. O Norte encerrou a safra e no levantamento desta região estão incluídos os Estados do Maranhão e Piauí na classificação realizada pelo ministério da Agricultura. Os outros sete Estados do Nordeste compõem a classificação do Nordeste (também pelo Ministério da Agricultura ) com relação à safra da cana-de-açúcar por terem um tempo de colheita parecido, começando, geralmente, em agosto/setembro e com o término em março. As duas regiões devem apresentar o seguinte mix de produtos: 52% de etanol e 48% de açúcar.
“A pluviosidade irregular observada, pelo menos até este mês de dezembro, deverá diminuir a moagem total de cana em torno de um milhão de toneladas em relação ao volume projetado até o final desta safra, inicialmente estimado em 63 milhões de toneladas. Em compensação, a seca elevou o ATR, a riqueza da cana”, afirma Renato Cunha.
Mais informações da atual safra
A NovaBio reúne 35 usinas de processamento de cana em 11 estados brasileiros. Um levantamento feito pela entidade revela que a fabricação do etanol hidratado, disponível nas bombas para abastecer veículos flex, aumentou 27,9% atingindo 933,5 milhões de litros, contra 729,7 milhões de litros produzidos na safra passada.
No mesmo período, a produção açucareira foi de 2,18 milhões de toneladas, superando em 18,2% os 1,84 milhão de toneladas no final de 2024. O Nordeste deverá continuar a exportar cerca de 62% de sua produção de açúcar, principalmente pelos portos de Maceió (AL), Recife (PE) e Suape (PE) e em menor escala, João Pessoa (PB) e Natal (RN).
Na produção de etanol anidro, que é misturado à gasolina, houve queda de 25,9% em comparação à safra anterior. “Esta queda reflete a imprevisibilidade das políticas de competitividade e precificação dos combustíveis no Brasil. Em um país que tem o potencial para liderar a transição energética global, cujas premissas básicas demandam soluções sustentáveis para o setor de transporte, é preocupante a falta de regras que garantam maior competitividade ao etanol de cana, de origem renovável”, argumenta o executivo da NovaBio e Sindaçúcar-PE.
Até 30 de novembro, a produção de cana por estado alcançou os seguintes patamares (em milhão de toneladas): Amazonas (0,36); Maranhão (2,14); Pará (1,24), Piauí (1,13); Tocantins (2,25); Alagoas (9,10); Pernambuco (7,58); Bahia (4,41); Paraíba (4,33); Rio Grande do Norte (2,14) e Sergipe (1,19). Nas duas regiões, o maior produtor da planta é Alagoas, seguido por Pernambuco.
*Com informações da NovaBio
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